31.3.07

O "SANTA MARIA", VERSÃO 2007



Obrigado, populares, já temos o CDS/PP connosco. Obrigado, populares.

"TU QUOQUE"?

Cavaco Silva tem uma lei para vetar em Belém - ele sabe perfeitamente qual é - mas a sua prioridade vai para uma "auditoria" ao Palácio por parte da EDP e do INETI para tornar a sua casa oficial "energeticamente eficiente" (palavra de honra). Tu quoque?

GATO POR LEBRE

Caro Paulo, percebo perfeitamente onde é que V. quer chegar com essa do "café". Todavia, existe uma diferença abissal entre não saber quanto custa um café ou um bilhete de metro (Barroso) e votar em gato por lebre.

O DESCALABRO ÉTICO

Os jornais dão conta dos gastos dos gabinetes ministeriais dos últimos três governos. Segundo um deles, pagámos quatrocentos e oitenta euros cada um para sustentar a chamada "gestão flexível", as secretárias, os adjuntos, os motoristas e toda essa corte que acompanha qualquer gabinete que se preze. Consta que o actual - o do domingueiro licenciado - é o que mais gasta. Também é natural. Para controlar um país inteiro é preciso comprar muita gente e ter muito dinheiro. Há dias, a propósito da simbólica "vitória" televisiva do Doutor Salazar falei de descalabro ético. Mais palavras para quê?

MOMENTOS CHÁVEZ* À VISTA


Começou a ser publicada em Diário da República, no âmbito do maravilhoso PRACE, uma série de leis orgânicas de organismos públicos. Isso significa que abriu a época da caça aos lugares que, na maioria dos casos, exige prévia exibição do cartãozinho ou a palavrinha certa do camarada certo. Os camaradas incertos não servem. Aqueles que apreciam dedicar-se à contabilização da rapaziada, têm agora um momento de "ouro" ou "Chávez", conforme preferirem. Basta prestar atenção.

*Copyright Abrupto

REQUIEM


Venho do CCB onde assisti ao Requiem de Verdi, interpretado pelo coro do Teatro Nacional de São Carlos e pela Orquestra Sinfónica Portuguesa. Bons solistas da "safra" Pinamonti que hoje termina. O ex-director artístico disponibilizou-se por carta- a meu ver mal, porque esta gente não merece consideração de maior - para assegurar a transição para o sr. Dammann e para os "boys and girls" que se seguem (porventura os mesmos ou idênticos o que vai dar ao mesmo). Naturalmente isso implicava novo contrato porque ninguém trabalha de borla. O prof. Carvalho chamou Pinamonti à Ajuda e, na presença de uma "testemunha idónea" porque ubíqua (vamos, em breve, com certeza ouvir falar dela), comunicou-lhe que não havia mais contratos. Mandou o serventuário embora já que, com este, o assunto tratar-se-á na devida altura. Com todos os seus defeitos e virtudes, Paolo Pinamonti não merecia esta "expulsão" digna do pior PC. É por isso que apreciei tanto uma ideia lida num jornal há uns tempos, justamente a propósito do "caso Pinamonti". Sair do PC é fácil. Tirar o PC de dentro dos que dele saem é que é impossível.

30.3.07

A "INDEPENDENTE"

Uma das coisas curiosas a propósito do estabelecimento comercial denominado "Universidade Independente" é a idade dos alunos. Pelo menos daqueles que dão a cara nas televisões e pontapés nas portas. Tudo pessoas que podiam ser pais do average aluno universitário, adolescente e alheado da realidade. Deste género, nem rasto. Mariano Gago prepara-se para trancar o estabelecimento. Aliás, deve ser o único no mundo que, ao fim de uns míseros anos, destrói coisas sem importância como o registo da "vida académica" dos seus alunos. Que papéis pode aquele estabelecimento, afinal, certificar? Ao certo, que alunos e que professores são aqueles? Que "cursos" frequentaram? Tiraram um ou limitaram-se a levar um papel para casa a dizer que é "dr.", sim senhor? O papel vale alguma coisa ou foi "passado" pela empregada de limpeza ou escrito num salto nocturno furtivo através de uma janela? Incomoda-me pensar que podem andar por aí "doutores" arranjados assim. Talvez o "boca-a-boca" tivesse levado as tais pessoas "de idade" a procurar, no referido estabelecimento, uma "mais-valia" para os seus currículos. É normal e é humano. O que não é normal nem é humano, mas sim puro caso de polícia, é a venda de gato por lebre ou o gato virar lebre sem saber bem como. Nenhuma daquelas reitorais figuras que foram aparecendo nos últimos dias inspira a menor confiança nem sequer a um cego. Algumas delas já estão, como lhes compete, detidas. É por estas e por outras que, ao ouvir falar em "qualificação" pela boca de determinadas pessoas, me apetece puxar da pistola que não possuo.

29.3.07

A LUA NA SARJETA


"Aquilo que os políticos entendem como jornalismo de referência não é aquele que se caracteriza pelo rigor das suas investigações. Mas sim o que fala dos assuntos do costume. Esta previsibilidade levou a chamada imprensa de referência, por exemplo, a ignorar aquilo que designa como delinquência. Na imprensa de referência só se assaltam bancos. Não se assaltam pessoas. Só morrem modelos por anorexia. Jamais se fala dos taxistas que levam facadas... E, claro, não se investiga o currículo de um líder mas enchem-se páginas com as guerras pela liderança de qualquer distrital partidária. Realmente é lastimável!", escreve a Helena Matos na derradeira página do Público. Lá dentro, Constança Cunha e Sá perpetra contra o Doutor Salazar, "recauchutado" numa espécie de "Belas e o Mestre" da RTP. E termina com a melancólica conclusão - a partir do meritório quarto lugar alcançado por D. Afonso Henriques, o labrego que instituiu o "sítio" - de um "estudo" recente: a maioria preferia ser espanhola. Realmente Salazar foi um dos últimos patriotas quando ainda valia a pena sê-lo. De resto, como nota a Matos - e o artigo da Constança em parte confirma -, os jornalistas "de referência" preocuparam-se todos mais com um morto do que com a sarjeta em que o dr. Santos Silva os meteu a todos indiscriminadamente. Pelos vistos, estão bem uns para os outros.

A QUESTÃO DELES

Será que a Fernanda e os seus "costistas" tardios pretendem criar uma estúpida "questão religiosa" em pleno século XXI?

O TELEFONE E O PAÍS

"Devemos ensinar às criancinhas que Salazar foi mau ou que Cunhal tinha más ideias? Talvez. Mas seria preferível prepará-las para resistir à mentalidade da guerra civil, à mania para chamar "fascista" a quem pensa de uma maneira diferente, ou ao hábito de reivindicar em exclusivo a "democracia" e a "modernidade". Sessenta mil telefonemas a favor de um Salazar em confronto com Cunhal num concurso televisivo não chegam para fazer uma Frente Nacional. Mas há gente à esquerda que gostaria de transformar esses telefonemas numa Frente Nacional - porque precisa de um par à altura para criar o ambiente em que a sua própria intolerância possa parecer justificada. Por isso, meu caro leitor, se lhe aconteceu chegar ao fim deste texto a pensar que o autor quis "branquear" Salazar e portanto é um "fascista", faça isto: procure um espelho, ponha-se em frente, e o que vir no espelho, pode ter a certeza de que é um "fascista". Tente então resistir a esse "fascista". Não pergunte por quem os telefones tocam: é por si."

Rui Ramos, in Público de 28.3.07

O RETRATO


Três amigos cuja sensibilidade e inteligência aprecio, o Eduardo, o Tomás e o Francisco, "dão-me ganas" de prestar atenção ao "Portugal, um retrato social", do António Barreto, na RTP, coisa que, por motivos profissionais, não acompanhei na primeira sessão. Todavia, o exemplo do Tomás, da mulher que contou que, há trinta anos, "foi transportada de carroça na altura do parto", que "estava a duas horas da assistência mais próxima" e que "a criança nasceu no caminho e morreu antes de chegar ao destino", parece "tirada" da trágica saga das maternidades do dr. Correia de Campos, em 2007. Amigos: não se precipitem nas conclusões "rousseaunianas". Ainda é cedo. O Francisco explica porquê.

28.3.07

AO CAFÉ


A personagem mais famosa que "anda por aí" vai estar amanhã à noite no Café Nicola, pelas 21.30 horas, numa iniciativa do "Chris" e da Rádio Europa-Lisboa, na sessão final de um ciclo de conferências dedicado à cidade de Lisboa, dirigido por Pedro Quartin Graça. Sim, é verdade. Eu "gosto" do homem. Fraquezas de um "anarquista de direita*."

*Esta é para responder a um "anónimo" que perguntou lá para baixo se este blogue era de extrema-direita.

GOSTOS REBELDES


A sra. ministra da Cultura - que manifestou desinteresse num "museu do Estado Novo" (não deixa de ter alguma razão: se não consegue cuidar dos que tem, para quê meter-se em mais alhadas?) - largou, com os brilhantes resultados que se conhecem todos os dias, os teatros nacionais nas mãos desse grande ideólogo político-cultural que é o prof. Mário Vieira de Carvalho, o verdadeiro ministro. Contaram-me outro dia que o Director-Geral do Tesouro convocou a dupla Fragateiro- Castanheira - os da FNAT ressuscitada no Rossio - para uma reunião para se fazerem umas continhas à SA. O leitor Nuno Mendes - ou Nuno Gonçalves Moura - deixou um comentário neste post que, afinal, pode ajudar a "ler" a referida reunião. E ainda há amigos e amigas minhas "à espera de serem chamados" para serventuários do prof. Carvalho. Há gostos para tudo.

