Perguntava o Papa, na benção Urbi et Orbi, se faz algum sentido um "salvador" neste milénio onde tudo parece ter sido já alcançado, onde toda a gente parece "realizada" e "feliz", onde o "progresso" - o tecnológico, o do "choque" do senhor engenheiro - impera. Faz. E faz na exactíssima medida em que o "progresso" infantilizou o homem e diminuiu a percepção do sentido da vida. A foto acima reproduz o que restou da noite em que Deus se fez menino para nós e para ficar entre nós. Foi tirada perto de casa, mas pode ser visto em qualquer rua, qualquer avenida, hoje desertas. Terminada a "festa", as pessoas regressam ao vazio porque nem o leitão, nem o bacalhau, nem a boneca, nem a consola, nem a televisão, nem o carrinho comandado à distância evitam o inevitável. À ilusão segue-se a desilusão depois da alegria fingida do próximo fim-de-semana. Extinto o natal enquanto pura troca comercial e pseudo-afectiva, chega a "loucura" do fim do ano. Aqui ou em países exóticos, a chegada de um novo ano, em vez de ser vista como esperança e assumida com fé, derrete-se nos copos, nas "festas", na extravagância ocasional e sem sentido. Sim, a presença do Salvador entre nós faz cada vez mais sentido. Lembra-nos como Ele nasceu, viveu e morreu na maior simplicidade e sofrimento porque, desde o primeiro instante, "não havia lugar para Ele". Enquanto não abrirmos esse lugar para Ele, em vez de abrirmos presentes, valemos tanto como os pacotes da fotografia, dejectos de uns fugazes momentos de alegria rapidamente deitados fora.
3 comentários:
Por um lado não posso deixar de concordar consigo, mas por outro vê-se logo que nasceu num berço de ouro e que a vida material é uma pessoa minimamente remediada, como é costume dizer apenas não ligam ao dinheiro aqueles que o têm. O que o Senhor não consegue compreender é que 80% das população mundial tenta fazer neste dia o que passa 364 dias por ano a tentar…proporcionar a si e aos seus ente queridos alguma felicidade (mesmo que por vezes recorram com algum exagero aos bens materiais)
Cumprimentos
Está enganado/a. Não nasci nem vivo em berços de ouro. Simplesmente dou quando me apetece dar. O Natal tem um significado que fica esquecido por entre as prendas. É para ele que chamo a atenção.A felicidade é um gesto continuo e não coisa de minutos, depois de umas rabanadas.
A felicidade é muito subjectiva e ninguém consegue ser feliz de forma continua. Isso não existe. Existem sim, momentos felizes na vida de cada ser humano, o Natal será um deles.
Henrique
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