30.7.08

A CONSCIÊNCIA TRANQUILA DA "HISTÓRIA"


«Entre Agosto de 1974 e o início de 1975 os portugueses em fuga de África mal se vêem nas páginas dos jornais. É claro que se fala deles mas com o incómodo e os rodeios de quem tem de dar uma má notícia no meio duma festa. Esta é a fase em que os fugitivos são necessariamente brancos pois assim facilmente se integram no estereótipo que deles traçam homens como Rosa Coutinho que os classifica como “elementos menos evoluídos que têm medo de perder as suas regalias” ou Vítor Crespo que os define como “pessoas racistas que não abdicam dos seus privilégios”. Os jornalistas portugueses usam então tranquilamente expressões como “brancos ressentidos”, “brancos em pânico” ou pessoas que “reivindicam um desejo de viver num mundo que já acabou” para referir a maior fuga de portugueses nos seus muitos séculos de História. Os primeiros a chegar, logo em Agosto de 1974, ainda tiveram jornalistas à espera. Mas semanas depois, quando a catástrofe se torna não só óbvia como incontornável, as notícias sobre o “regresso dos colonos” quase desaparecem e o que temos cada vez mais são longos artigos sobre a descolonização cheios de declarações de líderes ou candidatos a tal.»


7 comentários:

Anónimo disse...

O que me custa é ver a corja culpada da "descolonização exemplar" andar por aí a dar-se ares, como se culpa alguma tivessem no que aconteceu, bem governados da vida, e a dar opiniões, as mais da vezes imbecís.

MagudeMagude disse...

O sentimento face a essa "história" prevalece inalterável - pela pior razão!
( Em memória dos que já partiram )Cada um, pela sua Honra," no seu tempo", à sua maneira, pela Família,tem por obrigação de por em causa a ignomínia sofrida, com a melhor solução que se ajustar na exigência!!!

Anónimo disse...

já nem aborrece ouvir os politicos culpados da descolonização a fazerem o seu auto-elogio. no fundo má consciência se a têm.
a militança
só tem cagança.
no meu tempo da fac dizia-se: não servia para mais nada foi para militar.
hoje vai para politico, sociologo, psicologo
PQP

radical livre

Anónimo disse...

É o que dá, não se tratar da Descolonização a tempo e horas, devido a "vistas curtas".

Apesar de tudo, não temos "Bairros de Retornados".

Pelo contrário, depois apareceram os ghettos ...

Anónimo disse...

Esses dois marinheiros bem mereciam passar por um tribunal.
Marques

Anónimo disse...

O "observador" que fala em "vistas curtas", naturalmente está a criticar o ancien régime por não ter tomado medidas atempadamente. A lenga-lenga do costume. E a descolonização feita atabalhoadamente, sem uma preparação prévia de élites para governarem as ex-colónias, assegurando, deste modo, uma transição pacífica?

Nuno Castelo-Branco disse...

Basta perder umas, digamos... duas horas em consulta de jornais de 74 e 75, para proceder a um infindável rol de acusações por alta traição. Alta traição contra as F.A. Alta traição contra o Estado. Alta traição contra a população civil de cá e de lá. Não chega? Chega, mas só existirá uma Comissão para a Verdade e Reconciliação - imitando Mandela e Tutu ao contrário -, depois de morrerem certos figurões.
Que politicamente incorrecto me tornam certos posts...