Clip: As vozes pertencem a Marilyn Horne e Joan Sutherland e a música é de Jacques Offenbach.
«Somos poucos mas vale a pena construir cidades e morrer de pé.» Ruy Cinatti joaogoncalv@gmail.com
31.12.11
UM PRINCÍPIO FELIZ DE ALGUMA COISA
Clip: As vozes pertencem a Marilyn Horne e Joan Sutherland e a música é de Jacques Offenbach.
O EMBLEMA DA DECADÊNCIA
À ATENÇÃO DE UM RESIDENTE NA SIMPÁTICA VILA DA MARMELEIRA
Eduardo Cintra Torres, CM
VIDA NOVA
«De facto, Portugal começou a mudar. O poder e a sociedade estão cada vez mais conscientes de que os tempos do aventureirismo socialista são irrepetíveis, aliás, porque escasseia o dinheiro para sustentar as ilusões e alimentar as clientelas.»
O TEMPO E OS FACTOS
«NÃO FALARIAM DE ENSINO DURANTE UMA DÉCADA»
David Levy, Lisboa ~Tel Aviv
30.12.11
RENOVAÇÃO DA LÍNGUA DE PAU
29.12.11
UM DESTINO PORTUGUÊS
28.12.11
DA VIDA DA LÍNGUA
27.12.11
CAMINHOS E MÃO DE FERRO
AO CONTRÁRIO
A QUEDA
26.12.11
O MITO DAS "BOAS NOTÍCIAS"
DA LEALDADE
25.12.11
ABSOLVIÇÃO
O CAPITAL INVISÍVEL
Pedro Passos Coelho, 25.12.11
A LUZ QUE BRILHA NAS TREVAS
24.12.11
«I HOPE AGAINST ALL HOPE»
Foto: Giotto
23.12.11
O NOVO LADO BOM DA FORÇA
O QUE FALTOU
DE COMO AJUDAR A DAR CABO DA CP
Pinho Cardão
22.12.11
FACTOS E FANTASMAS
21.12.11
ADESÃO À REALIDADE
ANTES DE TUDO O MAIS
20.12.11
EVOLUÇÃO
19.12.11
A REALIDADE ATERRA EM ESPANHA
APRENDIZES DE KIM
18.12.11
«RIR DE NÓS MESMOS E DOS OUTROS»
Vaclav Havel, em 1999 (citado pela Lourdes Féria)
VITORIOSOS OU MORTOS
17.12.11
(IN)GRATIDÃO
16.12.11
PRÉMIO LAURENTINO
15.12.11
COISAS BOAS
AO CUIDADO DO DEPUTADO PEDRO NUNO SANTOS
«A dívida instalou-se na cultura ocidental, e de um modo cada vez mais constante e avassalador, desde que se privilegiou de um modo absoluto a relação com o futuro, concebendo-o como um horizonte que acolhe e compatibiliza todas as promessas e expectativas, por mais contraditórias ou inviáveis que fossem. Foi isso que, antes de todos, percebeu Nietzsche, o mais visionário dos filósofos do século XIX. Foi no segundo ensaio do seu livro A Genealogia da Moral, de 1887, que ele perspicazmente sugeriu que a sociedade não resulta da troca económica (como pensaram A. Smith ou K. Marx), nem assenta na troca simbólica (como viriam a defender as perspectivas antropológica ou psicanalítica), mas que ela se organiza a partir do crédito. Ou mais precisamente, da relação credor-devedor. A grande intuição de Nietzsche foi a de que é a assimetria entre o crédito concedido e a dívida assumida que, desde os seus primórdios, está no fundamento de toda a vida social, antes mesmo da produção e do trabalho. Destacando a proximidade, em alemão, entre o conceito de dívidas (Schulden) e a noção de culpa (Schuld), Nietzsche defende que a chave da organização da sociedade se encontra na sua capacidade para fabricar homens capazes de prometer, e nos seus múltiplos mecanismos para obrigar a honrar as promessas feitas. Teria sido esta a origem da memória, que seria o lugar do mais remoto aparecimento da consciência individual, e nomeadamente dos sentimentos de medo, de má consciência ou de culpabilidade.»
14.12.11
13.12.11
A LÍNGUA É MUDA
e vejo o que não vi nunca, nem cri
que houvesse cá, recolhe-se a alma a si
e vou tresvaliando, como em sonho.
