"Quando se tem vivido uma vida já longa, e, sobre longa, intensa, de trabalhos, de fadigas, de inquietações, até de sonhos, o caminho que percorremos fica ladeado de numerosas cruzes - as cruzes dos nossos mortos. E se essa vida foi sobretudo colaboração íntima, soma de esforços comuns, inteiro dom das qualidades nobres da alma, eles não ficam para trás: continuam caminhando a nosso lado, graves e doces como entes tutelares, purificados pelo sacrifício da vida, despidos da jaça da terra, sublimados na serenidade augusta da morte. Na verdade, há mortos que não morrem: desaparecem no seu invólucro terreno, na sua figuração humana, na fragilidade e nos defeitos e nas limitações da carne; mas o espírito continua a brilhar como as estrelas que se apagaram no céu há cem mil anos, vincam-se mais na terra os sulcos que o seu exemplo abriu e parece até que os seus afectos não deixam de aquecer-nos o coração. Nem de outra forma se compreenderia que a Providência suscitasse tantas vezes almas extraordinárias, cumes de beleza espiritual, e lhes não conceda mais que uma breve aparição, como voo de asa que corta o céu, botão que murcha sem revelar ao sol da manhã a graça do perfume da rosa. Há mortos que não morrem, e nós todos que viemos de longe ou de perto, em saudosa peregrinação, somos os que testemunhamos que este não morreu."
António de Oliveira Salazar, discurso em memória de Duarte Pacheco, 15 de Novembro de 1953, in Discursos e Notas Políticas, V, Coimbra.
António de Oliveira Salazar, discurso em memória de Duarte Pacheco, 15 de Novembro de 1953, in Discursos e Notas Políticas, V, Coimbra.
5 comentários:
Carissimo,
Só é pena a estatua do Duarte Pacheco.
Colocada num sitio em que as pessoas têm uma velocidade media de 120 km/h.
A maioria nem a vê, quanto mais saber quem foi...
Bem, como diria o proprio: "Adiante, adiante..."
Duarte Pacheco? Se perguntarem sobre o Big Brother e afins... Esse tipo de lixo, sim, faz (ou fez, recentemente) parte dos programas de "ensino".
Bem desenterrado num dia como o de hoje este texto de Oliveira Salazar. Ainda não tinha sido capaz de o ler desta forma.
Bonito caro João Gonçalves.Outros tempos,outros SENHORES!Já nada disso tem importância para os portugueses.Querem é entregar a Pátria a quem lhes der mais.Parece que ninguém dá nada!
Abraços
--- HÁ QUANTO TEMPO NÃO APARECIA POR AQUI UM "MAGNÍFICO" TEXTO, NESTE CASO UM »BRILHANTE« DISCURSO ---
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