Quem visse o telejornal da uma da
RTP podia julgar que ia haver uma manifestação da "direita" contra Cavaco e não uma outra contra o governo. Três jornais fazem capa com a mesma conversa de chacha. Depois, abrem-se e, para resumir a coisa com a voz de alguém indisputavelmente sério, Bagão Félix, ficamos assim: «Já estou na idade em que não se tomam decisões por emoção.»
O texto do i é de Filipa Martins que, desmintam-me se for o caso, esteve de mandatária para a juventude de
Passos Coelho quando este perdeu para Ferreira Leite, e fala em "mobilização". De quem? Do beato Salu das Neves que, politicamente, vale zero? Do
beato Pitta do outro lado? Do pró-árabe Ângelo? Do regimental
colectivo Abrantes? Do
"diário da manhã"? Do senhor cardeal patriarca que
só agora acordou do longo sono socratista em que havia mergulhado? Não sendo adepto das teorias da conspiração, nada acontece por acaso. Cavaco promulgou a lei que altera o Código Civil há duas semanas. Um dos "indignados" contra Cavaco é Santana Lopes que, na semana em que isso aconteceu, foi à
SICN conceder uma boa
entrevista a Mário Crespo. Não me recordo de ter visto aí manifestada esta recente "indignação". Pelo contrário, Lopes até desejou uma maior intervenção presidencial imediata, só possível com o mesmo Cavaco que ele, desde ontem, deseja apear. Coincidência ou não, estas "notícias" aparecem no fim de semana em que o PS vai ter de "engolir" oficialmente Manuel Alegre. O que esta meia dúzia de gatos pingados da direita vai conseguir com esta manobra de diversão, é umas quantas declarações dos habituais
yes men de Sócrates a apontar o dedo para a "divisão" fictícia no apoio a uma eventual recandidatura de Cavaco. Logo quando aquele "apoio" é a miséria envergonhada que se vê. Se, com isto, a brigada da indignação está a "ajudar a direita", vou ali e já venho. E se, com isto, não está objectivamente a ajudar os outros, para ter a certeza nem preciso sair daqui. Basta-me olhar para a
RTP e demais televisões ou ler os bloguistas de serviço. Façam-se, pois, as contas. Desde 2005 apenas quatro pessoas deram vitórias significativas à direita. Carmona Rodrigues em Lisboa, Rui Rio no Porto, Paulo Rangel nas "europeias" e Cavaco Silva nas presidenciais. Do lado da brigada indignada, contamos uma derrota de Lopes como 1º ministro, outra do mesmo Lopes como recandidato à presidência do PSD, uma terceira como recandidato à CML (e estou à vontade porque estive com ele) e a de Ribeiro e Castro, no CDS-PP, contra Portas. Se estas almas conseguirem
melhor candidato presidencial do que Cavaco e disposto a fazer de Amigo Banana, força. Caso contrário, como dizia o Sartre, deslizem e não façam peso.
Adenda: Porque sou amigo do Villalobos há muitos anos, e como não aprecio ferir ninguém pelo silêncio, apenas posso ler
este post como parágrafo de um seu futuro mau romance que porventura se possa juntar à já garantida má poesia politiqueira do Alegre candidato. Podia ter servido de posfácio à igualmente má entrevista de Santana Lopes ao
i a que aludi o suficiente. É tudo demasiado mau para ser verdadeiro. Por isso, faço votos para que esta tolice que atacou tão poucas boas pessoas quanto perfeitos cretinos, acabe rapidamente. Basta que reparem -
repara, Villalobos - em que vos elogia. Que idiotas inúteis, afinal, fostes.
(via Nuno Gouveia que é mais amável do que eu)