27.1.11

O TEMPO O DIRÁ

«O fundamental da nossa situação já está fora do controlo dos nossos governantes, dependendo agora sobretudo do modo como se desenrolar nas próximas semanas o impasse europeu. Por cá, gere-se o poder e a margem de manobra - é o que resta. Sócrates vê a sua diminuir, e vai ter de recorrer a todo o seu reconhecido tacticismo para resistir. O calendário é o melhor aliado dos tacticistas, mas o tempo pode ser o seu maior adversário. Convocar um congresso é natural, mas sem alterações de fundo de pouco servirá. António Vitorino pressentiu-o, nas declarações que fez no último fim-de-semana, ao clamar por debate no PS. Mário Soares também já o pediu. E com razão, porque há muito que o PS não vivia um deserto de ideias tão sideral, a exigir muito mais do que aqueles debates com teleponto que pretendiam descobrir "novas fronteiras"... De momento, só uma ampla e exigente remodelação do Governo, com alteração da sua própria estrutura e um credível relançamento programático, lhe poderá dar um novo élan. Até porque, entretanto, o Presidente da República pode descobrir que o verdadeiro calcanhar de Aquiles da situação portuguesa está, mais do que na pressão dos mercados, na débil fórmula governamental minoritária que se instalou num momento de generalizada impudência. O tempo o dirá.»


3 comentários:

Anónimo disse...

Porque é que estava a ler esta prosa de Carrilho é só me assomava à memória aquele último congresso de Guterres, lembram-se?? Aquele em que tudo se esfrangalhava e Guterres conseguiu um apoio que queimava a unanimidade pelo lado de dentro. Impressionante!!

A diferença entre Sócrates e Guterres?? É que a queda de Guterres só tinha pela frente consequências... políticas!!

A de Sócrates é um terror para muita daquela gente que o circunda... em vários planos, como o... nem me atrevo a dizer...
Rita

Anónimo disse...

Que grande filho da mãe é o Carrilho. É por isso que ele se dá bem neste blog.

Bastonário da Ordem dos Otários disse...

Ó Sr. Prof.Manuel Maria:

O tempo já disse tudo antes do tempo.

Portugal vai continuar a definhar, a empobrecer, a ficar cada vez mais irrelevante.

Tudo por que a «classe politica» não vale um chavo e tudo por que o povo português é besta, duro de cabeça, andróide.