9.11.06

AMONAS


Caríssimo JMF (o do Diário de Notícias) : fique sabendo que tenho tanta paciência para discutir a sexualidade - com ou sem meta - como a qualidade das mamas da menina Scarlett ou a boca sensual do seu namorado. Dito isto, e sem pretender fazer interpretação autêntica de Pasolini, talvez consiga dar-lhe, em português, uma ideia da coisa. "Não há nenhum homem que não seja também homossexual" quer dizer (é para isso que está lá o "também") que a sexualidade não tem propriamente um paradigma ou uma norma. O Gore Vidal dir-lhe-ia que nem sequer existem hetero ou homossexuais, mas apenas actos avulsos de uma ou de outra natureza, ou, como bem sabe, ambos reunidos numa só pessoa (veja como os imperadores romanos se reviam por igual nos seios das amantes e nos rabos dos amantes). Isso não transforma um hetero num homo, nem um homo num hetero. Voltando ao Pasolini. Há milhares de pessoas por esse mundo de Cristo que, lá por terem o "também", chegam à cova sem saber como é que a coisa funciona entre same sexers, ou o contrário: same sexers que têm outro "também" e que nunca exprimentaram o oposto. Descanse a sua boa consciência sexual que o Pasolini não estava propriamente a passar atestados de maricagem a ninguém. Limitava-se, como qualquer psicólogo ou psiquiatra lhe explicará em cinco minutos, a constatar uma realidade que pode nunca chegar a desenvolver-se. Quanto às "obsessões" e ao "discurso exibicionista da homossexualidade", com certeza que o João não estava a escrever para mim. Por isso, nem lhe respondo. Só lhe deixo duas observações. A primeira, para lhe recordar que Pasolini pensou nestes assuntos há mais de trinta anos, para uma sociedade como era na altura a italiana, e em termos de "luta de classes". Pasolini nunca dissociava o debate sobre costumes do jargão marxiano, lido, naturamente, à sua iconoclástica maneira. Por cá, nunca houve nem haverá jamais nada de parecido. Em segundo lugar, dou-lhe razão nisto: não há nenhum homem que não seja também heterossexual. Pode é levar uma vida inteira sem praticar.

8 comentários:

Anónimo disse...

"....pode levar a vida inteira sem praticar..." é esquisito!!! Por que razão??? POr falta de mulheres??? Será, antes, por falta de vontade e, se assim é, como é que se pode dizer que é heterossexual????.....
Que confusão....para confundir!!!

Anónimo disse...

Por esta altura já deu para perceber que o JG é homossexual. Daí - não me interpretem mal - não vem nenhuma desgraça ao mundo. Quer os seus comentários como o uso da iconografia gay - Querelle e companhia - deixam pouca margem para dúvidas.

Mas a minha questão não se prende com a sexualidade de ninguém e é bem mais singela. O que eu gostava de saber é como é que se concilia isto com o santo padre ou com os anátemas lançados pelo vaticano aos homossexuais dos quais, o último exemplo da condenação de uma manif gay em jerusalém, constitui apenas mediana ilustração.

Deve ser complicado - daí o silêncio (acabrunhado?) em relação a estas e outras manifestações de intolerância radical por parte do vaticano e seus próceres.

Anónimo disse...

As coisas que V. já "percebeu". Já se deitou comigo, foi?

Anónimo disse...

Caro JG, deixe-se de tretas e de tentar dar importância a um comportamento sexual da natureza, milenar, mas casuístico e desde sempre, à escala mundial estatísticamente invariavel.
Capice "Romano"?

António Torres disse...

ahahahahahahahha!!!

Anónimo disse...

Mas por que é que não se assume e....só falam dos outros????....

Se é uma "coisa" tão natural....taõ antiga....tão...tão...TUDO, por que não diz que é ?????

Anónimo disse...

De acordo. Tenha a coragem para se assumir e depois terá legimitidade para dar lições.

Anónimo disse...

JG: O mais hilariante é a sua crença peregrina que a homosexualidade é uma coisa comum, quasi-exemplo do comportamento que caracteriza o ímpeto sexual neste reino animal...
Por esse andar, "tal como o código postal", há-de ser meio caminho andado para extrapolar que a homosexualidade é a norma...