13.10.08

O PAÍS DA MARGARIDA

«Que me lembre, ao ler os últimos vinte anos da literatura portuguesa (cada um tem as suas fontes), há muito glamour e dívidas aos bancos, viagens ao Índico e a Nova Iorque, casas copiadas das melhores revistas de arquitectura e um linguajar que nos não pertence. Mas não há portugueses modestos, pequeno-burgueses, daqueles que vão à pesca e sonham em passar uma tarde na Ericeira ou em Mira. Todos sonham com iPhone e, segundo me diz o meu merceeiro, já houve quem fizesse reserva de Beluga para o próximo Natal, porque não está para «os problemas do ano passado». Razão tinham os pessimistas de serviço quando Guterres repousava sobre aquele retrato de portugueses a passar fins-de-semana no Algarve e a encher as lojas de telemóveis. Estava escrito.»

Francisco José Viegas, A Origem das Espécies

4 comentários:

Unknown disse...

Mais que País da Margarida é o mundo das bolas de nafetalina. Olhem para o mundo apelativo dos 'chaneis' das locutoras de televisão e dos penteados 'grife'. Dos conselhos de cremes de marca para os buraquinhos da barba dos homens. Das casas dos pobrezinhos que os seriados escancaram nos ecrãs... ... Quem não consome, não veste, não faz plástica, não põe unha de gel não é filho(a) de boa gente. quem são os nossos modelos A. Jolies e por aí fora... tudo a ver com o mundo em que vivemos. Até parece demagogia ou banha da cobra... antes fosse.

Anónimo disse...

É a nova aspiração da humanidade: tornarmo-nos "Barbies e Kens" com equivalente Q.I., com uma cassete em vez de cérebro.

de.puta.madre disse...

Epa Sim Senhror ... O País da Margarida cheinho de poeta y escritor faz de conta; y quanto mais de conta faz mais poeta y escritor é.
Y os lugares que os Faz-de-conta ocupam?? UAU!! Deixam mesmo Obra-faz-de-conta.
Ora. Pois. Agora faz de conta que há dinheiritos no banco y que este faz de conta não se acaba, como os bancos. Há sempre alguém que salva o Faz de Conta.
É tudo a brincar... Sérios para quê? Não gostarem da gente.!!!???!!!

VANGUARDISTA disse...

Os portugueses já estiveram mais longe de voltar ao "seu" verdadeiro mundo "das pequenas coisas da vida", do trabalho, da honra, da honestidade, do valor do "ser" e não do "ter", das verdades simples dos afectos e da fé.
A crise e as suas consequências (as más e as boas) para lá os empurraram ...
Não foi assim antes ...