Isto passado, quando me desponho,
e me quero afirmar se foi assi,
pasmado e duvidoso do que vi,
m'espanto às vezes, outras m'avergonho.
Que, tornando ante vós, senhora, tal,
Quando m'era mister tant' outr' ajuda,
de que me valerei, se alma não val?
Esperando por ela que me acuda,
e não me acode, e está cuidando em al,
afronta o coração, a língua é muda.
Sá de Miranda
12.12.11
ERA UMA VEZ NO ALGARVE
RAZÕES PARA NUNCA O ESQUECER
Luís Marques Mendes, CM
11.12.11
O DR. SERRA
Clip: Alfredo Kraus - e Mirella Freni - em Faust, de Gounod. Em Fevereiro de 1982, Serra Formigal trouxe Kraus ao São Carlos para protagonizar esta ópera. As outras récitas ficaram a cargo do nosso Carlos Jorge. Já desapareceram os três. Uma tristeza.
MANDATO SOCIAL
Denunciar a tinta
gasta em discursos.
Os mitos criam-se de baixo para cima.
As plantas enraízam
e só depois recortam o céu
ou são colhidas para efeitos vários.
O boletim metereológico diz que vai chover,
mas nunca se sabe se vem um ciclone,
e então salve-nos Deus
se não soubermos prever
os alicerces,
o boato dito pelo telefone,
o sonho, esse mesmo, em que se morre
de estupidez, o coração a bater
como de cavalo que ganhou a corrida
e é levado pelo dono
ao parque do hipódromo.
Basta de balancé
entre o que é, o que virá, o que não é.
Basta de poetas com as mãos cruzadas
e de operários a cair de sono.
Basta de velhotes impotentes
a fornicar sabedoria antiga.
O mandato social é desobriga
como na Páscoa a comunhão dos homens.
Somos poucos mas vale a pena construir cidades
e morrer de pé.
Ruy Cinatti, Archeologia ad Usum Animae
QUE VENHAM DA INTELIGÊNCIA
...
10.12.11
COISAS BOAS
CIMEIRAS "DECISIVAS"
Vasco Pulido Valente, Público
9.12.11
LATITUDES
É O QUE HÁ
8.12.11
MESMO QUE O TÉDIO DE UM MUNDO FELIZ VOS PERSIGA
Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso.
É possível, porque tudo é possível, que ele seja
aquele que eu desejo para vós. Um simples mundo,
onde tudo tenha apenas a dificuldade que advém
de nada haver que não seja simples e natural.
Um mundo em que tudo seja permitido,
conforme o vosso gosto, o vosso anseio, o vosso prazer,
o vosso respeito pelos outros, o respeito dos outros por vós.
E é possível que não seja isto, nem seja sequer isto
o que vos interesse para viver. Tudo é possível,
ainda quando lutemos, como devemos lutar,
por quanto nos pareça a liberdade e a justiça,
ou mais que qualquer delas uma fiel
dedicação à honra de estar vivo.
Um dia sabereis que mais que a humanidade
não tem conta o número dos que pensaram assim,
amaram o seu semelhante no que ele tinha de único,
de insólito, de livre, de diferente,
e foram sacrificados, torturados, espancados,
e entregues hipocritamente â secular justiça,
para que os liquidasse «com suma piedade e sem efusão de sangue.»
Por serem fiéis a um deus, a um pensamento,
a uma pátria, uma esperança, ou muito apenas
à fome irrespondível que lhes roía as entranhas,
foram estripados, esfolados, queimados, gaseados,
e os seus corpos amontoados tão anonimamente quanto haviam vivido,
ou suas cinzas dispersas para que delas não restasse memória.
Às vezes, por serem de uma raça, outras
por serem de urna classe, expiaram todos
os erros que não tinham cometido ou não tinham consciência
de haver cometido. Mas também aconteceu
e acontece que não foram mortos.
Houve sempre infinitas maneiras de prevalecer,
aniquilando mansamente, delicadamente,
por ínvios caminhos quais se diz que são ínvios os de Deus.
Estes fuzilamentos, este heroísmo, este horror,
foi uma coisa, entre mil, acontecida em Espanha
há mais de um século e que por violenta e injusta
ofendeu o coração de um pintor chamado Goya,
que tinha um coração muito grande, cheio de fúria
e de amor. Mas isto nada é, meus filhos.
