29.12.06

DO ANO QUE PASSA - 3

Do ano que passa fica uma ideia horrível de violência e outra desconfiada da justiça. O caso Gisberta, as crianças espancadas e assassinadas às mãos de pais, mães, padrastos, madrastas, amantes e a puta que os pariu, são evidências de uma sociedade amoral, acéfala e profundamente ignorante. Básica, mesmo. Existe uma imensa indignidade social e cultural a que se seguem decisões jurídicas incompreensíveis para o chamado e inexistente "sentimento jurídico colectivo". O desfazamento da "realidade" por parte de muitas decisões judiciais é assustadora. Nunca se falou tanto de justiça e nunca tanta injustiça teve lugar. Os "protagonistas" passaram o ano a pavonear-se nas televisões, nos jornais, nos colóquios, todos a tratar das vidas deles. Na política, não houve cão nem gato que não não tivesse botado sentença sobre a matéria. Pura retórica, puras bravatas, puro formalismo inconsequente. Além de insensatos, somos perigosos e não nos apercebemos disso.

3 comentários:

Anónimo disse...

Descendo do país para as empresas:

Leio-o e penso nos meus dias. Escrevo e reescrevo a quem de direito. Aponto falhas no sistema. Sugiro correcções, atitudes novas, novos procedimentos ou reposição de velhos, mas que provaram no passado, e... nada acontece.
Escrevi inclusivé algumas vezes que me sentia a pregar no deserto. Algumas vezes depois do “send” pensei: Desta vez exagerei. Qualquer dia despedem-me. Mas não! Nem isso! Nada continua a acontecer: as coisas estão mal e mal vão continuar. Ninguém se importa! E depois para que tudo funcione dependemos de tantos pequenos nadas espalhados por locais tão distantes e culturas tão díspares.
É uma enorme sensação de impotência. A indignação ataca só alguns... quem pode e deve continua a dormir um sono descansado.
Hoje, depois de um dia arrasador de trabalho, estou tentada a dar-lhe alguma razão. Este país não tem emenda... e agora o desacordo: João Gonçalves, não estamos sózinhos, da Europa toda às Americas (já para não falar de África) a situação é similar. Só não o afirmo categoricamente em relação ao mundo todo, porque não troco experiências com o Oriente.

Anónimo disse...

Ao ouvir hoje (mais uma) detenção de uma mãe que martirizou uma filhita em Monção apeteceu-me gritar: puta que pariu (como o João), este ano miserável nunca mais acaba.
Foi o ano do afundamento do julgamento de Entre-os-Rios e a confirmação do afundamento de Portugal, remontado a 4/3/2001 com as 58 (salvo erros) vítimas de uma ponte que caiu.
É o ano I, praticamente, do silenciamento do processo não ata-não desata da Casa Pia. Ao invés, cria-se um artificialismo à volta do Apito Dourado, lá está, por causa de uma puta.
Mas, acima de tudo, são 8 crianças torturadas e o ano, infelizmente, nem acabou ainda.
Com a liberalização do aborto só "porque sim", 2007 não se afigura melhor.
Puta de vida, esta.

Anónimo disse...

Caro Joao

Um ano finda, um ano de coisas lidas aqui. Com as quais, na maior parte dos casos, discordo, ou fico irritado.

Voce e um tipo irritante. Mas ainda bem, se o resultado for este. Muitas vezes os seus melhores posts, sao aqueles que ninguem comenta; como este. Porque nao ha nada a comentar ou acrescentar.

Observo diariamente o seu blog do exterior do rectangulo, como a outros que ai se publicam. Este e quanto a mim um dos seus melhores posts deste ano, um dos melhores que li na blogosfera sobre Portugal. Resumiria todo um compendio sobre o que somos.

Um bom ano, igualmente a si e aos outros leitores.