Adenda: Do Augusto M. Seabra, sobre o São Carlos e a dispensa de Paolo Pinamonti pelo prof. Carvalho, esta "Deriva": "entre a tutela e o director do teatro ocorreu agora uma divergência de entendimentos por aquela designada de “hermenêutica da pré-compreensão”, respeitante à anunciada instituição de um novo organismo artístico público que aglutinará o São Carlos e a Companhia Nacional de Bailado, sendo todavia que os directores artísticos dessas instituições são designados directamente pela tutela e não pelo órgão dirigente da nova estrutura."

O VOTO NÃO É A ARMA DO POVO


Logo a seguir ao "25 de Abril", o MFA fez circular uns cartazes com a máxima "o voto é a arma do povo", verdadeiramente esperançado que o "povo" não votasse. Ou, se votasse, votasse "à esquerda", leia-se PC, MDP e adjacências. O "povo", pelo contrário, começou logo em 75 a inclinar-se para o "centrão". Em resposta àquilo, os anarquistas instavam a que o "povo" não votasse para não ficar "desarmado". Começo, ao fim de tantos anos, a dar-lhes razão. Em 2001, votei Santana Lopes para a Câmara de Lisboa. Foi para o governo. Em 2002, votei no dr. Barroso para o governo. Foi para Bruxelas. Em 2005, votei na dra. Nogueira Pinto outra vez para a Câmara. Acabou de partir para parte incerta. Em 2006, não votei Cavaco para ter um Jorge Sampaio revisto, corrigido e aumentado. O único que permanece firme e hirto e, tal como o Doutor Salazar, "está e fica como se nunca fosse deixar de estar", é o mais famoso licenciado em engenharia civil do país. Péssima consolação. Decididamente o voto não é a arma do povo.

27.3.07

TUDO O QUE ELE ESCREVEU E TUDO O QUE NÃO ESCREVI


Na epígrafe ao seu "diário", editado em dois volumes pela ASA, Eduardo Prado Coelho (a quem desejo daqui rápido restabelecimento) socorreu-se de uma frase de Ludwig Wittgenstein da qual saiu o título desses dois livros: "tudo o que não escrevi". Eduardo Pitta - que faz o favor de ser meu amigo e de me aturar - prepara a saída da sua "Intriga em Família", da Quasi, onde reúne textos seus publicados no Da Literatura entre 2005 e 2007. Também aqui houve o mesmo propósito, um dia. Chegaram a reunir-se os textos, esboçaram-se os capítulos, falou-se com a Constança Cunha e Sá. Esse projecto ficou, afinal, nisso: num projecto. Apenas mais um acto falhado. Adiante. O Eduardo não é facilmente enquadrável nas capelas em vigor e, justamente, tem pago o preço disso. O seu "Metal Fundente", também da Quasi, reúne uma série de ensaios/pequenas biografias literárias de poetas nacionais e estrangeiros e constitui uma preciosa raridade no género, sem flutuações desnecessárias ou pirosas afectações. O Eduardo escreve enxuto, como eu gosto. É quanto basta para tornar a sua "Intriga em Família" indispensável. Não é tudo o que ele escreveu, mas já é muita coisa.

A INEVITABILIDADE


Ainda nem há uma semana, o dr. Marques Mendes ia sendo declarado inimputável por ter proposto a redução de impostos. Em Bruxelas, o prof. Teixeira dos Santos admitiu essa redução lá mais para diante, quando o défice passar de excessivo a virtuoso. Calhará provavelmente em 2008-2009, mas isso é apenas um detalhe de calendário. Em suma, e embora todos lhe batam - nos media, nos blogues e, sobretudo, no seu próprio partido -, Marques Mendes limitou-se a antecipar uma inevitabilidade política.

TODOS OS HOMENS

Fernanda, prefiro partilhar o que nos une. Quando li o livro do Roth, escrevi: "Depois de uma vida cheia, o protagonista de Roth em Everyman, morre sozinho, sem dar por isso. Em Portugal, morremos todos os dias um bocadinho. Sozinhos. Sem darmos por isso e com alguns, os mais imbecis, contentinhos." Como V., felizmente, é uma descontente militante, ofereço-lhe este pedaço. E porque sei que não me respondeu a pensar num pôr-do-sol no Cairo visto a partir das Amoreiras ou no "jornalismo de sarjeta" do dr. Silva. Todavia neste último convinha-lhe pensar.
"Nothing could extinguish the vitality of that boy whose slender little torpedo of an unscathed body once rode the big Atlantic waves from a hundred yards out in the wild ocean all the way in to shore. Oh, the abandon of it, and the smell of the salt water and the scorching sun! Daylight, he thought, penetrating everywhere, day after summer day of that daylight blazing off a living sea, an optical treasure so vast and valuable that he could have been peering through the jeweler's loupe engraved with his father's initials at the perfect, priceless planet itself - at his home, the billion -, the trillion-, the quadrillion-carat planet Earth! He went under feeling far from felled, anything but doomed, eager yet again to be fulfilled, but nonetheless, he never woke up.(...) He was no more, freed from being, entering into nowhere without even knowing it."

A OTA E OS SEUS ALPINISTAS

Prontos, Eduardo. Está justificada a Ota, não é verdade?

O GRANDE ESCULTOR

Estes, ao menos, aprenderam alguma coisa com o decurso do tempo, esse grande escultor.

A SÉRIO

A Fernanda afirma não conhecer ninguém que tivesse "votado" em Salazar no concurso da RTP. Mentira. Conhece-me a mim. De resto, ela e dois jornais diários que costumo ler - o Público e o Diário de Notícias - dedicam-se hoje a exorcizar a pirrónica e caricatural "vitória" do antigo presidente do conselho. Fora Eduardo Lourenço - que, ao viver lá fora, enxerga melhor - todas as aves canoras que se pronunciaram vão sensivelmente no mesmo sentido rasurante da história. É claro que o resultado do concurso não vale nada a não ser a título simbólico. Por isso, vir com sondagens das respeitáveis empresas do costume, é malhar em ferro frio. Afonso Henriques, Vasco da Gama, Camões ou Pessoa são tão consensuais como um bitoque num restaurante. Já os "mortos-vivos" mais recentes não são, e não são precisamente por culpa da rasura militante que lhes foi imposta pela ditadura da correcção política dos últimos anos. Tivesse a democracia "absorvido" a história contemporânea portuguesa sem os "traumas" evidenciados, por exemplo, no texto da Fernanda, e outro galo cantaria. Já agora, Fernanda, por que é que não se preocupa antes com os seus colegas "amigos" do ministro Santos Silva que o inspiraram a separar o "jornalismo de sarjeta" do seu privativo "quadro de honra" do jornalismo nacional? É que sério, ao menos, o Salazar era. A sério.

LER OS OUTROS

"A direita está órfã das suas principais referências democráticas, por este ou por aquele motivo. Instintivamente, volta-se para trás à procura de um ponto de apoio."

José Medeiros Ferreira, in Diário de Notícias

GARZÓN SUPERSTAR


Passou por cá, a convite do dr. Jaime Gama, o campeão mundial da luta contra a corrupção e contra as ditaduras, o juiz Baltazar Garzón. Garzón é aquela criatura que decidiu dar caça, a partir da gloriosa Espanha dos Filipes e de Franco, a tudo o que no mundo inteiro perturbou o normal curso da história, mais conhecido por "progresso". Internamente, Garzón, desde o dia em que Felipe Gonzalez não o colocou como ministro da Justiça, destacou-se a abater e a tentar abater os políticos "corruptos" uma vez que ele, o imaculado, não teve o acesso que pretendia a essa boda infame e permanente que é a "política". Fica-se sempre com a ideia de que não há mais nenhum juiz em Espanha, já que Garzón "vai a todas", desde a corrupção a Pinochet, passando pelos terroristas. Por tudo isto, o magistrado espanhol é seguramente tido como a Irmã Lúcia das magistraturas mundiais ou o Ronaldo da investigação criminal. Veio cá fazer o que ele gosta de fazer: dar espectáculo. Meio regime acorreu ao Parlamento e, por um dia, sossegaram-se as consciências no que toca ao combate à corrupção. Hoje, como se nada se tivesse passado, a corrupção continua naturalmente a fazer o seu costumeiro caminho. O "combate" também. Quanto mais se fala nele e mais capas de jornais se lhe dedicarem, menos efeitos ele produz. Mas isso não interessa nada. Garzón fez o seu número. E nós fingimos que acreditamos. Nele e nos seus epígonos nacionais. Aliás, alguém se importou que um famoso arguido, acusado, "perseguido" etc., etc. tivesse, em directo e na tv pública, jurado que não ia a julgamento e que jamais seria condenado? Podiam ter passado esse video ao sr. Garzón. Só para ele perceber o tipo de gente a quem veio dar explicações.

26.3.07

A PRESIDÊNCIA


Portugal vai preparar um novo tratado europeu, lê-se por aí e ninguém se ri. Depois do episódio abortivo que distraiu o país durante umas boas semanas, de pseudo-debates sobre a Ota e das desventuras da direita suicidária (Paulo Portas ter-se-á apercebido de que, cada vez que se falava na "crueldade" de D. João II para com os "seus", defensor e defendido se confundiam em directo?) a"presidência europeia" calha que nem ginjas. E então com a desculpa de uma nova "agenda Lisboa 2007", a propaganda já esfrega as mãozinhas de contente. Ao menos que o país páre para pensar, se é que é possível que pense. Dou apenas um exemplo. Quando o ministro da tutela "sugere" que se deve perseguir o "jornalismo de sarjeta" - uma nebulosa que implica uma selecção e uma actividade censória - gostava de ver homens de barba rija como a jornalista Leonor Pinhão indignarem-se tanto com isto como se indignam com coisas menores. É que, ao contrário do "outro", o dr. Santos Silva está vivo e bem vivo. Será que se recomenda?

