Desta vez interessa-me mais o futuro do que o passado. Porém, há coisas que me ficaram do ano que passa e que não resisto a anotar. Não sendo "crítico" nem "jornalista cultural, mas apenas mero leitor, se me desse para o "balanço literário do ano" faria apenas duas ou três observações. Uma primeira para o João Pedro George. Em má hora entregou o Esplanar a Carlos Leone, uma sumidade institucional que deixou o blogue no estado em que ele se encontra: nenhum. Foi o João quem coligiu textos seus daqui e dali e deu à estampa um livrinho atípico nestas matérias, Não é Fácil Dizer Bem, cujo título tenho aproveitado indecentemente. Salvo na parte final em que lhe deu para delirar, o João desmontou com graça a pseudo-seriedade de alguns literatos e candidatos a literatos nossos contemporâneos. Não é uma "tese" nem nada parecido. É um exercício divertido e bem escrito contra a mediocridade consensual, de capela e de estranhas cumplicidades que persiste no "meio literário português. Dele também, Couves & Alforrecas, uma diatribe paciente sobre o "estilo" da "marca registada", a mítica e intocável Margarida Rebelo Pinto, escritora e colunista de costumes. Só o facto de ter lido, de fio a pavio, a insigne "obra literária" da senhora e de ter enfrentado o respeitinho em tribunal, já lhe valia uma venera. Ainda no campo da subliteratura nacional, destaco a profusão de "novos" autores portugueses, muitos deles oriundos do jornalismo, que nos presentearam com diversos "romances", "romances históricos" e "biografias romanceadas". Não retive um nome ou um título, à excepção - porque me cruzei várias vezes com ele a dar autógrafos entre Lisboa e o Algarve - de José Rodrigues dos Santos, o "rei da síntese", cuja presença nos escaparates das livrarias e dos supermercados é intensa. Tão intensa como o tamanho dos calhamaços que tem dado à estampa. Para "rei da síntese", não está nada mal. É esta gente que entra mais facilmente na cabeça e na vontade de ler do português médio. Estão bem uns para os outros. Finalmente, não dei por nada de extravagante na poesia ou na "ensaística". Ou se dei, não me lembro. Só li o ensaio de Vasco Pulido Valente sobre Paiva Couceiro e o Círculo de Leitores não me deixou comprar em avulso o "D. Maria II", o "D.Pedro V" e o "D. Carlos", respectivamente de Maria de Fátima Bonifácio, de Maria Filomena Mónica e de Rui Ramos. Ficam para a próxima.
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