6.1.11

UMA ECONOMIA DE MORTOS-VIVOS


«A nível europeu, os impasses agravam-se, o bloqueio político parece total, as tensões da moeda única vão aumentando e a divergência das diversas trajectórias económicas vai-se acentuando, deixando como única via a dos recursos "caso a caso". Nenhum dos problemas fundamentais da União Europeia foi resolvido, e nada indica que o sejam este ano. Estamos praticamente na mesma situação de há um ano, na verdade só mudou o nome dos países sob pressão: a prová-lo, Portugal pagou ontem juros seis vezes superiores ao que pagou há um ano, para colocar 500 milhões de euros de dívida em obrigações do Tesouro. Continuamos assim bloqueados pelas ideias que nos conduziram à crise, governados por aquilo que um economista australiano, John Quiggin, inspiradamente designou como uma economia de mortos-vivos. Isto é, uma economia dominada por ideias cuja falência vai sobrevivendo à prova dos factos. E perante isto os poderes públicos, em vez de reagirem, vão-se entregando a malabarismos sem fim, numa inédita confissão de impotência que já não escapa a ninguém. Todos gostávamos de ver abrir-se um novo ciclo, neste começo de ano. Mas assim isto vai correr mal, muito mal. É com este realismo que Portugal deve decidir o que fazer. E de uma coisa estou certo: vai haver de facto muito para decidir em 2011.»


5 comentários:

Anónimo disse...

«(...)É com este realismo que Portugal deve decidir o que fazer(...)».

Essa é boa ... e o que é que Portugal pode decidir que já não tenha sido obrigado a decidir ?!

Anónimo disse...

Cuidado, JG, que este seu amigo, assim como o Medeiros estão no fundo extremamente enfronhados no incrível peiésse. Ambos foram "menistros" e tudo! Um deles saiu e voltou a entrar...

Não é que "não ser do peiésse" seja garantia de qualidade, mas "ser do peiésse" é muito mau sinal.


PC

Anónimo disse...

«(...)Quanto ao resto, sim, estamos perante um Estado sério: um Estado que se encarniça tributariamente sobre quem não pode fugir, um Estado que desrespeita as suas obrigações contratuais exclusivamente para com os seus credores mais fracos. Sim, deve ser isso que designam por "socialismo"…».

In «O Jansenista»

Anónimo disse...

O carrilho neste blog é como a ameixa. Quero falar dele mas o JG não deixa.

Anónimo disse...

"Isto é, uma economia dominada por ideias cuja falência vai sobrevivendo à prova dos factos."

Dominada por ideias que Carrilho sempre apoiou. Como défice. Estava tudo bem vender dívida ao mercado, todos os anos aumentava a dívida e o senhor Carrilho silencioso. Mas partir do momento em que começaram a perguntar: vamos voltar a cor do dinheiro o senhor Carrilho já não gosta.
Quer a volta dos tempos em que havia dinheiro para aquela coisa fraudulenta a que chama "cultura".

lucklucky