VALEU A PENA

Um comentador do post anterior acusa-me de contradição. Se Salazar é o que nós somos, como posso eu "defendê-lo"? No programa da D. Elisa, já no fim, quando ninguém estava a ver, disseram-se duas ou três coisas relevantes. Em primeiro lugar, tratou-se de um concurso, de um entretenimento, e não de uma revisão da história. Em segundo lugar, os 41% do Doutor Salazar, num universo de 200 mil votantes, é uma pequena mas significativa manifestação de desagrado pelo "estado da arte" democrática. Por fim - digo-o eu - Salazar foi, perante o descalabro ético deste regime, um grande visionário quando nos classificou como ingovernáveis. Não era ele anti-moderno, anti-cosmopolita e profundamente "da terra"? Em que é que nós somos diferentes desta concepção? O salazarismo limitou-se a dar sequência à saga do "Portugal dos pequeninos" que continuamos a ser às mãos do pobre ilusionista Sócrates. Salazar, o homem, esse permanece exemplar na probidade e no sentido - dele, naturalmente - do serviço público. Só para assistir ao incómodo da meia dúzia de luminárias do regime por causa do resultado de um concurso - como se eles fossem os donos das consciências dos outros graças à sua suposta "superioridade" democrática ou intelectual - já valeu a pena.

25.3.07

O QUE NÓS SOMOS


Marcelo deu uma valente "sova" em Paulo Portas. Em síntese, explicou que, com os mesmos de 2002/2005, a "direita" não vai a lado nenhum em 2009. Não iria na mesma. Um dos problemas mal resolvidos da direita é julgar-se "herdeira" de uma "tradição" não-salazarista que nunca chegou a existir. Marcello, o outro, existiu pouco e o pouco que existiu pode resumir-se a um título sádico: os infortúnios da virtude. Os seus epígonos nunca passaram de satisfatórios académicos e de políticos infelizes. A direita é "centrona" porque tem medo do fantasma do Doutor Salazar. O único serviço público que a RTP pode prestar ao país com o concurso da D. Elisa, "Os Grandes Portugueses", é anunciar a "vitória" do homem que moldou o país que somos. Ele apareceu depois da ditadura da República - contra ela - ficou à frente da sua durante quase meio século, gerou toda a oposição ao Estado Novo, desde o PC até à oposição "burguesa" - a do exílio e a das prisões - e fermentou as Forças Armadas que o derrubaram depois de morto. Salazar não é um português maior do que qualquer outro. Foi-o, de facto, nos primeiros anos. Agora é apenas o que nós somos.

GRANDES COMEÇOS

"Sou cego, mas não sou surdo. E porque a minha desgraça não é completa, ontem fui obrigado a ouvir, durante quase seis horas, um auto-intitulado historiador cuja descrição do que os Atenienses gostam de chamar "as Guerras Persas" era um disparate de tal ordem que, se fosse menos velho e tivesse mais privilégios, ter-me-ia levantado do lugar, no Odeon, e escandalizado Atenas inteira com a resposta que lhe daria."

Gore Vidal, Criação

EUROPA - 2

Oh José Medeiros Ferreira, não me diga que só agora reparou nisso, depois de tantas presenças no programa da "sotora" Campos Ferreira. A suprema ironia do dia - Europa, remember? - é o Doutor Salazar "derrotar", na "sua" eterna RTP, a SIC-Notícias "democrática" que, sensivelmente à mesma hora da "final" da D. Elisa, entrevista Mário Soares.

EUROPA


Para comemorar os cinquenta anos do Tratado de Roma, encontram-se em Berlim todos os basbaques que dirigem presentemente a Europa. Os "pais" da ideia devem dar voltas nos respectivos túmulos quando se vêem representados por tanta nulidade política e humana. Já são vinte e sete e, se a loucura turca o permitir, qualquer dia só param na Rússia. Com aquele ar atrevido de miúdo a meio caminho entre a Cova da Piedade e Bruxelas, o presidente da Comissão Europeia desfez-se em entrevistas e "ideias" para garantir o seu lugarzinho na "história". Ultimamente "agarrou-se" ao ambiente como se não estivéssemos todos mortos a prazo, apesar das milionárias conferèncias do sr. Gore. Por cá, não houve luminária esclarecida ou analfabeta que não "botasse" discurso ou prosa sobre a Europa. Do "rapto" mitológico até ao governo sem rosto de Bruxelas, o regime esteve e há-de estar bem representado durante o dia nos jornais e nas televisões. Por isso me apetece escrever sobre Francisco Lucas Pires. Lucas Pires foi meu professor e, atrevo-me a dizer, alguém com quem sempre mantive uma enorme cumplicidade intelectual. Conheci-o aos dezoito anos e despedi-me dele, sem o saber, horas antes da sua estúpida morte em 1998. Foi nele em quem votei nas primeiras eleições para o Parlamento Europeu, em 1987, no mesmo dia em que Cavaco Silva arrebatava a primeira maioria absoluta. Nessa altura Pires já tinha sido presidente do CDS - o Paulo Portas, nos corredores da Católica, em 83, exibia com orgulho o seu "liberalismo" através de um auto-colante com o rosto de FLP colocado na lapela- e era, com sucesso, o nosso bem preparado deputado europeu que trouxe a Lisboa os seus amigos do PPE para essa campanha. FLP era um homem de pensamento e, enquanto tal, produziu provavelmente a única mais-valia que o CDS teve nesse campo - o saudoso "grupo de Ofir" - a que também pertenceu o José Adelino Maltez. No PREC, forneceu ao partido uma teorização sobre a constituição ideal ("Uma Constituição para Portugal"), escreveu artigos para uma das melhores revistas de pensamento político da época, a "Democracia e Liberdade", e dava aulas com uma lucidez adivinhativa e tímida própria dos melhores. Nunca foi um político de acção ou de intriga e, como tal, não escapou à tortura das novas e das velhas nomenclaturas do regime e do seu próprio partido. Gostava mais dos homens do que apreciava as suas "arrumações" partidárias concretas e isso foi-lhe fatal. Foi finalmente deputado europeu pelo PSD e alvo do escarninho público de muitos alarves que transformaram o CDS em PP e o PP num circo, bem como de muitos inquisidores de pacotilha cheios de esqueletos no armário. Até Portas arrebatou um orgasmo televisivo contra ele num daqueles seus frenéticos momentos de falso moralismo político. Ontem, ao limpar uma estante de papéis e de jornais inúteis (de vez em quando há que deitar fora partes definitivamente mortas da nossa vida), apeteceu-me reler o livrinho de Lucas Pires na colecção "O que é", neste caso, a "Europa", com um prefácio de Eduardo Lourenço (Difusão Cultural). E ocorreu-me a falta que homens como ele fazem à nossa medíocre vida pública, tão poluída por tantos arrivistas e ignorantes esquecíveis. FLP tratou de "pensar a Europa" num momento em que, cá dentro, toda a gente se preparava para se servir dela. Homens como ele não têm "herdeiros". A gente que se bamboleia entre cá e lá em nome da burocracia de Bruxelas, não lhe alcança sequer os calcanhares. Francisco Lucas Pires chegou cedo demais e partiu cedo demais. Nunca o chegámos a merecer.

24.3.07

TONY


Tony Carreira é aparentemente um ícone nacional. Teve direito a "grande entrevista" da D. Judite de Sousa, a "reportagem especial" na SIC e talvez a qualquer coisa na TVI da PRISA. A RTP comemora os seus cinquenta anos como se tivesse quinhentos e, entretanto, não aprendeu nem esqueceu nada. Salazar não ganhará o programa da D. Elisa porque não precisa. Nunca chegou a sair de nenhuma das televisões, mesmo das outras duas que não criou.

UMA SUGESTÃO

Em vez de se demitir do CDS/PP, por que é que Maria José Nogueira Pinto não se candidata a seu presidente? Sozinha, tem mais biografia que os outros dois juntos.

PROXENETISMO DEMOCRÁTICO

Os jornais divulgam hoje - como divulgaram no passado um relatório idêntico proveniente da Inspecção-Geral de Finanças - uma auditoria do Tribunal de Contas a vencimentos e remunerações acessórias dos titulares do órgão de gestão das Empresas Municipais (2003-2004). A conclusão é a do costume. Os seus administradores/autarcas ganham, em geral, mais do que os titulares máximos de órgãos de soberania. Em Mafra, por exemplo, encontraram-se salários superiores a oito mil euros. Isto é tudo muito bonito e a opinião pública agradece a publicidade. Todavia conviria saber se foram, vão ou alguma vez serão tiradas as devidas ilações deste proxenetismo democrático, por interposto poder local, essa pérola do Portugal "de Abril".

A ALMA ADULTA DO DR. JÚDICE

"Portas foi traído por aquilo que faz dele um notável jornalista, mas um sofrível político: o excesso, a arrogância, o gosto da boutade e do calembour, a auto-suficiência, a alma adolescente", escreveu ontem no Público o dr. José Miguel Júdice. Já agora, dr. Júdice, se o licenciado em engenharia civil mais famoso do país o convidar um dia para o seu governo, será que o senhor declina em nome da sua "alma adulta"?

