5.9.10

PUXA-SE MAS NÃO DÁ MAIS

Sócrates apenas trocou de calçadão. Passos substituiu-o por uma sala de hotel. Mas o "espírito" foi o mesmo - popularucho, trivial, mal encenado, de farsa. Os líderes dos dois maiores partidos nacionais (um deles 1º ministro) persistem num estúpido jogo floral o qual, dada a debilidade de pensamento dos principais intervenientes, ressuma a mau fingimento. Na realidade, ambos representam perfeitamente a maioria do "povo" e, num certo sentido, estão bem onde estão. Como se tem visto nos últimos dias, temos tudo o que merecemos. Tivemos e merecemos Salazar. Temos e merecemos Sócrates e Passos. Só mudou a "atmosfera do regime"*. Razão tinha o "provinciano mesquinho": a gente puxa mas não dá mais.

*«Um homem com cerca de 30 anos, residente em Santiago do Cacém, foi impedido de entrar no recinto do comício e chegou mesmo a ser agredido pelos elementos da segurança pessoal de Sócrates. O homem anunciou que ia falar com a ministra da Saúde, Ana Jorge, mas como se mostrou exaltado foi travado pelos seguranças. Insistiu várias vezes e a PSP foi chamada ao local. O homem foi detido por perturbação do evento e conduta indecente. Ainda resistiu à detenção e teve de ser algemado.»

5 comentários:

Garganta Funda... disse...

Dr. João:

As suas observações são certeiras.

Incrivelmente certeiras.

A culpa destes tempos de abutres não é do Sócrates, nem do Passos, nem de qualquer outro poltrão da República.

A culpa é essencialmente do Povo Português que quer viver bem sem trabalhar; que quer continuar a viver na ilusão alimentada por um decrépito e insolvente «estado social»; que não valoriza o trabalho, o mérito, a competição e a empresa.

A culpa também é das pretensas elites académicas, intelectuais, sociais e económicas que se renderam cobardemente à social-medicocracia, ao embuste, à corrupção cultural e de costumes, ao chico-espertismo saloio duma mafiosa classe politica.

Hoje em dia, Portugal é uma escarradeira.

Toda a gente escarra lá pr'a dentro!

Zé Rui disse...

Ora ai está!! O titulo do seu Post caracteriza Portugal na sua plenitude: Puxa-se, mas não dá mais!!!!

Não sei se estamos a pagar os tempos do Salazarismo (como sugeria hoje VPV), ou se Salazar olhou à volta e rapidamente concluí: Este povo não dá mais.....

floribundus disse...

'o entertainer Marcelo' disse que
o governo está em 'piloto automático'

Anónimo disse...

Porquê os tempos do salazarismo e não ir bastante mais atrás?
Será que tudo se resume à "longa noite fascista" ou, como se trata de uma questão diria genética, as suas origens não serão muito mais antigas?
Sincera e modestamente acho que, tirando excepções episódicas (basta conhecer um pouco da nossa História), o nosso problema é muito mais profundo e, pior, insolúvel e que estes patéticos dirigentes actuais estão ao nível do povo que representam, aliás só assim se justifica a sua patética existência.

Anónimo disse...

O provinciano mesquinho cometeu a sua dose de erros. Chega a ser "pequeno", a esta distância e sabendo nós o que podemos saber hoje, falar-se assim com tanta facilidade dos erros de Salazar. Espantou a minha jovem e ignara cabeça, durante bastante tempo, a explosão e a pulverização de partidos, partidinhos e partidecos que se deu logo após o 5 de Outubro de 1910 - sendo o exemplo acabado o Partido Republicano, uno quando D. Carlos reinava, mas fracturado em 3 (três!) ao fim de pouquíssimo tempo. Ao beco-sem-saída da Democracia bipolar (+1) e do liberalismo, seguiu-se a maior balbúrdia ideológica e partidária depois. O mesmo aconteceu depois de 1974 - mas aí mais entendível, pois antes apenas a UN podia existir sem ser incomodada (mesmo assim, apenas exumada por Salazar quando "fazia falta" sendo logo depois remetida convenientemente à naftalina). Muito provavelmente, Salazar fez o melhor dos diagnósticos a este triste mas sorridente povo. Provavelmente, nenhum sistema funciona bem cá. Provavelmente, sempre que importamos um sistema de governo e de sociedade, estamos condenados ao insucesso. Tudo se nos falha nas mãos, como fósforos. Se Sertório não tivesse mandado traír e assassinar Viriato, seria sobre este último que teriam pesado os fardos da governação desta tribo de Vaqueiros da Serra; e provavelmente a frase "não se governam e nem se deixam governar" seria da autoria do nosso Herói.
O País está sempre à espera de alguém "que resolva": Henriques, Sebastião, Pombal, Fontes, Sidónio, Salazar, "a liberdade", "a democracia", a CEE, Cavaco, a "União", os fundos estruturais, o dinheiro-que-não-é-nosso, o dinheiro-a-fundo-perdido, o empréstimo, a linha de crédito, o cartão do mesmo, Liedson, etc, etc. No fundo, andamos há demasiado tempo de mão-em-concha - mas exigimos a vida de um lorde, como se de um direito divino e óbvio se tratasse. Pedimos emprestado para viver, mas achamos estranho e revoltante que quem nos emprestou nos exija pagamento com os devidos juros. Esperamos demasiado. Desta maneira, é apenas natural que em vez de merecer liberdade e prosperidade, mereçamos sim chibatadas.

Ass.: Besta Imunda