Uma pequenina luz bruxuleante
não na distância brilhando no extremo da estrada
aqui no meio de nós e a multidão em volta
une toute petite lumiére
just a little light
una piccola… em todas as línguas do mundo
uma pequena luz bruxuleante
brilhando incerta mas brilhando
aqui no meio de nós
entre o bafo quente da multidão
a ventania dos cerros e a brisa dos mares
e o sopro azedo dos que a não vêem
só a advinham e raivosamente assopram.
Uma pequena luz
que vacila exacta
que bruxuleia firme
que não ilumina apenas brilha.
Chamaram-lhe voz ouviram-na e é muda.
Muda como a exactidão como a firmeza
como a justiça
Brilhando indefectível.
Silenciosa não crepita
não consome não custa dinheiro.
Não aquece também os que de frio se juntam.
Não ilumina também os rostos que se curvam.
Apenas brilha bruxuleia ondeia
Indefectível próxima dourada.
Tudo é incerto ou falso ou violento: brilha.
Tudo é terror vaidade orgulho teimosia: brilha.
Tudo é pensamento realidade sensação saber: brilha.
Tudo é treva ou claridade contra a mesma treva: brilha.
Desde sempre ou desde nunca para sempre ou não:
brilha.
Uma pequenina luz bruxuleante e muda
Como a exactidão como a firmeza
como a justiça.
Apenas como elas.
Mas brilha.
Não na distância. Aqui
No meio de nós.
Brilha.
Jorge de Sena
2 comentários:
este Homem era mesmo Engenheiro
de corpo inteiro.
conheço por experiência própria a dor do exílio.
de nascer numa pastagem que nos explora como contribuinte, como coisa animado sem direito a pensar pela sua própria cabeça.
quando vejo ou ouço o sô zé metido na sua triste vaidade
verifico que todas as representações de vanitas são apenas caveiras
Vi mulheres extasiadas com o saxofone do Charlie Parker, pela simples razão de que a firmeza do toque parecia garantir o céu, nem que fosse por momentos. As mulheres têm destas coisas, mesmo que seja por breves momentos. Depois! Depois escolhem um músico que tenha um toque menos firme, mas que as sirva para toda a vida.
Fanan - 10/01/2010
Estas Mulheres são as mulheres dos politicos que nos têm governado desde o 25 de Abril. E Nós( leia-se o povo), achamos que mais vale um toque menos firme para toda a vida, que alguem que nos abane com o extasiar de uma música nova que não estamos preparados para dançar. Desculpem lá este desassossego.
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