13.6.06

VARIAÇÕES


O Jorge Ferreira, na sua oportuna coluna diária "ao longo dos tempos", lembra o desaparecimento prematuro de António Variações, a 13 de Junho de 1984. Não só do talento do músico, mas igualmente do letrista/poeta que, na realidade, Variações era. Cheguei a vê-lo a cortar cabelos no Frágil do Manuel Reis ou por lá a deambular sozinho. Era um iconoclasta que se enganou no sítio onde lhe calhou cantar e morrer.

diz-me que solidão é essa
que te põe a falar sozinho
diz-me que conversa
estás a ter contigo

diz-me que desprezo é esse
que não olhas para quem quer que seja
ou pensas que não existe
ninguém que te veja

que viagem é essa
que te diriges em todos os sentidos
andas em busca dos sonhos perdidos

lá vai o maluco
lá vai o demente
lá vai ele a passar
assim te chama toda essa gente

mas tu estás sempre ausente
e não te conseguem alcançar

diz-me que loucura é essa
que te veste de fantasia
diz-me que te liberta
de vida vazia

diz-me que distância é essa
que levas no teu olhar
que ânsia e que pressa
que queres alcançar

que viagem é essa
que te diriges em todos os sentidos
andas em busca dos sonhos perdidos

lá vai o maluco
lá vai o demente
lá vai ele a passar
assim te chama toda essa gente

mas tu estás sempre ausente
e não te conseguem alcançar
mas eu estou sempre ausente
e não me conseguem alcançar

1 comentário:

Anónimo disse...

... Variações


diz-me que desprezo é esse
que não olhas para quem quer que seja
ou pensas que não existe
ninguém que te veja

mas tu estás sempre ausente
e não te conseguem alcançar