23.3.07

O CREPÚSCULO


Robert Dessaix, de novo, desta vez em entrevista a Alexandra Lucas Coelho, no Público: "em breve estaremos mortos, e não queremos morrer a pensar que tivemos uma vida vazia, uma vida em que não nos lembramos do que fizemos ontem porque foi o mesmo que fizemos na semana anterior."

O SUPRA-PORTAS - 4

A prosa de ontem da Constança Cunha e Sá já era uma aproximação (Público, sem link). A de Vasco Pulido Valente, de hoje, é mais directa. Sem "desfazer" em ambos - e dando de barato que o Paulo Portas faz hipoteticamente falta à direita e que a amizade é uma coisa muito bonita - não se pode afirmar que ele tenha começado da melhor forma a sua reprise. A menos que volte como entertainer, coisa que ajuda a escrever artigos, a "directos" nas televisões e a derramar nos blogues, mas que não resolve um problema do país. Acontece que nenhum de nós os três, por exemplo, aspira a liderar ou a federar o que quer que seja. Já Portas aspira e suspira por isso. Está-lhe na massa. Julgo que deve considerar o CDS-PP pequenino para tamanha ambição. Ora, neste caso, Portas devia domar a sua matilha privativa e não atiçá-la contra os outros. Porventura deveria até anulá-la. Talvez Portas não seja o pior da coisa. O pior mesmo são os mesmos de Portas. Resta-lhe provar que é melhor do que eles, que sobrevive bem sem eles e, sobretudo, que não é o que eles são. E este resto é, para já, o tudo de Portas.

"O SÔ ZÉ..."

... pelo João Távora, que sempre é um senhor. Por extenso.

DAS VACAS

O dr. Jorge Sampaio presidiu a dez anos literalmente perdidos. O dr. Jorge Sampaio "entrou" no tempo das vacas gordas e saiu com as vacas traumatizadas e esfomeadas. O dr. Jorge Sampaio passou dez anos a falar para o ar. Não contente com esta exibição de pura frivolidade política, o dr. Sampaio, desde que Cavaco lhe sucedeu, não pára. E, pior, não se cala. Acabou de "descobrir" que o desemprego "já não é negligenciável". Certamente que a vaidade solipsista de Sócrates não concede sequer um segundo de atenção a este valente camarada. Se em dez anos ninguém lhe deu, por que raio lhe iriam dar agora?

22.3.07

O ESTADO DO DIREITO

A minha reflexão sobre o "caso Esmeralda Porto" não se alterou. Dito isto, acho no mínimo estranho que, andando a mãe adoptiva "a monte" por se recusar a entregar a criança, a mesma leve a dita a uma sessão de avaliação psicológica, entre e saia da sessão em condições de ser fotografada e que ninguém tenha mexido uma palha para cumprir uma decisão judicial, independentemente do juízo que se faça dessa decisão. Mesmo quando age mal, o famoso "Estado de direito", o tal que nos ensinaram a respeitar na universidade, era suposto existir. Onde é que ele pára?

LER OS OUTROS

"Em qualquer democracia, a contradição entre a biografia oficial do Primeiro-Ministro e os factos, é matéria noticiosa. Ora, se tudo estivesse bem, essa biografia não teria sido mudada há poucos dias, exactamente quando a controvérsia ameaçava passar dos blogues para os jornais (...) Esta não é matéria "de oposição" a não ser que existisse qualquer implicação criminal. Aí sim percebia-se que um partido suscitasse a questão. Fora disso, é uma matéria de opinião pública, que apenas implica uma sanção dessa mesma opinião, tanto mais livre quanto resultar da independência de todos, da comunicação social em particular. Convinha ser muito prudente em proclamações morais que normalmente acabam por cair em cima de quem as faz."

José Pacheco Pereira, in Abrupto

Adenda (minha): Silêncio sepulcral sobre o assunto nas televisões. A oficiosa e as outras.

UM NOME INTERESSANTE

Existe, nestas quatro páginas, um nome interessante. Vem na folha três, no canto inferior esquerdo. Sobre o engº António Morais, apenas três observações. Em 2001, foi proposto a quem de direito a instauração de um processo disciplinar ao então director do "gabinete de estudos e planeamento e instalações" do ministério da Administração Interna por ter autorizado a realização de obras públicas que não se provou destinarem-se ao "serviço de estrangeiros e fronteiras", como o então director do "gepi" sustentava. Esse inquérito foi uma sequela de um outro sobre a "fundação para a prevenção e segurança", uma ideia política do então secretário de Estado Armando Vara e que lhe valeu a demissão a instâncias de Jorge Sampaio. O processo disciplinar não foi aceite e o inquérito foi arquivado. Em 2002, depois de uma auditoria ao dito "gepi", o ministro Figueiredo Lopes demitiu esse director. Em 2005, o actual governo "recuperou" o ex-director do "gepi" e colocou-o a dirigir o "instituto de gestão financeira e patrimonial da justiça" até que um incidente com uma cidadã brasileira, contratada para aquele "instituto", precipitou a queda do então presidente do "instituto". Esse ex-director e ex-presidente de dois organismos públicos é justamente o engº António Morais que, informam-me aquelas páginas, dirige ou dirigiu a "faculdade de engenharia civil" de um estabelecimento comercial chamado Universidade Independente. Fiquei esclarecido. Ele, o engº Morais, é que parece que não.

NOTÍCIAS DE ÓPERA


1. Vale a pena adquirir, às sextas-feiras, os "cd's" com óperas completas que acompanham a edição do Diário de Notícias. Uma excelente selecção.
2. Ainda a despedida de Paolo Pinamonti. Devo ser o único membro da direcção do São Carlos que saiu pelo seu próprio pé, demitindo-se - e não exactamente satisfeito por ter tido de voltar ao "jazigo de família" e não para qualquer sinecura - que tenciona estar presente no evento que a seguir se anuncia.

"Os signatários, exercendo ou tendo exercido a actividade de críticos musicais, seguiram com particular atenção ao longo de seis anos a programação do Teatro Nacional de São Carlos sob a direcção de Paolo Pinamonti. Como críticos, têm os signatários opiniões diferenciadas sobre as propostas artísticas dessa direcção e suas realizações. Mas nunca os signatários se haviam reunido como o fizeram para prestar o seu reconhecimento a Paolo Pinamonti, no momento em que vêem interrompida a continuidade de uma direcção que, face a repetidos constrangimentos orçamentais, tinha manifestado um esforço e uma imaginação continuadas em tentar responder às missões de um teatro nacional de ópera e aos níveis artísticos desejáveis. Mais entendem os signatários não só não serem compreensíveis os termos expeditos com que a tutela dispensou quem tanto tinha prestigiado o São Carlos, como observam com preocupação que um exercício de arbitrariedade política possa interromper a continuidade de trabalhos artísticos, para mais constatando que os responsáveis do Ministério da Cultura procederam ao contrário do disposto no programa do governo, no sentido da existência de "direcções artísticas menos dependentes da lógica de nomeação governamental". Nestas circunstâncias gravosas, entendem os signatários que é devida uma pública homenagem a Paolo Pinamonti, pelo que convidam todos os que se queiram associar para um jantar que terá lugar na próxima segunda-feira, dia 26, no Hotel Vila Galé Ópera (Travessa do Conde da Ponte, junto ao edifício da Orquestra Metropolitana de Lisboa), pelas 20h30. As inscrições e confirmações poderão ser feitas através do mail: bravopinamonti@gmail.com , ou por sms para 969534172 até ao próximo sábado, às 20h00. O pagamento, no valor de 26,5 euros, será efectuado à entrada.

Alexandre Delgado
Ana Rocha
Augusto M. Seabra
Bernardo Mariano
Cristina Fernandes
Henrique Silveira
João Paes
Jorge Calado
Maria Augusta Gonçalves
Rui Vieira Nery
Teresa Cascudo
Vanda de Sá"

PRIMAVERA AUTÓNOMA DA OTA - 2

Mário Lino, o paladino da OTA, começou a recuar. Como? Atirou para a oposição a "culpa" por Bruxelas poder vir a torcer o nariz a tão sublime projecto. Falou em "lesão" dos interesses nacionais - como se ele encarnasse tamanha desígnio - uma vez que, parte dos fundos para a obsessão, vêm da UE. Não percebo como é que uma pessoa inteligente como o Eduardo Pitta acompanha (não é possível outra conclusão) a preclara figura do ministro da Obras Públicas nesta choruda, inútil, mal explicada e mal situada aventura. Eu sei que não é bem este, é mais o senhor engenheiro. Caramba, Eduardo, mas o senhor engenheiro defende-se tão bem.

ANÍBAL E OS ELEFANTES - 2

Aníbal e os seus elefantes arrasaram o velho leão. O venerando ancião, ex-rei da selva, já se contenta com a companhia de mamíferos de raças inferiores. Quando é que voltará a rugir ou ainda não percebeu como a corte amestrada de Aníbal o calou?

ANÍBAL E OS ELEFANTES

Pedro Santana Lopes - esse mesmo, o tal destrambelhado de quem eu gosto - ergueu-se ontem por uns instantes da sua nervosa letargia política para dar uma ajudinha ao senhor engenheiro. Confesso que não consegui perceber o que lhe saiu da boca para fora. Tinha estudos, mandou fazer estudos e mais não sei quê, mas, se fosse ele, não era a OTA nem não sei onde, e por aí fora. Enfim, para quem andava "mortinho" para enfrentar o primeiro-ministro com a sua oratória, Lopes, em segundos, foi apenas patético. A "direita" precisa urgentemente de uma "lavagem ao cérebro", pelo menos dos que o têm. Sócrates está praticamente sozinho em cena, qual Aníbal e os seus elefantes. No meio da bicharada, também estão alguns bichos que, à força de andarem perdidos, seguem a manada sem dar por isso. Nunca é demais lembrar Séneca que escrevia para animais de duas patas. Não há bom vento para quem não conhece o seu porto.

