22.9.06

O HÍBRIDO

Há seis anos, se não me engano, não houve parolo nenhum que não agarrasse numa bicicleta, numas alpercatas ou, sem nunca ter andado neles, recorresse aos transportes públicos para celebrar o "dia sem carros". Era o tempo em que reinava, directamente dos céus, o bonzinho Guterres. Sampaio, se a memória me não falha, andou a pé e de eléctrico. O país estremeceu, por um dia, de beatitude. Em suma, foram todos bem mandados e politicamente correctos. Eu, felizmente, estava em Marrocos e o folclore foi-me narrado ao telefone. Hoje tudo foi diferente. Acordei ao som de buzinas histéricas, andei em filas de automóveis e assisti aos habituais atrofiamentos. E, obviamente, não larguei o meu carro. A novidade veio do secretário de Estado do Ambiente, o Humberto Rosa que, nos tempos do D. Pedro V, jamais faria supôr onde ia acabar. Andou num "híbrido" e pôs o motorista a explicar o funcionamento da máquina que mandou comprar. Ao menos não foi hipócrita, nem híbrido, apesar do carro.

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