Apenas um episódio, um episódio breve,
nesta cadela de que sois um elo (ou não sereis)
de ferro e de suor e sangue e algum sémen
a caminho do mundo que vos sonho.
Acreditai que nenhum mundo, que nada nem ninguém
vale mais que uma vida ou a alegria de té-la.
É isto o que mais importa - essa alegria.
Acreditai que a dignidade em que hão-de falar-vos tanto
não é senão essa alegria que vem
de estar-se vivo e sabendo que nenhuma vez alguém
está menos vivo ou sofre ou morre
para que um só de vós resista um pouco mais
à morte que é de todos e virá.
Que tudo isto sabereis serenamente,
sem culpas a ninguém, sem terror, sem ambição,
e sobretudo sem desapego ou indiferença,
ardentemente espero. Tanto sangue,
tanta dor, tanta angústia, um dia
- mesmo que o tédio de um mundo feliz vos persiga -
não hão-de ser em vão. Confesso que
muitas vezes, pensando no horror de tantos séculos
de opressão e crueldade, hesito por momentos
e uma amargura me submerge inconsolável.
Serão ou não em vão? Mas, mesmo que o não sejam,
quem ressuscita esses milhões, quem restitui
não só a vida, mas tudo o que lhes foi tirado?
Nenhum Juízo Final, meus filhos, pode dar-lhes
aquele instante que não viveram, aquele objecto
que não fruíram, aquele gesto
de amor, que fariam «amanhã».
E, por isso, o mesmo mundo que criemos
nos cumpre tê-lo com cuidado, como coisa
que não é nossa, que nos é cedida
para a guardarmos respeitosamente
em memória do sangue que nos corre nas veias,
da nossa carne que foi outra, do amor que
outros não amaram porque lho roubaram.
Jorge de Sena, Carta a meus filhos sobre os fuzilamentos de Goya
CONTRA OS MATERIALISTAS GROSSEIROS
É SIMPLES
ESTIMULANTE E PREOCUPANTE
GENTE FELIZ SEM LÁGRIMAS
7.12.11
O COMENDADOR E A EUROPA
COISAS BOAS
Adenda: Esta sugestão de Vítor Dias também é uma coisa boa.
UMA TRAGICOMÉDIA
A NÓDOA NO MELHOR PANO
6.12.11
A CIFRA DAS NOVIDADES LIXO
Lourdes Féria, With Bubbles
O HOMEM, NATURALMENTE
5.12.11
OS CAMINHOS TORTUOSOS DA SENHORA
4.12.11
EM DEFINITIVO
Vasco Pulido Valente
PANÓPTICO
3.12.11
JOSÉ MENSURADO, UM HOMEM DA TELEVISÃO PORTUGUESA
UMA SOCIEDADE DECAPITADA
E como é isso que se combate?
Não sei, infelizmente não há, nestas coisas, um batalhão para a moralidade pública… Olhe, é um caso parecido com o do investimento e a propriedade. Em Portugal há uma opinião firme contrária à propriedade, contrária à empresa privada, contrária ao investimento. Qualquer português que eu conheça gosta imenso da sua propriedade, e odeia e detesta a propriedade dos outros. Isto não dá condições de investimento, de desenvolvimento.
Isso vem-nos de onde?
É uma grande mistura. Portugal nunca teve uma tradição nem liberal, nem individualista. Talvez o facto de estar, por um lado, muito ligado à Igreja católica, por outro muito dependente do poder central, do Estado monárquico ou do Estado republicano, tenha criado esta dependência. Faz-me lembrar os tempos da China de Mao Tse Tung: havia 600 milhões de chineses vestidos da mesma maneira, a mesma túnica, o mesmo chapéu, aquilo era horrível, horrível, era o retrato do totalitarismo. A própria palavra empresário é mal vista, a tal ponto que agora não se diz empresário, diz-se empreendedor, o que eu acho absolutamente ridículo. O empresário desenhou-se no tempo de Karl Marx, é um dos agentes mais revolucionários da história, que junta os factores de produção – capital, terra, máquinas, imóveis, comércio –, e organiza tudo isso.»
CELA VA DE SOI
Miguel Esteves Cardoso
2.12.11
A DOUTA IGNORÂNCIA*
*com a devida vénia.
O OXÍMORO SOCIALISTA
Vasco Pulido Valente, Público