21.3.07

LÁ VAI ELE...


... cantando e rindo.

O SR. CANDAL JÚNIOR

Enquanto trabalho, ouço no pc o "debate mensal". Calhou-me o Candal "júnior" - um jovem estudante universitário eterno, com 36 anos, que não há meio de acabar Economia - a afagar o ego do senhor engenheiro que lhe responde afagando o dele, Candal. Candal e Sócrates: este finge que responde ao outro e o outro finge que o questiona, tecendo patéticos elogios às alegadas benfeitorias do governo. Nem na Câmara Corporativa onde, ao menos, os respectivos membros tinham uma profissão antes de lá chegar. Antes o pai Candal. Sempre não era tão sabujo.

DIAS SEM POESIA


Convencionou-se que hoje é o dia da poesia. É natural como o do avô, o da mãe, o do pai ou um iogurte. Qualquer traste em levitação vira poeta e corre seriamente o risco de, um dia, ganhar um prémio. Sou um devorador de poesia, mas a sério. Não nomeio ninguém para não aviltar a merecida vaidade de meia dúzia de vivos ou a honrada memória de uns tantos mortos. Nesta matéria "pragmatizei-me" há muitos anos. Hoje são-me praticamente indiferentes poetas que, noutros tempos, me martirizavam. E, a cada dia que passa, mais atenção dou à linha solta de um verso sem rosto do que à "obra completa" deste ou daquele. Os jornais e as capelas permitiram que se chamasse "poeta" a muito merdoso contemporâneo. Normalmente não são poetas. São amigos, amantes, conhecidos ou colegas na sala de professores que precisam "urgentemente" de derramar qualquer coisa que os amigos, amantes ou colegas fazem chegar a um bom porto. É quase uma necessidade fisiológica. Em Portugal, claro, tudo piora e muito do que se edita junta-se à mediocridade geral como "épica" possível de um quotidiano pseudo-democrático. A poesia, a verdadeira, não se gere como quem gere um condomínio privado. Não é poeta quem quer e que, como tal e sem vergonha, se afirma. São demasiados dias sem poesia para tanto "poeta".

O INIMIGO


O senhor engenheiro tem desde há alguns dias e agora com a certeza das palavras, um adversário declarado, bem mais imponente e decisivo do que toda a oposição junta. Belmiro de Azevedo "denunciou", antes de sair, quem é que o "tramou" na OPA. Mais. Até acrescentou que o pobre do ministro não contava. Belmiro pode até ter muitos defeitos mas é do melhor que a democracia pariu em matéria de criatividade económica e de criação de postos de trabalho. Não o queria ter como inimigo, porém Sócrates merece ter um inimigo como ele. Todavia, não tenho a certeza que esteja à altura do combate.

PRIMAVERA AUTÓNOMA DA OTA


O senhor engenheiro prepara-se para encher o "debate mensal" - na verdade, o monólogo mensal - com foguetes sobre umas décimas a menos no défice público, um verdadeiro orgasmo nacional. Contenta-se com pouco, não haja dúvida. A "oposição" - e bem - prepara-se para "atacar" com a OTA, um local e um projecto que ameaçam atascar o referido engenheiro até à ponta do seu último cabelo, e a nós, pagadores de parte significativa do delírio imobiliário, por tabela. Também começa finalmente a primavera, a boa notícia do dia, o único debate que vale a pena.

20.3.07

O SR. AMARAL


O nosso sistema representativo parlamentar tem esta coisa medonha: somos representados indiscriminadamente por qualquer deputado. Apesar de eleita por aqui e por ali, a distinta deputação (por causa do "método") é "nacional" e não, como por exemplo em Inglaterra, de origem "local". É por isso que aparecem os "cabeças de lista" mais inverosímeis nos distritos mais inesperados. Há muitos, aliás, que já serviram de cabeça de cartaz em vários distritos. Veja-se o caso do "beirão" Helder Amaral, um senhor dos PP's, partido e Paulo Portas. Este "beirão" - escuta-se o que ele diz e aquilo ressuma Miguel Torga por todo o lado, não haja dúvida - desceu à cidade (ao Caldas) para se indignar com Maria José Nogueira Pinto a quem ameaçou com tribunal. A alusão final à cor da pele foi, aliás, a pérola que faltava para o número do coitadinho ser perfeito. Acontece que não foi porque, a escolher entre ele e Maria José, a opinião pública (não a dos intriguistas manhosos manipulados inteligentemente pelo P. Portas que apenas se serve deles e da sua obtusidade) obviamente não hesita. O sr. Amaral veio de Viseu como podia ter vindo da lua. Não interessa nada. É por estas e por outras que eu, republicano com cada vez mais dúvidas, lamento os fatais dois minutos da esquina do Terreiro do Paço com a Rua do Arsenal. Um homem como D. Carlos I - que tinha a coragem de ser Chefe de Estado "disto" (e bom, por sinal) e de falar "disto" como "piolheira" ou "choldra piolhosa" - só podia ser um visionário. Por isso o abateram e a RTP se prepara para o abater de novo. O tempo está de feição para "beirões" como o sr. Amaral. Força.

Adenda literária: O "melhor" D. Carlos que para aí anda (para já, só para sócios e "amigos de Peniche"), é de Rui Ramos, do Círculo de Leitores. Já li metade e apetece ir "poupando" para durar. Há parágrafos inteiros que podiam ter sido escritos hoje, sobre hoje. A piolheira continua, para pior.

EUROPA: ENTRE A GLOBALIZAÇÃO E GEOPOLÍTICA


Logo, pelas 18h30, o general António Ramalho Eanes profere uma palestra intitulada "Europa: entre a globalização e geoestratégia", na Sala de Exposições da Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa. Quando a política portuguesa atravessa um momento de não-pensamento - tão bem representado pelo deserto socrático, pela "feira do Relógio" da direita e pela preocupante desautorização das chefias militares às mãos de um "académico"- vale a pena escutar um homem da democracia, com biografia, que não se vergou à correcção política.

19.3.07

UMA BANALIDADE INSTITUCIONAL

Às organizações públicas e privadas que envolvem órgãos, dirigentes, membros e alguns princípios orientadores e de funcionamento, aplicam-se regras. E as regras, ou se respeitam, ou não. E, quando não servem, mudam-se de acordo com regras e não à batatada e de "filho da puta" para cima. No caso dos partidos políticos, as pessoas são livres de lhes pertencer. Não me parece, no entanto, que sejam livres para os destruir. Existem "mecanismos" adequados de carácter disciplinar para repôr a legalidade. O ambiente mafioso que se instalou no CDS/PP depois do lamentável dia de ontem, não deixa, na minha opinião, outra saída aos seus órgãos competentes, designadamente ao conselho de jurisdição nacional. É só pedir as gravações e instaurar os processos. "Institucionalistas" como o dr. Portas certamente que não deixarão de concordar com esta banalidade institucional.

PONTO FINAL

O Eduardo Pitta voltou "à carga" acerca da saída de Paolo Pinamonti do São Carlos. Apenas dois ou três esclarecimentos em jeito de "Gato Fedorento/Marcelo". Pinamonti foi um bom director artístico do São Carlos? Foi. Pinamonti foi perfeito e exemplar como "gestor" da instituição São Carlos e como primeiro responsável por ela? Não foi. O que tive a dizer sobre esta matéria, disse-o na carta que enviei à tutela quando me demiti a 7 de Abril de 2003. Está lá arquivada. É só lê-la. Em 2004, concedi uma entrevista à "Rádio Luna" - é só pedir a gravação - na qual defendi a manutenção de Pinamonti como director artístico do Teatro, porém deixando de acumular com a presidência do conselho directivo. Mais. Não o poupei neste blogue, da mesma forma que o elogiei quando achei que devia elogiar. Dito isto, faz sentido afastar Pinamonti da direcção artística do Teatro em nome de um "projecto cultural" de controlo político-ideológico, indefinido na praça pública mas perfeitamente claro na cabeça do prof. Mário Vieira de Carvalho? Não faz. Ponto final.

NADA ACONTECE


"À medida que envelhecemos começamos a perceber que a vida é assim. Nada acontece e a maioria das pessoas é aborrecida." A frase é do escritor australiano Robert Dessaix, numa entrevista à edição do último sábado do Diário de Notícias. A tagarelice em vigor - na política, na cultura e na sociedade -, tão bem representada na generalidade dos media, deixou passar esta bonita conversa. É do melhor dos jornais do fim de semana.

POUCO E MAU

Paulo Portas anda a tentar imitar o dr. Francisco Sá Carneiro de 1978-1979. Mais exactamente o do congresso do cinema Roma. Acontece que nem Portas é Sá Carneiro, nem o CDS/PP é o PPD/PSD. Sá Carneiro integrou o "centro-direita" na democracia apenas cinco anos após a "revolução". Trinta anos depois, Paulo Portas está a "desintegrar" a "direita" com a desculpa que a pretende "unificar". É pouco e mau para quem ambiciona o país. Mesmo que ganhe, já perdeu.

