Há precisamente dez anos, numa célebre entrevista a Margarida Marante - ainda é viva? -, Durão Barroso, então candidato à liderança do PSD, dizia que estava ali porque era essencial "não entregar o ouro ao bandido". O cinismo do protagonista e as graçolas frias com que brindava as audiências acabaram por se virar contra ele. Dez anos depois, está descoberto o verdadeiro "bandido" daquela "história", numa curiosa antecipação autobiográfica. Sabe-se hoje que Barroso foi o maior "barrete" enfiado pelo PSD. Salvou do anonimato o "pequeno partido" à sua direita - termo por que tratava o PP no congresso de Tavira -, recuperou Santana Lopes para seu "número dois", alguém verdadeiramente sempre por ele detestado e "acabou" com ele ao chamá-lo para lhe suceder. Por fim, abandonou o barco quando intuiu o inevitável afundamento. Não merecia francamente a cargo que exerce a seu exclusivo benefício pessoal. Como bom "bandido", escapou ao julgamento no partido e no país. Por isso a disputa está agora reduzida a uma medíocre diatribe entre dois pequenos galos de uma velha capoeira. A rendição quase unânime da nomenclatura - a nobre e a plebeia - ao nome de Marques Mendes, diz quase tudo acerca do que se pode esperar dali nos próximos tempos. Nem a moção "intelectual" de Borges salva nada. São os mesmos de sempre que lá estão, atrás do biombo representado pela "nova esperança" tecnocrática que, a seu tempo, Marcelo se encarregará de destruir sumariamente. É preciso, portanto, dar um nome à coisa e não deixar o vexame do Pombal exclusivamente nas mãos de Santana Lopes. Este entertainer limitou-se a cumprir um papel que há muito lhe estava reservado pelo seu velho amigo de Bruxelas, o verdadeiro "bandido" desta triste história sem ouro nem glória.
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