Augusto M. Seabra avalia a "temporada Moreira-Dammann" do Teatro Nacional de São Carlos (TNSC). Aqui , aqui e aqui. Chama-lhe, delicadamente, "o disparate anunciado". «O panorama aproxima-se de um desastre generalizado e da maior incúria. Sobre esta próxima temporada paira claramente a sombra do ex-secretário de Estado Mário Vieira de Carvalho, que de resto, em vários textos no “Público” e uma resposta ao actual ministro no “Expresso”, tem dados mostras suficientes de que não se dá por vencido, antes que continua a ser o ideólogo.» Desde sempre fui mais radical. O TNSC tem problemas estruturais por resolver desde que se tornou num "produto" de variadíssimas "experiências" de gestão. A "solução" seguinte limitou-se invariavelmente a juntar a sua própria ineficácia às que herdou. Empresa pública, fundação, instituto, "EPE", OPART ou outra coisa qualquer acumularam erros e vícios, vícios e erros. Em coerência, sempre defendi que, à semelhança do que aconteceu com outros teatros líricos, o TNSC devia encerrar para mudar de "registo". A opção, porém, tem sido a de empurrar as questões de funcionamento com a barriga ou com a marreca- ora Falstaff, ora Rigoletto - ou em varrê-las para debaixo do tapete como num momento cómico de Rossini. O ridículo foi atingido quando um dia o Teatro fechou como "EP" e abriu praticamente no dia seguinte como "fundação" para, dizia-se, celebrar o respectivo "bicentenário". E quando teve uma "direcção artística" a "trabalhar" no Teatro (Ribeiro da Fonte) e outra, a futura, a "preparar" ao mesmo tempo, na Ajuda, uma nova "temporada" (Ferreira de Castro). Estas trapalhadas custaram ao erário público milhares de contos em indemnizações e equivalentes sem que o Teatro tivesse ganho o que quer que fosse com tanta "mudança". Os problemas de que falo, com origem tanto nas "mudanças" como nas "permanências", precedem toda e qualquer temporada e a OPART já devia ter dado por isso e tirado daí consequências. Ou, em alternativa, o ministro tirá-las. Enfim, e como escreve o Augusto, «é mesmo inaceitável esta transformação do São Carlos em teatro alemão de segunda ou terceira ordem (ainda por cima, com os cantores a menos), o que de resto é um quadro restritivo de perspectivas e cosmopolitimo, e antes um outro modo provinciano, no caso “deslocalizado”.» Mais. «Tudo isto demonstra, além de graves incúrias, desde logo do director Christoph Dammann, esta espécie de “domínios privados” em que transformaram as instituições culturais: são as opções de Mário Vieira de Carvalho ou os “contributos” de Fragateiro e Mega Ferreira. E é um disparate anunciado, e o plano inclinado do vazio de perspectivas no São Carlos.»
Adenda: Uma infeliz "herança" do consulado Pires de Lima/Vieira de Carvalho na cultura, Carlos Fragateiro, o director do D. Maria, foi hoje removido por Pinto Ribeiro. Agora é preciso que Pinto Ribeiro "medite" sobre a OPART. Não necessariamente para o mesmo efeito, mas por forma a produzir um efeito.
4 comentários:
o atraso na instrução pública é a principal causa de a nível político portugal continuar a ser o esgoto "pruvinchiano" da europa civilizada.
tenho vergonha de ter nascido numa pocilga politica onde todos sabem tudo. sobretudo quando vivo na europa central e itália e faço a minha autocrítica diária.
sempre me recusei a ir ao TNSC e sempre fui ao coliseu.preferia o pontapé nas costas.
envergonho-me de tudo ser feito sobre o joelho:
obras públcas
saúde
ensinos
magistratura etc
PQP
radical livre
Olá, passei aqui por acaso, chamou-me a atenção o nome do blog. E porque "Portugal dos Pequeninos" pode ter a interpretação que cada um quiser, aproveito para divulgar o livro infantil que vou lançar em outubro, através da editora Papiro, que se dirige aos pequeninos deste pais, que serão os grandes de amanhã. "Ser diferente é bom" é o nome do livro e faz parte de um projecto pessoal que tem por objectivo levar até aos mais pequenos uma só lição: o importante não é reconhecer que somos todos iguais, mas que somos diferentes e só temos a ganhar com isso.
Agora vou dar uma voltinha por aqui, se me é permitido.
Abraço,
Sónia Pessoa
De há muitos anos para cá que nada ou pouco se faz no TNSC. Dia Mundial da Música, nespes, Grandes Concertos Sinfónicos, idem Concertos para jovens (parece que descobriram a roda) Di~gresões pelo país nada... ´" Até fomos aos Açores..." Grande coisa não foi a 1ª vez... Mas Grandes Festivais como o de Granada, nunca mais, convites como os que tivemos para os EUA, Oriente, etc, nada... A Orquestra "não toca?!" pudera, tem anos que não tocam juntos, toca cada um para seu lado e de preferencia fora do Teatro.... É triste assistir a derrocada de uma Grande Orquestra e ver que seguimos no caminho de 1992.....
Se quem passa pela direcção do TNSC fosse responsabilizado pelas asneiras que fez.... Não estaria assim!
Essa coisa dos Domíniod Privados é uma verdade que vai ganhando lastro, ... e até fica mal não ter nada a "haver" com a cultura. Ó, e se se escrevem romances, porque não espetar-lhe com um ambicioso ( quanto senil) AMOR.
Parece é que depois do MCarrilho uma visão abrangente sobre como operacionalizar as potencialidades da área são nulas. Deveria ser alterado o nome do Ministério da Cultura e passar a ser o Ministério da Animação Socio-Cultural-Recriativa.
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