"TOUS MUSICIENS"


No seu "dictionnaire des idées reçues", Flaubert define assim os italianos: "Tous musiciens. Tous traîtres." O Eduardo Pitta tem feito deste aforismo irónico "guião" da sua análise dos trocadilhos em curso no Teatro Nacional de São Carlos. Que me perdoe, mas não me parece que esteja aqui em causa a "derrota" da "escola italiana" pela "escola alemã", sublimemente representada por um membro do governo, um "ajudante" com poderes ocultos aprendidos na boa "escola soviética" da RDA. Não. É mais uma mistura de "lota de Matosinhos" com a "escola de Chelas", apesar de serem todos "BCBG" tardios.

ELES FICAM


"O pequeno partido à direita do PSD", o tal que se pôs às cavalitas do dr. Barroso, esteve de volta a Óbidos. Portas, afinal, não tem melhor para apresentar do que os novíssimos Pires de Lima, Telmo Correia e o sr. Melo, tudo estimáveis criaturas por quem o país manifestamente suspira. Ribeiro e Castro - que até aqui tinha sido inofensivo e inócuo - deixou discretamente passar a imagem que Portas trouxe instabilidade ao partido. Se na intendência as coisas são assim, como serão a seguir, é a pergunta que subrepticiamente Castro quis que ficasse no ar sem ter sequer mexido uma palha. Zezinha fez o resto ao convocar um congresso extraordinário e em ameaçar sair de um partidinho de mal educados. Portas pode ter ganho nas votações dos anódinos e amestrados conselheiros, mas a sua entrada de leão está irremediavelmente condenada. Já se percebeu que Ribeiro e Castro venderá caríssima a sua eventual partida. Eu bem disse que o Paulo não devia voltar ao sítio onde foi feliz com os mesmos infelizes atrás dele. Agora aguente-se nas cenas seguintes da telenovela mexicana a que deu origem e que tanto jeito dão ao senhor engenheiro.

18.3.07

PEDRO E OS SEUS


Pedro Santana Lopes esteve numa entrevista na SIC Notícias (é verdade, gosto do homem, paciência: é "destrambelhado", mas é o "meu" destrambelhado). Durante quase uma hora conseguiu falar do que interessa a quem está na oposição: não olhou excessivamente para si próprio, nem lambeu demasiadas feridas recentes. Foi solidário "qb" com Marques Mendes acerca da proposta de descida de impostos e, pelo menos esta noite, disse sentir-se "bem" no PSD. Insisto, embora isto me valha muita acrimónia. Mendes devia formalizar um convite a Santana Lopes para presidir ao grupo parlamentar. Se recusasse, problema dele.

Adenda: O conselho nacional do CDS/PP demonstra que o "pequeno partido à direita" do PSD - como Barroso lhe chamava em Tavira nos idos de Marcelo - não interessa nem ao menino Jesus, Portas dentro, ou Portas fora. Há vichyssoise para além do PP, em ambos os sentidos.

O MOSAICO

Em Loures, num bairro descrito pela RTP como um "mosaico multicultural", alguns subprodutos desse "mosaico" agrediram polícias, queimaram e destruíram viaturas. Porquê? Porque sim. Na sua santa inocência, a CML, por causa da Expo, realojou esta gente em prédios, arrancando-a das barracas que custaram a largar. Os media falam disto como se se tratasse de um "laboratório social". Não é. É miséria moral e intelectual, violência gratuita e criminosa. Não há desculpas.

UMA EVIDÊNCIA

O dr. Rui Rio, alguém que normalmente aprecio, veio defender "medidas legislativas" contra a comunicação social por esta, alegamente, "descredibilizar o regime". O dr. Rui Rio ganhou as eleições no Porto por ser, em certo sentido, contra o regime. A maioria absoluta que obteve nas última autárquicas não lhe adveio por ser mais um lambe-botas ou um troca-tintas. Já há controleiros que cheguem no poder central. Rui Rio - que, como qualquer político, sabe como e quando se servir da comunicação social - não ignora decerto uma evidência. Não é a comunicação social quem descredibiliza o regime. É o regime que não tem qualquer credibilidade.

O CDS E O PP


Para ler num blogue amigo - deles, do CDS e do PP, e meu - duas "postas" (parece que era de bacalhau) de autores diferentes, Vitor Cunha e João Vacas. Lá mais para a noite, logo falamos.

AGRADECIMENTO


Por esta rapaziada, gentil e dificilmente, me ter incluído numa "selecção" de blogues portugueses sobre cinema e cultura. A cultura - representada no Estado por dois aziagos comissários políticos esquecíveis - felizmente tem em muitas câmaras municipais homens e mulheres que lhe dedicam atenção. O "à volta de Lisboa" está gasto e são sempre os mesmos bonzos a falar dos e para os mesmos bonzos. Agora que o festival de cinema da Figueira da Foz está morto, Famalicão, como outras cidades de norte a sul, faz o que pode. Afinal, não há só betão, rotundas e Andreias Elisabetes. Quem sabe, e ainda dou um salto a Famalicão até dia 24. Bom Festival.

"MARCAS DE ESQUERDA"


Num comentário ao post anterior, alguém citou o senhor engenheiro como tendo afirmado perante os crentes que nunca um governo deixou tantas "marcas de esquerda" como o seu. Recordou dois monumentos à dita esquerda como a lei do aborto e a lei da paridade. O primeiro-ministro - que não é parvo - deve saber que as pessoas não comem leis. E escrevo "comem" no sentido literal do termo. Depois, a esquerda - a verdadeira que o detesta - não o "engole" por ele ter acenado com as cenouras do aborto e da paridade. E a direita ainda menos. No caso do aborto, Sócrates permitiu que se aprovasse uma coisa diferente do que prometeu logo a seguir ao referendo. Prevaleceu a ditadura da "vontade da mulher", sem mais, perante o bom senso legislativo. Quanto à paridade, também o secretário-geral do PS baralhou-se intelectualmente, uma vez que consentiu no oposto à premissa abortista. Aqui a mulher deixa de ter vontade e reduz-se a um elemento de contabilidade político-partidária, sem conteúdo, destinado a ornamentar a correcção dos costumes e a má consciência dos que escolhem e mandam. É com estas "marcas de esquerda" que o senhor engenheiro pretende esconder o absolutismo democrático traduzido nas aberrações legislativas em matéria de polícias, de utilização de dados pessoais, de manipulação da televisão oficiosa, de apoucamento da função pública, de destruição da autoridade dos professores ou do progressivo desmembramento do precário tecido produtivo nacional que o dr. Manuel Pinho, o seu maior tragico-comediante de serviço, disfarça com anúncios de investimentos milionários que não aparecem? Se é, pobre esquerda.

Adenda: Estás enganado, Tomás. Sócrates ainda não "descalçou" nenhuma dessas botas. Quanto às "Scut's", estamos ainda longe do "dever-ser". E a OTA, é o que se sabe. "Descalçar as botas", nestes casos e noutros, é livrar-se de Mário Lino e de Manuel Pinho. Antes que o "tuga" caia em si e comece seriamente a pensar em como livrar-se de Sócrates.

17.3.07

AS VELHÍSSIMAS FRONTEIRAS

Assisti, em 2005, a duas sessões das "novas fronteiras" do senhor engenheiro. Uma no Estoril, assim para o "institucional", e outra, mais modesta, no Hotel Altis, dedicada à cultura. Na primeira, lembro-me de estopadas protagonizadas pelos professores de Coimbra Canotilho e Vital Moreira, e pelo inevitável Vitorino. Na segunda, Augusto Santos Silva e Carrilho ladeavam Sócrates que andava a ler um livro emprestado pelo futuro e infeliz candidato lisboeta. De Isabel Pires de Lima, nem sombra, muito menos do seu intendente Vieira de Carvalho. Sócrates voltou às suas "fronteiras", já mais velhinhas, como primeiro-ministro com dois anos de "escola". Pelo que vi na televisão, desta vez tratou-se de um comício/sessão de esclarecimento para os militantes encartados. Isto é, propaganda para manter as hostes quentinhas e jurar pela baixa do défice, o tal "problema" crónico desde o século XIX, algo que nem ele nem alguém alguma vez resolverão. Das "fronteiras" do Estoril para as de hoje, parece que decorreu uma eternidade. De nada serve a Sócrates agradecer-nos o "esforço". Ninguém lhe pediu nada e não consta que os portugueses sejam masoquistas. Até aqui, foi sempre a subir. Daqui para diante, é sempre a descer. Como os aviões da Ota do eng.º Lino. Só aterram na cabeça dele. As "novas fronteiras" estão velhíssimas.

16.3.07

DEIXEM-NO TRABALHAR


Está a decorrer um conselho nacional do PSD. Marques Mendes, para perpétuo desgosto das "oposições" internas, manda no partido. Quase todas - faltam duas- as "distritais", há pouco revistas, corrigidas e aumentadas, são dele. Jardim também está com ele. Depois existem os chamados não-acontecimentos - tipo Santana ou Filipe Menezes não aparecerem - um gesto que deixa o país certamente perplexo para o fim de semana. Os "barrosistas", desta vez representados por uma luminária chamada Feliciano Duarte, das bandas da Ota, "têm uma agenda própria" por causa do aeroporto onde concordam com o governo. O sentido do ridículo não abunda do lado do sr. Duarte que, pelos vistos, se imagina subtil e importante. O problema do PSD não é Marques Mendes mas esta gente horrorosa que se espatifou aos pés de Sócrates e que julga que o país suspira por eles. Uns, nem sequer os conhece. A outros, conhece-os em demasia. O "agarrem-me senão eu saio" de Santana não assenta bem a um ex-primeiro-ministro, porém nenhum dos basbaques que o acompanha tem coragem para o parar. Ficam extasiados com os transportes do homem contra Marques Mendes. Isto é, dois anos depois, Santana, à força de estar sempre no lugar errado à hora errada, continua a ser o melhor aliado de Sócrates. Não aprendeu nada nem esqueceu nada. Com outros nem vale a pena perder tempo dada a insignificância. Mendes não é um modelo e, seguramente, não é o meu. Todavia tem uma paciência ilimitada para aturar esta contínua insanidade e vale mais que os outros todos juntos. Deixem-no trabalhar, caramba.

