«O diagnóstico e as medidas apontavam, em geral, não para uma ruptura com o capitalismo, mas para a sua moralização, ou mesmo - no dizer de alguns - para a sua refundação. Mas pouco se fez. É certo que os Estados Unidos avançaram com nova legislação financeira, e que a União Europeia anunciou agora algumas medidas para 2011… Mas o escândalo dos bónus, com pequenas limitações, continuou; as taxas sobre os bancos são simbólicas e provisórias; o enquadra- mento das agências de rating espera melhores dias; o novo Bretton Woods reduziu-se a um reforço do FMI. Dois anos depois do anunciado regresso do Estado, é uma evidência que isso não aconteceu, e que, por paradoxal que tal possa parecer, não foram os Estados que se impuseram, foi a finança que venceu a partida. Na verdade, não se introduziu nenhuma mudança ou transformação profunda ao nível da economia mundial. (...) O que é cada vez mais evidente, é que o motor do crescimento ocidental gripou em 2008. Evitou-se então um provável colapso, mas com consequências que talvez ainda ninguém tenha conseguido avaliar completamente. E depois do susto caminha-se agora, como há dias dizia Eric le Boucher, para uma grande e inevitável desilusão, em que vai ser preciso enfrentar as consequências de uma prolongada era de incipiente crescimento. Ora, com um tal cenário, como contrariar a desmoralização, como evitar a contínua erosão da confiança? É da resposta a esta questão que, no futuro, dependem todas as políticas. O que é duvidoso é que essa resposta venha do passado…»
Manuel Maria Carrilho, DN
3 comentários:
Ainda estou para descortinar o porquê da sua fixação com MMC. A análise que ele faz das relações de poder na sociedade chega geralmente às mesmas conclusões que as correntes marxistas, anarquistas clássicas e situacionistas, niilistas e por aí foristas. Os neoconeiros que queriam o capitalismo sem os seus inconvenientes, é isso?
Quando fala em "o motor do crescimento ocidental gripou" o MMC estará a incluir os EUA?
"Nenhuma transformação se deu na economia a nível mundial" porque pura e simplesmente os vários governos desistiram há muito de governar verdadeiramente; principalmente na "europa" em que cada vez mais, por inércia e cobardia, se têm limitado a gerir em vez de governar. As queixinhas e a submissão cómoda à rapaziada do dinheiro, assim como a vontade de largar assuntos cada vez mais desconfortáveis, transformaram a política num ofício ainda mais sujo, em que tudo é tratado em "agências" e a pensar ainda mais em eleições - mais não querendo que manter uma podridão estável e sem rasgo. As autonomias e as "independências" acabaram por vontade ou traição simples de escumalhas políticas. Os patriotismos são mal-vistos; os nacionalismos diabolizados; as culturas estáveis e de inspiração cristã são ridicularizadas em favor (porquê???) da selvajaria islâmica, contra a qual ninguém ousa verdadeiramente levantar a voz. A China, o novo prestamista do mundo, é um sinistro local - mas bom para comprar dívida e fechar negócios catitas. O Irão é um depósito de criminosos, mas tratado amavelmente com pinças - para não ferir a sensibilidade dos meninos. A liberdade no Ocidente acabou. Todos aqui fogem de ferir os sentimentos do terceiro-mundo-do-crescimento-em-flecha. Os dados estão viciados; os salários da europa e da américa jamais conseguirão competir com chibatadas e malgas de arroz. O fim do proteccionismo (que existia também a pretexto da civilização e da democracia) foi o fim da prosperidade europeia. São os bancos que mandam nos países; melhor, são os bancos que dominam os partidos e os chefes - veja-se sócrates. Como seria de esperar que algo mudasse?
Ass.: Besta Imunda
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