Alguns alvoraçados "ocidentalistas" policiaram as palavras de posts anteriores sobre o "11 de Setembro". Como de costume, não perceberam nada. Estão ao nível daqueles que nunca conseguiram pronunciar a palavra terrorismo. Em primeiro lugar, gosto dos EUA e tenho pena de não viver lá. É um país complexo, contraditório, livre nos costumes, mesmo quando o puritanismo espreita, e tem praticamente tudo o que aprecio. Por isso mesmo, por gostar dos EUA, não posso estimar George W. Bush o que, imagino, não me remete imediatamente para as montanhas do Afeganistão. Repare-se que, ainda ontem, o presidente prometeu - não faz outra coisa desde a vulgaridade texana do "dead or alive" de há cinco anos - "apanhar" o misterioso Bin Laden que, pelos vistos, ele sabe que está vivo. Duvido que os americanos liguem a uma palavra que W. Bush profira sobre terrorismo ou sobre outra coisa qualquer. Depois, até um cego vê que a irresponsável cruzada no Iraque e o recente flop israelita "nos" - digo "nos", a nós, ocidentais, cristãos ou não cristãos, católicos ou não católicos, judeus ou não judeus, muçulmanos ou não muçulmanos - diminuiu perante o imprevisto representado pelas mochilas e pelos homens-mártires. É que enquanto nós fomos educados no temor pela morte, há por aí milhões de pessoas espalhadas pelo mundo - o tal mundo que os "ocidentalistas" furiosos não enxergam - que não pensam assim e que agem em conformidade. Aliás, os mais perigosos foram criados a preceito no ocidente e têm nacionalidades tão insuspeitas como a norte-americana ou uma qualquer europeia. Não são, como os teóricos da casta pobreza revoltada proclamam, lumpen. Finalmente não sou adepto de Porto Alegre, nem desfilei ou berrei nas ruas contra a invasão do Iraque, e acredito tanto no "islão moderado" como nos "ocidentalistas" de última hora. Toda a "nata esclarecida" escarneceu de Mário Soares no seu confronto com Pacheco Pereira, na RTP. Se há alguém neste país da treta que não pode ser acusado de "anti-americanismo" é Soares. No tempo em que muitos destes "ocidentalistas" nervosinhos ainda andavam de cueiros a puxar pelo "marxismo-leninismo-maoísmo-estalinismo" para Portugal, Soares não hesitou, o que lhes permite agora disparatarem à vontade. O que Soares não gosta - e muito bem - é de W. Bush e do enredo trapalhão em que ele nos enfiou. Pode nem sempre ser feliz ou exacto nas formulações, porém, no essencial desta matéria, tem razão. Foi um gosto, para o sentimento de um verdadeiro ocidental, tê-lo revisto.
18 comentários:
Concordo.
Se me permite, faço minhas as suas palavras.
Soares, no essencial, não tem razão...
Soares:
o regresso do velho leão.
Z
Touché! Bravo, meu caro.
««««Toda a "nata esclarecida" escarneceu de Mário Soares no seu confronto com Pacheco Pereira, na RTP»»»»
Nata azeda, presumo.
Meteu dó o homenzinho
Quem disse ao Horácio Azevedo que (ele mesmo) tinha razão? Que arrogância, Horácio!
Dum modo geral concordei com o que disse Mário Soares, e quem me dera estar como ele (capacidade de reciocínio) se chegar à idade que ele tem.
Bem!(como diria Soares), isso da nata parece que faz mal ao colesterol. Não seria melhor tentar saber o que pensam os desnatados? No meu caso concreto, que não acredito em bruxas, dou por mim às vezes a fazer figas. Pouco racional, segundo diz o Pacheco Pereira, naquela pose de pregador apocalíptico de quem recorre à teoria do eixo do mal.
Mais uma vez, brilhante.