ANGOLA É NOSSA

O sr. Mantorras, assalariado do Benfica, foi "apanhado" a conduzir com uma carta angolana não válida na antiga metrópole. Angola "vingou-se" numa dezena de portugueses, multou-os por usarem carta portuguesa e não os deixa sair enquanto não pagarem. É bem feito. Portugal nunca conseguiu ter uma relação sadia com a sua antiga colónia. Falo, naturalmente, do país institucional. Os negócios, esses, crescem na maior promiscuidade entre reputados democratas nacionais e a nomenclatura do sr. Santos. Nem eles têm vergonha, nem nós. Se dependesse de mim, já tinha posto o sr. Mantorras no aeroporto.

O PAPA E O REBANHO


Como é costume - a ignorância é atrevida - já se disseram e escreveram muitos disparates em torno da "exortação apostólica" de Bento XVI sobre a eucaristia. Pode ler-se aqui, na íntegra e em português. É que, antes de falar, convém saber qualquer coisinha. Na nossa quotidiana incoerência e contradição, não podemos esperar que o Papa nos siga. Não é Ratzinger quem deve seguir a manada. O seu caminho está muito claro desde o início. Quem não o entender, meta explicador.

15.3.07

EM FRENTE


A absoluta nulidade política de Ségolène Royal começa a vir à tona. De acordo com o Pedro Magalhães - dos poucos em quem confio - "a tentação, à medida que Bayrou se aproxima de Ségolène, é vê-la a ela como a mais ameaçada na passagem à 2ª volta." Os socialistas franceses deliraram com esta fantasia - apenas "estilosa" e inócua para o que interessa - e estão todos na barca colorida de Madame Royal. Não sei se é boa ideia. Também não me interessa nada. Desde Mitterrand - que "secou" principescamente o partido - o PS francês navega em velocidade de cruzeiro e imagina ter encontrado o "seu" Sócrates (pobre consolação) em Madame. Dito isto, Sarkozy segue, como lhe compete, em frente.

LOUVOR

O governo aprovou em conselho de ministros uma série de coisas que facilitam a vida às pessoas, que aliviam as bolsas de pagamentos idiotas e que impedem os bancos de exercer o seu poder totalitário sobre dinheiro que não lhes pertence. Merece, por isto, um louvor na pessoa do secretário de Estado Fernando Sarrasqueiro, um beirão pelos vistos autêntico como os que conheço.

A POLTRONA

Não "querem tirar o blogue ao ministro". O ministro é que tirou o blogue do portal. Sem comentários, para que raio servia o blogue do ministro? Uma desilusão, o António, cada vez mais longe dos tempos do MASP - 1, onde o conheci, ainda Sócrates não era vivo.

O QUERIDO LÍDER - 2

"O estilo do primeiro-ministro confirma apenas a sua falta de substância."

Constança Cunha e Sá, no Público, a dar-me razão

AS "MELHORES PRÁTICAS" - 2

Que diabo de aborto é este? "Leis de política criminal" de dois em dois anos?

UM CAMÕES

O Prémio Camões deste ano foi ter às mãos do hiper-angustiado António Lobo Antunes. Por altura do "Auto dos Danados", parei. Os calhamaços do premiado deixaram de me interessar e, tanto quanto julgo saber, interessam pouquíssimo ao "leitor" médio português. A D. Quixote, porém, acumulava em armazém edições sobre edições dos calhamaços invendíveis do laureado. Nelson de Matos sabe do que é que estou a falar. O "inner circle" deleitou-se com a "atribuição". Lobo Antunes de há muito que espera sentado pelo seu Nobel. Enquanto este vai e vem, a nomenclatura "cultural" doméstica vai dando o que pode e o que tem. Sempre aos mesmos, dos mesmos e para os mesmos.

O GOLPE COMO ANUNCIADO, por Augusto M. Seabra

Para encerrar - para já - o "caso Pinamonti" (e, Eduardo, o "caso" é um sintoma, não é um fait divers), o Augusto M. Seabra enviou-me um mail com os seus textos que, de alguma forma, "anunciavam" este desfecho. Deles, publicados inicialmente no Público (2 de Outubro de 2006) e no DN (2 de Fevereiro de 2007 e 2 de Março de 2007), respigo o essencial, usando como preâmbulo parte do dito mail. Daqui em diante, o post é da autoria do Augusto M. Seabra.

Neste momento, nada mais me resta, por várias e infelizes razões, que tão só recordar como, num texto no Público e nas duas colunas a que se resumiu a minha brevissima passagem no "6ª", fui analisando e traçando o desenho e objectivo do grupo estalinista da Ajuda. Disse-me aliás o Paolo que foi ao ler o primeiro desses textos que teve a noção do cerco que se ia montando. E conheço tão bém a medíocre mas obstinada criatura do SEC que ainda há dias, da última vez que fui à Valquíria, tinha avisado: "Prepare-se, que eles ainda vão dizer que foi você que não quis ficar".

A ópera é também uma questão política, como não deixado de insistir ao longo dos anos, desde logo porque no sistema institucional das artes consagrado na Europa é a cupúla simbólica e socialmente distintiva do aparato cultural do Estado.(...) Nos anos 60, a constituição de uma Companhia Portuguesa de Ópera no Teatro da Trindade, sob a égide de uma característica instituição de enquadramento ideológico do salarazismo, a FNAT, Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho, foi uma das recorrentes contraposições identitárias-nacionalistas ao privilégio de poder do Teatro Nacional de São Carlos. (...) Ao longo destes 30 anos foram muitas as vicissitudes do teatro nacional de ópera, incluindo a tomada do poder, em 1981, por parte do que então designei por “aliança FNAT/PCP”, isto é, uma tentativa autárcica de estabelecimento de um padrão “nacional/ista”, corporativo. Cabe todavia lembrar que foi essa mesma direcção, de Serra Formigal, o “celebrado” criador da CPO, que acabou com as “récitas populares” no Coliseu dos espectáculos do São Carlos, bem como com as itinerâncias.(...) Quando da sua indigitação para o D. Maria, Carlos Fragateiro, director do Trindade, afirmou que vinha mantendo hà meses conversas com Vieira de Carvalho em torno de um projecto de recuperação de óperas portuguesas. Há uma extravagância estrutural: o Trindade depende do Inatel, organismo do Ministério do Trabalho e Solidariedade Social. A que propósito este ministério detém um teatro, escapa-me de todo; na falta de uma transferência que há muito se justificava (...) é extravagante que um secretário de Estado da Cultura, na prossecução de princípios que há muito são conhecidos a Mário Vieira de Carvalho sobre “os sistemas sócio-comunicativos” e a importância do uso do uso do vernáculo, tenha entendido como modelo de teatro público um que não é da sua tutela, tenha ido buscar o director desse para o impôr no D. Maria e tenha para todos os efeitos supervisado uma conjunção dos dois teatros, inclusive uma acumulação ilegal de cargos por Fragateiro. (...) Fragateiro e Vieira de Carvalho podem dar desculpas que o facto é óbvio: o primeiro demitiu-se do Trindade porque eu fiz menção expressa (e só por mim falo) do artigo 18º, 4, dos Estatutos do D. Maria, conforme o Decreto-Lei nº65/2004, de 23 de Março. “Na medida em que o director artístico constitui o elemento identificador nuclear do projecto artístico da TNDM, S. A., a sua actividade é exercida em regime de exclusividade”. E mais: ao secretário de Estado não basta vir argumentar com um parecer jurídico sobre a acumulação de cargos, note-se que só agora pedido, e que com base na lei dos gestores públicos 464/82, de 9 de Dezembro, foi para ele satisfatória, segundo disse ao PÚBLICO: "A tutela pode autorizar o gestor público a acumular em determinadas situações.". E não pode argumentar, porque não se trata apenas de uma questão de acumulação. O Teatro Nacional D, Maria é uma sociedade anónima e o mesmo art 18º, 4, só admite uma ressalva à exclusividade: “excepto no caso de projectos especiais que deverão ser objecto de autorização da assembleia geral.” Ora não houve nenhuma autorização conhecida, pelo que um accionista, o ministério da Cultura, através do secretário de Estado Mário Vieira de Carvalho, não só ocultou deliberadamente a conjugação dirigista dos dois teatros, como, salvo prova em contrário, desconhecida, enganou o outro accionista, o Ministério das Finanças. Eu escrevi e mantenho que o secretário de Estado da Cultura promoveu um golpe politico no D. Maria para o conjugar com o Trindade e, a partir daí, insinuar-se na rede de teatros, num propósito dirigista e no desrespeito das leis da República - e isto não me foi desmentido. (...) E mais mantenho: como é admissível que seja director de um teatro nacional quem, como Fragateiro, declara não gostar de ler teatro? Como é possível a pusilanimidade de declarar que “se o Teatro Nacional fosse só dirigido pelo José Manuel [Castanheira, o adjunto] isto era um desastre nas contas, se fosse só dirigido por mim era desastre na estética!”? É só um comissário político? E importava-me esclarecer é que de facto a pedra de toque é um Teatro de Trindade, um teatro público que nem sequer é tutelado pelo ministério da Cultura.(...) Um “pronunciamento público” é inaceitável, mais sendo Emmanuel Nunes a dizer que “o São Carlos mudará de política brevemente”. E mais ainda: é inadmissível saber assim que, extravasando a sua esfera de definição das políticas, é o Secretário de Estado Mário Vieira de Carvalho que supervisiona directamente o processo de uma ópera nova. E todavia só para para os incautos será surpresa. (..) A “fragatada” no Dona Maria foi apenas o começo da concentração programática e programada dos organismos artísticos no comissário geral Vieira de Carvalho. Na linguagem tecnocrática vigente, o Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado, PRACE, deu-lhe o outro instrumento.(...) Como foi patente na entrevista de Vieira de Carvalho ao “DN”, a criação da Oparte, reunindo o São Carlos e a CNB, é mais outro passo para o que ele pormenoriza: o poder directamente em São Carlos. Desde apontar comparações com a Ópera de Paris, como se esta não tivesse dois teatros, e sobretudo como se ignorasse que um problema estrutural do São Carlos é a falta de sala de ensaios, até dizer que a Tetralogia em curso deverá ir ao Porto ao Coliseu (e por acaso já perguntou ao encenador se concorda, ou acha que Graham Vick é um serviçal?), que lá por ser zona de influência do favorito Jorge Vaz de Carvalho, não deixa de ser privado e fora das competências do ministério, nada falta para o golpe estar final: afastar um director artístico como Paolo Pinamonti para que o São Carlos seja finalmente conforme ao comissário geral, Mário Vieira de Carvalho. (...) Por coincidência, em 1981, houve no São Carlos o início de uma Tetralogia, com O Ouro e A Valquíria, e um Macbeth, ópera que voltará a ser apresentada nesta temporada, com alterações ao previsto já decorrentes dos cortes orçamentais. Logo depois chegou a malfadada “aliança FNAT/PCP”. Agora o mandato de Paolo Pinamonti termina no final deste mês e de novo se afiguram as conjugadas “maldições” de Alberich e de Macbeth, que há nibelungos sequiosos de poder à espreita, a “Lady” até sendo figurante, ocupada em variedades e delírios de museus, mas dando a cobertura ministerial.

