Lamento a decisão de Bento XVI em aprovar a beatificação do seu antecessor. Aliás, já lamentava a proliferação de beatos levada a cabo por João Paulo II e a que Ratzinger, aparentemente, pretende continuar a dar curso. Se há coisa que caracterizou o notável pontificado do Papa polaco foi a sua condição profundamente "terrestre". Sem nunca perder de vista - como podia? - a espiritualidade e a fé, João Paulo II foi responsável pela maior fusão daquelas com a "realidade" e da "realidade" (da razão) com a fé. Ajudou, como ninguém, a derrubar uma ideologia malsã e "globalizou" a fé católica através das centenas de viagens apostólicas que realizou. O seu exemplo humano (que também foi político) é suficiente. Parafraseando Santo Agostinho, um homem submisso pela fé, pela esperança e pela caridade possui um forte domínio sobre si, desnecessitando, até, das Escrituras ou da interpretação delas para o exaltar, beatificando-o, pois é na solidão que aquelas três coisas são realmente vividas. João Paulo II é grande enquanto homem. É o maior e o mais raro dos milagres. E é quanto basta.
11 comentários:
Partilho desta opinião.
às vezes tenho uma opinião.
nunca fui 'a opinião'.
neste caso não tenho
«do convento sabe quem está dentro»
Não é católico quem quer. É preciso crer para querer. E estudar. Estudar aquilo que não se percebe ou que não apetece perceber. Mudar de vida, aqui, coisa bem terrena e reconhecer que se é filho de Dus e um grandecíssimo monte de merda.
Só é pena haver tão grandes diferenças culturais - enormes, mesmo abissais - na formação da consciência religiosa católica. Subscrevo absolutamente este excelente texto de João Gonçalves.
Mal não faz...
De acordo. Acho um processo acelerado e até "uma certa vaidade" da Igreja neste homem notável.
Para quê?
O que me incomoda, é esta sensação que se estão a criar Santos e Beatos, com o mesmo espirito com que se diz que são feitas as nomeações "portugas" para as empresas públicas e privadas.
Gostaria de ver mais retorno à simplicidade, sem radicalismos, até para se ultrapassar definitivamente trãumas como a Pouco-santa Inquisição ....
Do clero, creio que é de aceitar o que não for susceptível de fazer mal, de prejudicar o ser humano.
Eu por mim acho que quem deve aferir da santidade de uma pessoa é apenas Deus. E se deviam evitar estes e outros costumes medievais que servem para os detractores os atacarem e para alvo de zombaria.
Pode ser que se faça um grande milagre com esta beatificação: " que muitos de vós deixem de andar caminhos mal andados; mudem de vida; convertam-se!
Um abraço amigo
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