É triste verificar que aqueles que andaram em tempos a ameaçar o país pela extrema-esquerda, dele se tenham conseguido apoderar num golpe de rins para a direita. Ora, para essa nata azeda não é uma questão de esquerda ou de direita, mas de seguir impulsos totalitários, independentemente dos amos que se veneram em determinada altura. Por isso MS é tão mal-querido entre essa gente.
Bem postado amigo. Concerteza que Mário Soares não andará por aí em apariçõs públicas muitas vezes, mas quando o fizer, ouçamo-lo, mesmo que não gostemos dele. É dos poucos neste país que nos pode ensinar como é, sem nos fazer perder tempo. O Pacheco Pereira, verborreico, eclipsou-se num argumentário velho e revelho. Ele sim é que se pode retirar. Não tem nada a dizer de novo. Coragem, é preciso coragem e muita, muita confiança no Mundo para tomar, publicamente, a posição que Mário Soares assume numa questão fracturante que, espero, se resolva na primeira metade deste século. Com Bush fora e, com o virar da página que Gore ou a Clinton representam na futura presidência dos EUA. Vamos torcer para que assim seja, porque o mundo ocidental e o mundo arabe, precisam urgentemente que aquele senhor desapareça. Até o Estado de Israel cambaleou..... Sharon fez falta, quem diria. Respiraremos de alívio com o fora do Bush e, tal como diz Mário Soares, a ver vamos, se vamos a tempo..., até lá.
Concordo absolutamente consigo.
E também já estou farta destes trauliteiros da direita que são cuspidos e escarrados dos da esquerda.
Comentário sóbrio, esclarecido e, parece-me, absolutamente imparcial.
Depois de ter visto o que algumas super stars blogosféricas têm proferido sobre o assunto, de forma bem sentenciosa e pretensamente actualizada, já desesperava de ver algum bom senso nesta praça pública universal que perora sobre este cantinho planetário. Dava a impressão de que cada um se queria mais bushiano do que o outro; a voz do dono parecia ouvir-se em cada canto. Até se esqueceram que os quase 83 anos não são 38... e que a memória e rapidez de raciocínio de que hoje fazem alarde breve deixará de ser.
Bem não era para dizer mal, mesmo dos que (para mim) não dizem bem, que comentei. Precisava de o felicitar pelo saber pensar, saber dizer e, sobretudo, saber entender para além das palavras gastas.
Estes tipos da direita trauliteira são assim: se se fala de velhinhos indignam-se com a falta de respeito; se se fala de inteligência pura indignam-se por um motivo qualquer, ainda mais se se trata de velhinhos que têm o azar de se enganar, esquecendo-se, como bem diz, do que o "velhinho " fez...
Caro João,
Partilho da sua admiração pela biografia política de Soares, mas não compreendo por que razão o facto de ele ter sido "ocidentalista" enquanto muita dessa maltosa andava com o Mao enfiado nas cuecas, lhe confere agora uma luz especial. Uma estupidez ( por ex., achar Chavez um democrata ou babar-se com as inanidades de um fanático como Adamgy) é uma estupidez, independentemente da idade e da biografia de quem o diz. Pensei que você gostava de Gore Vidal...;)
Caro João Gonçalves:
Faz-me um pouco de confusão esta mania de desculpar Mario Soares pelo papel que desempenhou (e bem) no PREC. Se foi "americano" no século XX, neste século XXI tornou-se precisamente o contrário.
O político sagaz e pragmático que Soares foi (o tal do socialismo na gaveta) já não existe. E não vale a pena falar em Bush. O que é que mudou com Bush face a Clinton para que a América seja uma "cleptocracia"? Hoje Soares é um radical da estirpe de Louçã, sem tirar nem por...
Ora ai esta
regresso de soares, o velho!
o homem ta completamente perdido!
O dr. Soares já não gostava de Bill Clinton. É preciso ter memória! Aliás, penso que deixou de gostar dos EUA quando passou a achar que a Europa, após a queda do Muro de Berlim, já não precisava dos americanos excepto para algum folclore.
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