28.9.10

Ó COUSAS, TODAS VÃS


Já não confio nem creo,
Já confiei e já cri:
mal assi, e mal assi.


Ó cousas, todas vãs, todas mudaves,
Qual é tal coração qu'em vós confia?

Sá de Miranda

(«A arte poética de Sá de Miranda, que aflora logo como um sopro novo nos seus poemas «tradicionais» do
Cancioneiro Geral, é precisamente esta, de que não digamos que estamos isentos, apesar de os suicídios expiatórios de Antero e Sá-Carneiro terem propiciado a heteronímia, conservada em álcool até aos limites do fígado, de Fernando Pessoa: a arte, dolorosa e triste, de ser moderno em Portugal.»
Jorge de Sena)

1 comentário:

Anónimo disse...

O tema das "cousas...mudaves" é muito da época,veja-se o Camões com o "Mundo composto de mudança".etc. Nesse tempo,a mudança inspirava temor,receio,do que hoje chamaríamos de instabilidade. Mas no nosso actual tempo não é precisamente a mudança que faz falta e a permanência que assusta?