14.11.06

HISTÓRIA E ÉTICA


Vou ler atentamente o livro de Pedro Santana Lopes. "Bati-lhe" aqui forte e feio - aparecerá tudo no capítulo "Um tempo novo" do livro "Portugal dos Pequeninos" a sair lá para Janeiro, passe a publicidade -, por isso entendo que devo prestar atenção ao que lá diz. Santana ficou "entalado" entre aquilo a que o Eduardo chama a "inépcia barrosã" (esta, sim, uma "história" que urge contar para obstar às inevitáveis tentações belenenses desta estranha criatura) e o "euromilhões" de José Sócrates. Numa coisa ele tem razão. Quando todos os obstáculos estavam removidos - Ferro Rodrigues, designadamente, o PS "domesticado" em torno do actual 1º ministro e a confusa cabeça de Sampaio mais arrumadinha - Santana deu de bandeja ao PR o pretexto que faltava para o remover. Como escrevi na altura, Sampaio não esteve bem nem quando não dissolveu aquando da fuga barrosã, nem quando dissolveu depois. Santana acabou imolado no fogo do seu voluntarismo inconsequente e permitiu a maioria absoluta dos actuais cavalheiros. Falta, pois, a "história" do outro lado. João Gabriel, da imprensa de Belém no tempo de Sampaio, não é a melhor opção para redigir essa "história", a menos que alguém lha dite. E, ao contrário do que Sampaio veiculou ontem, um chefe de Estado não está fora de nenhum escrutínio da dita "história". Só daqui a muito tempo saberemos se, em 2004, se escreveu uma pequena, uma média ou uma grande "história" ou se tudo não passou de um frete palaciano. Uma coisa é certa. Nenhum dos principais protagonistas esteve à altura do que lhe aconteceu ou provocou. Esta é uma conhecida definição de ética dada por Gilles Deleuze, escrita nas paredes duma estação de metro de Lisboa. Mas a ética não é para aqui chamada, pois não?

9 comentários:

Anónimo disse...

Aplausos para o post e respectiva alusão a Deleuze e, já agora, excelentes vendas para o livro!

Anónimo disse...

O problema entre o então e o agora é, qunato a mim, a comunicação social...

Anónimo disse...

Entre um livro de Lobo Antunes e um de JG não há que hesitar! É a diferença entre um escritor medíocre e um medíocre que quer ser escritor.

Gil da Lusa

Anónimo disse...

Credo, homem! Você não tem medo de ir preso ao escrever a palavra "ética"?

P'la sua saúde, veja lá..., não corra riscos desnecessários. Acautele-se que os tempos andam perigosos! E seria bom tê-lo por cá a escrever mais uns anitos...

Anónimo disse...

O Gil da Lusa não ssabe o que diz quando se refere a A. Lobo Antunes como "medíocre". É preciso ser-se muito ignorante e simultaneamente arrogante para o dizer!!!

Parece-me é que você nme uma linha correcta deverá conseguir escrever......

Anónimo disse...

O governo de Santana era um bom governo, não havia nexexidade.

Anónimo disse...

"A ética é estar à altura do que nos acontece."

'As palavras de Deleuze lidas a contraste de luz branca ao correr da escada que desliza a par de um fundo azul muito escuro. Quando a descida termina ainda se saboreia esta frase que faz, de forma exemplar, a distinção entre ética e moral, entre o saber estar, endógeno e autónomo, na vida real que é a nossa e as certezas, exógenas e quase sempre estereotipadas, das normas dos outros.' [escrito no meu blog à época, com o título 'a escada rolante', janeiro 23, 2004]

O resto? pouco ou nada terá a ver com a estação do Parque a não ser na obscuridade mas é, isso sim, terapia por dessensibilização sistemática tão bem e tão transparentemente utilizada pelos meios de comunicação social portugueses nos últimos tempos.

Ensino de ética??!! Ora, quem sabe se não vamos a tempo depois das 'extinções'.

Anónimo disse...

Ai que necessidade das velhas pastilhas "Rennie"...

Anónimo disse...

Mas que estranho, caro João Gonçalves, nem uma só referência ao comentário sobre as relações Sampaio-Santana que escrevi no dia 13,cerca do meio dia. Gostou, inspirou-se? Mas não o cita.