O Jorge Ferreira, na sua oportuna coluna diária "ao longo dos tempos", lembra o desaparecimento prematuro de António Variações, a 13 de Junho de 1984. Não só do talento do músico, mas igualmente do letrista/poeta que, na realidade, Variações era. Cheguei a vê-lo a cortar cabelos no Frágil do Manuel Reis ou por lá a deambular sozinho. Era um iconoclasta que se enganou no sítio onde lhe calhou cantar e morrer.
diz-me que solidão é essa
que te põe a falar sozinho
diz-me que conversa
estás a ter contigo
diz-me que desprezo é esse
que não olhas para quem quer que seja
ou pensas que não existe
ninguém que te veja
que viagem é essa
que te diriges em todos os sentidos
andas em busca dos sonhos perdidos
lá vai o maluco
lá vai o demente
lá vai ele a passar
assim te chama toda essa gente
mas tu estás sempre ausente
e não te conseguem alcançar
diz-me que loucura é essa
que te veste de fantasia
diz-me que te liberta
de vida vazia
diz-me que distância é essa
que levas no teu olhar
que ânsia e que pressa
que queres alcançar
que viagem é essa
que te diriges em todos os sentidos
andas em busca dos sonhos perdidos
lá vai o maluco
lá vai o demente
lá vai ele a passar
assim te chama toda essa gente
mas tu estás sempre ausente
e não te conseguem alcançar
mas eu estou sempre ausente
e não me conseguem alcançar
1 comentário:
... Variações
diz-me que desprezo é esse
que não olhas para quem quer que seja
ou pensas que não existe
ninguém que te veja
mas tu estás sempre ausente
e não te conseguem alcançar
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