Vou ler atentamente o livro de Pedro Santana Lopes. "Bati-lhe" aqui forte e feio - aparecerá tudo no capítulo "Um tempo novo" do livro "Portugal dos Pequeninos" a sair lá para Janeiro, passe a publicidade -, por isso entendo que devo prestar atenção ao que lá diz. Santana ficou "entalado" entre aquilo a que o Eduardo chama a "inépcia barrosã" (esta, sim, uma "história" que urge contar para obstar às inevitáveis tentações belenenses desta estranha criatura) e o "euromilhões" de José Sócrates. Numa coisa ele tem razão. Quando todos os obstáculos estavam removidos - Ferro Rodrigues, designadamente, o PS "domesticado" em torno do actual 1º ministro e a confusa cabeça de Sampaio mais arrumadinha - Santana deu de bandeja ao PR o pretexto que faltava para o remover. Como escrevi na altura, Sampaio não esteve bem nem quando não dissolveu aquando da fuga barrosã, nem quando dissolveu depois. Santana acabou imolado no fogo do seu voluntarismo inconsequente e permitiu a maioria absoluta dos actuais cavalheiros. Falta, pois, a "história" do outro lado. João Gabriel, da imprensa de Belém no tempo de Sampaio, não é a melhor opção para redigir essa "história", a menos que alguém lha dite. E, ao contrário do que Sampaio veiculou ontem, um chefe de Estado não está fora de nenhum escrutínio da dita "história". Só daqui a muito tempo saberemos se, em 2004, se escreveu uma pequena, uma média ou uma grande "história" ou se tudo não passou de um frete palaciano. Uma coisa é certa. Nenhum dos principais protagonistas esteve à altura do que lhe aconteceu ou provocou. Esta é uma conhecida definição de ética dada por Gilles Deleuze, escrita nas paredes duma estação de metro de Lisboa. Mas a ética não é para aqui chamada, pois não?
9 comentários:
Aplausos para o post e respectiva alusão a Deleuze e, já agora, excelentes vendas para o livro!
O problema entre o então e o agora é, qunato a mim, a comunicação social...
Entre um livro de Lobo Antunes e um de JG não há que hesitar! É a diferença entre um escritor medíocre e um medíocre que quer ser escritor.
Gil da Lusa
Credo, homem! Você não tem medo de ir preso ao escrever a palavra "ética"?
P'la sua saúde, veja lá..., não corra riscos desnecessários. Acautele-se que os tempos andam perigosos! E seria bom tê-lo por cá a escrever mais uns anitos...
O Gil da Lusa não ssabe o que diz quando se refere a A. Lobo Antunes como "medíocre". É preciso ser-se muito ignorante e simultaneamente arrogante para o dizer!!!
Parece-me é que você nme uma linha correcta deverá conseguir escrever......
O governo de Santana era um bom governo, não havia nexexidade.
"A ética é estar à altura do que nos acontece."
'As palavras de Deleuze lidas a contraste de luz branca ao correr da escada que desliza a par de um fundo azul muito escuro. Quando a descida termina ainda se saboreia esta frase que faz, de forma exemplar, a distinção entre ética e moral, entre o saber estar, endógeno e autónomo, na vida real que é a nossa e as certezas, exógenas e quase sempre estereotipadas, das normas dos outros.' [escrito no meu blog à época, com o título 'a escada rolante', janeiro 23, 2004]
O resto? pouco ou nada terá a ver com a estação do Parque a não ser na obscuridade mas é, isso sim, terapia por dessensibilização sistemática tão bem e tão transparentemente utilizada pelos meios de comunicação social portugueses nos últimos tempos.
Ensino de ética??!! Ora, quem sabe se não vamos a tempo depois das 'extinções'.
Ai que necessidade das velhas pastilhas "Rennie"...
Mas que estranho, caro João Gonçalves, nem uma só referência ao comentário sobre as relações Sampaio-Santana que escrevi no dia 13,cerca do meio dia. Gostou, inspirou-se? Mas não o cita.
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