1.11.06

ATENTOS, VENERANDOS E OBRIGADOS

Ainda a propósito de Cahora Bassa, ontem à noite, no "frente-a-frente" da SIC Notícias, "dois queridos amigos" (foi como ambos se trataram) elogiaram, cada um à sua maneira, a triste encenação de Maputo, montada pelo engº Sócrates e pelo sr. Gebuza. Vitor Ramalho, pelo PS, e Ângelo Correia, pelo PSD, elogiaram - poderiam, em nome do regime, ter feito outra coisa? - o desfecho glorioso do "negócio". Por aquelas patéticas cabeças, mais interessadas nos "negócios" do que na política, não perpassou por um segundo o falhanço que custou à democracia "descolonizadora" - de que eles se consideram simultaneamente donos e epígonos - um elevado preço. Sócrates, com o seu gesto frívolo, descartou-se - e, por seu intermédio, o país - de um "investimento" que custou milhões aos bolsos dos contribuintes e a que o sr. Gebuza se referiu, com manifesta hipocrisia realista, como o "último reduto da colonização". Desde que entregámos tudo, das Áfricas à India, passando por Timor, só temos levado pontapés no cu e estalos no focinho. E mesmo assim, não aprendemos nunca nada. Somos sempre - agora deles - os mesmos atentos, venerandos e obrigados do costume.

6 comentários:

Anónimo disse...

Consta que no fim do banquete, à despedida, Sócrates - com uma lágrima no canto do olho - terá balbuciado com emoção a Gebuza, "desculpem, qualquer coisinha sim?!"

Anónimo disse...

E pedido mais um pontapé no cu e um estalo no focinho, decerto. Há trinta anos que os nossos governantes se indulgenciam numa orgia masoquista em relação às ex-colónias (ou "estados", ou "províncias" ou o que lhes quiserem chamar).

Anónimo disse...

Agora só falta dar a independência à Madeira. Os contribuintes agradecem.

Anónimo disse...

Doce e amarga anedota, esta: O nosso meretíssimo chefe de governo, num abraço fraterno à nação irmã de Moçambique, a falar das altíssimas responsabilidades históricas de Portugal enquanto Gebuza - do alto da sua "consciência de vitima colonizada" não parava de exortar as hostes com gritos de guerra de que "Cahora Bassa é nossa" . Como se estivesse a exibir uma bitacaia que ainda por cima lhe vai servir muito bem politicamente. Ao que Portugal se presta! Pobres, sem termos onde cair mortos, com esta capacidade de não nos esquecermos do papel de "pai" civilizador, cheio de problemas de consciência e com esta capacidade - ainda mais surprendente - de levar marteladas na cabeça com um vago sorriso nos lábios, recitando lirica e boas intenções. Gebuza deve ter tido finalmente oportunidade de, em nome na nação amiga moçambicana, ter respondido com condescendência, "bem, não se fala mais nisto, por esta escapa!". É extraordinário!

Anónimo disse...

Eu nem compreendo porque não entregamos Cabora Bassa logo em 1975...
Quanto a essa, de estarmos constantemente de cócoras para com os ex-territórios de além-mar..., é que já lhe apanhámos o jeito (deve ser cãimbra), daí que não consigamos mais manter uma posição erecta... aliás, não temos hoje e de facto, razão ou motivos para proceder de outro modo.
Quem é esse tal "Gebuza"... soa a primata.

Anónimo disse...

Somos MUITO DADOS!!!
Pobrezinhos...mas honrados!!
Na verdade..somos uns DESGRAÇADOS!!