14.3.07

O CASO PINAMONTI - 2

Sobre este patético episódio, vale a pena ler o editorial de José Manuel Fernandes no Público e ir lendo o Henrique Silveira em o "Crítico". É de presumir - presunção não ilidível já que as "grandes" e únicas tiradas da "política cultural" deste governo tiveram todas o beneplácito dele: "Casa da Música", "Colecção Berardo" e a remoção de António Lagarto e de Paolo Pinamonti - que Sócrates concordou com este gesto político praticado com delicadeza latino-americana. Por isso, não convém deixar Vieira de Carvalho e Isabel Pires de Lima sozinhos em cena. Sócrates é quem manda.
"Foi um dia triste para a cultura portuguesa. A gente pequena que episodicamente habita o Ministério da Cultura afastou, sem justificação e sem civilidade, um homem grande cujo nome muitos recordarão por mais tempo do que o de suas insignificâncias. No São Carlos todos os que puderam apreciaram nas últimas semanas a montagem de uma das grandes óperas de Wagner: A Valquíria, segunda parte do ciclo O Anel do Nibelungo. Cruel coincidência. Na cena final da criativa encenação, recebida com entusiasmo, Brünnhilde, uma das valquírias, jaz dentro de um saco de plástico, idêntico aos utilizados para os cadáveres nos cenários de guerra, rodeada por um anel de néon que simula o anel de fogo imaginado pelo compositor. Ora essa imagem final parece mostrar como modernidade parece ser incompatível com o nosso único teatro lírico. Era como se, no centro do cenário que ocupava o lugar da plateia, fosse o próprio cadáver do São Carlos que jazia morto e apodrecia.Ou como se, numa visão ainda mais cruel, a coincidência de A Valquíria com a saída do melhor director que o São Carlos conheceu nas últimas décadas sublinhasse o lado negro da lenda nórdica, o momento em que os anjos se podem transformar em bruxas e os cabelos louros e atraentes das servidoras de Odin, o implacável senhor da guerra, o animal feroz, se revelassem pouco mais do que um platinado sem graça ou gosto. Como um outro platinado que por ora habita o Palácio da Ajuda, sede do Ministério da Cultura. Coincidências, lendas e alegorias à parte, a verdade é que a saída de Paolo Pinamonti do São Carlos é uma péssima notícia para a cultura portuguesa. É um terramoto que mostrou, à mais crua evidência, que a mesquinhez e o provincianismo bacoco têm hoje, à frente do ministério, fiéis intérpretes. Porquê mesquinhez? Porque, sopra-se, Pinamonti ganhava mais dinheiro que os directores-gerais de idêntico estatuto. Só pode ser verdade e ainda bem que era verdade: a mediocridade é barata, a qualidade paga-se. E, no caso da ópera e do director de um teatro nacional, o contribuinte paga bem menos do que acaba sempre por pagar para, por exemplo, alguns clubes de futebol praticarem desvarios em contratações de jogadores sem categoria. Ora o grande senhor que foi malcriadamente despedido por carta - o que é típico dos cobardes, dos que não são capazes de olhar olhos nos olhos - distinguia-se por ter categoria. Era um daqueles homens de cultura que, por raras vezes, Portugal tem a sorte de passarem por cá e cá fazerem o seu melhor para promover o nosso indigente nível cultural. Os que nos tornam acessível o melhor, assim ajudando a distinguir a mediania da excelência, elevando o gosto médio e a exigência de públicos que, por serem escassos, devem ser tratados como sementes que espalham a boa nova de ser possível assistir, em Lisboa, a algo que é belo e, ao mesmo tempo, comovedor. Nem todas as obras de arte atingem tal nível, mas as que lá chegam é que permitem saltos de qualidade. Mas não. A qualidade não parece ser o critério do momento. Mais depressa a mentira e a manipulação (veja-se a forma despudorada como a saída de Pinamonti foi apresentada como correspondendo a uma demissão, utilizando para tal um extracto fora do contexto de uma das cartas que escreveu a uma ministra que nem merece que se lhe cite o nome). Mais depressa o populismo sem horizontes (que é isso de um São Carlos para o turismo cultural? Matinés para japoneses?). Ou, pior ainda, mais depressa dirigista e controleiro, velha tentação de quem já foi controleiro na vida política e de quem entende que, na cultura, também há uma linha justa. Por isso o provincianismo. E a inveja, bem evidente noutras situações, como a que também hoje relatamos relativamente ao Museu Nacional de Arte Antiga. Uma directora faz bom trabalho, destaca-se, consegue dinheiro de mecenas? Então pancada para cima, que o palco de Portugal é curto e os medíocres nunca apreciaram quem a seu lado fosse capaz de se destacar. Em terra de cegos, quem um olho é rei. Arranquem-se pois os olhos a todos que não são cegos."
por José Manuel Fernandes, director do Público (nota: emendei o título da ópera, "Die Walküre" não é plural)

MAUS POLÍTICOS

"Os autores da antiguidade clássica chamavam "corrupção" à degradação da qualidade do governo, fosse qual fosse a sua origem. Não sabemos se os autarcas lisboetas são desonestos - e com esta polícia e estes tribunais nunca saberemos ao certo. Admito que sejam todos boas pessoas e excelentes nas suas profissões. Mas são maus políticos. E isso também é uma forma de corrupção."

Rui Ramos, in Público

OS DEUSES TAMBÉM SE ABATEM - 2

"É preciso uma equipa que esteja empenhada" no projecto da tutela para que "o São Carlos possa responder a novos desafios e dar um novo salto qualitativo", disse Vieira de Carvalho, depois de ter elogiado o trabalho do actual director. O que o ministério pretende é "a captação de novos públicos, oportunidades para jovens artistas" e "a oferta de espectáculos para o turismo cultural" porque "há solicitações que ultrapassam a rigidez da oferta". Isto tirei do Público e ilustra a chamada "conversa da treta", uma maneira de não dizer nada, dizendo tudo. O governo, pela avisada voz do seu secretário de Estado da Cultura, um doutorado na antiga RDA, reintroduz o dirigismo cultural na "praxis" dos organismos sob a sua tutela. Começou no D. Maria, vai para o S. Carlos e, se derem dinheiro a Ricardo Pais, chega ao Porto. Os comissários políticos junto das direcções artísticas são o próximo passo. E invertebrados "made in Portugal" é coisa que não falta.

13.3.07

ANDREIA ELISABETE

Portugal chama-se provisoriamente Andreia Elisabete, revê-se numa família daquelas que as "psicólogas sociais" gostam - que inclui sete (7...) filhos, uma mãe improvável e um pai que só visto -, numas vizinhas sem dentes, numa "raptora" afectivamente perturbada e com "companheiro" a condizer (levou um ano para perceber que não tinha filha alguma), num agente da PJ penteadinho e babado pelo exercício e nos inevitáveis "populares" aos guinchos à porta do tribunal. Foram, no mínimo, vinte minutos dos telejornais. Palavras para quê?

A DEFERÊNCIA "ESTRATÉGICA"

Antes de ser candidato presidencial, Cavaco, o economista, não se poupou a críticas certeiras sobre a OTA. Lembrou estudos e deu exemplos - que recomendava aos seus alunos - do que justamente não devia fazer-se. Isto é, Cavaco, o economista e ex-primeiro-ministro, jamais tomaria a decisão política de avançar com a OTA. Cavaco, o presidente, "chuta" agora o tema para o plano exclusivamente técnico. Mário Lino não merece a deferência "estratégica".