1.4.11

AVRIL AU PORTUGAL


«A situação financeira do país motiva — agora — debates atrás de debates. Uns são mais do mesmo, com os tudólogos suspeitos do costume. A TVI24 fez um non-stop de duas horas na quarta-feira com comentadores e até especialistas em amena cavaqueira, para entreter, como se a crise fosse uma coisa gira para se falar um bocado, e tal. Outros debates são mais informativos, como o Negócios da Semana (SICN, quarta-feira) em que José Gomes Ferreira entrevistou Carlos Moreno, ex-juiz do Tribunal de Contas, e Avelino de Jesus, ex-membro da comissão de reavaliação das chamadas Parcerias Público-Privadas (PPP), ambos críticos fundamentados da espoliação dos nossos impostos em negócios criminosos. Gomes Ferreira tem sido, no último ano, o jornalista mais desassombrado no comentário da desgovernação financeira. Nos últimos meses, finalmente, os media cumprem a função de informar sobre as poucas-vergonhas e as aldrabices com as contas públicas e sobre a pseudo-incompetência na preparação de cadernos de encargos de obras públicas (destinados a poder derrapar-se propositadamente, como se viu na reportagem de Jorge Almeida, Afinal de Contas, RTP1, 30.03). Ficou célebre a frase do presidente Jorge Sampaio em 2003, “há mais vida para além do orçamento”; nem por acaso, ficou conhecida pela corruptela “há mais vida para além do défice”. Vê-se agora o mal que tal frase causou à história de Portugal nos últimos anos. Quase todos se convenceram, que sim, que se podia viver à conta da Merkel e da “Europa”. A triste realidade, escondida pelo governo, está à vista: há mais dívida para além da dívida. Não acaba. Ontem foi o aumento dos défices desde 2007, que o governo também aldrabou. Há sempre mais dívida por descobrir debaixo dos tapetes dos ministérios e das empresas públicas.»

Eduardo Cintra Torres, Público

«Estamos a viver um filme de terror em que o drácula culpa a vítima de lhe sugar o sangue. Estamos a viver o malbaratar dos dinheiros públicos durante muitos anos, com especial relevância nos últimos cinco. Estamos a sofrer as consequências da dita política keynesiana de 2009 que teria permitido que a recessão fosse apenas de 2,6%. Muitos defenderam tal irracionalidade, mas também houve quem chamasse a atenção da idiotia de tal abordagem numa pequena economia, sem moeda própria e sem fronteiras económicas. Sócrates afirmou que o défice de 2009 foi da sua responsabilidade porque foi de propósito, lembram-se? E o de 2010 é responsabilidade de quem? E se os ratings da dívida pública estão em queda, atrás deles vêm os dos bancos. A política monetária do BCE tem sido muito expansionista — muito crédito e barato —só que não chega cá. Os fundos dos bancos escasseiam, logo o crédito escasseia e é caríssimo (mesmo para empresas exportadoras). O descalabro das contas públicas, de facto, implica uma política monetária para Portugal muito restritiva. Absurdo, não é? Estamos a viver num País em que a situação económico-financeira é de tal descalabro que não pode ter eleições antecipadas sem causar uma crise política, económica e financeira de acordo com vários ministros, começando pelo primeiro. É a constituição e a democracia que está em causa. Mas tudo isto tem um rosto e um primeiro responsável. Lembrem-se disto no dia do voto e não faltem, nem que seja para votar em branco.»

Luís Campos e Cunha, idem

«A mítica “maioria alargada” PS-PSD-CDS, como se compreende, iria transferir os conflitos do país para o centro máximo de decisão, o Governo, sem resolver problema nenhum e criando uma instabilidade contínua, onde precisamente ela nunca se pode dispensar. Além disso, que chega e sobra, a “maioria alargada” faz parte de um mundo sem relação com o mundo em que nós vivemos. Basta ouvir o que o PS e o PSD andam por aí a berrar para se concluir (sem grande esforço de inteligência) que entre eles não haverá durante anos qualquer espécie de conciliação. E, ainda por cima, Sócrates não morreu e foi eleito secretário-geral do PS. Ficaria de fora ou de dentro dessa “coligação alargada”? De fora não se deixaria ele ficar e, ficando de dentro, para que servem eleições? Pedro Passos Coelho que responda.»

Vasco Pulido Valente, idem

9 comentários:

Anónimo disse...

E no meio disto tudo, ainda ninguém se lembrou de perguntar como é que alguém que anda no meio dos congressos do PS pode fazer sondagens ou sequer estar ligado a elas. Pode, e pode muito. Aliás, em Portugal até se pode considerar o presidente da República pelo estado a que chegou o país por afinidade a um criminoso do BPN, já não se podendo dizer o mesmo quando um digno apoiante socialista é condenado por pedofilia. É conforme as cores.

Ó-blá-di-ó-blá-dá... disse...

É fácil.

Cavaco que constituisse um governo de Salvação Nacional com o Barreto, o VPV, o Cintra Torres, o Tó Zé, o Carrilho, o Cantigas, o Bagão, o Moedas e o Henrique Neto.

Ir agora para eleições é um disparate do Sr. Passos Coelho!

Felizmente Portugal tem gente e tem soluções!

JSP disse...

Desculpem-me o primarismo e total ausência de "sofisticação" - mas confesso a minha perplexidade por ainda ninguém ter sido preso ( refiro-me a governantes, políticos e magistratura de topo).
Resta-me uma conclusão : o "regime" é feito por eles , para eles e "por causa deles"...
E ,face ao entendimento de "funcionalismo público" quanto ao exercício das sua funções que o PR evidencia à saciedade, só nos resta aguardar por um pró-consul ( oriundo de além Pirenéus, está bem de ver....)

Cáustico disse...

grande canalha e os canalhinhas, pulhas políticos como ele, que o rodeiam e incensam, aprofundaram a obra de outro político que transformou o país num pântano. O país está quase a deixar de ser país por causa da insensatez, do desvario, da insanidade, da desonestidade política, e, talvez, não apenas desta, dos quadrilheiros do Rato.
Com a falta de vergonha que é habitual neste tipo de gente, lançado o pais na fossa, de que só por milagre sairá, apressam-se, com um corpo coral bem afinado, reconheça-se, a atirar para outros os resultados da sua acção perversa, perniciosa e indecente, da atitude ignóbil que adoptaram na gestão deste país.
São eles os únicos culpados, mas badalam, o mais que podem, para convencer aquela parte do povo ingénuo ou parvo, de que não têm qualquer espécie de responsabilidade nas asneiras que fizeram para se manterem no poder e encherem a burra.
Guterres abandonou o cargo que tinha depois de colocar o país num pântano. Conforme disse.
Quando a actual equipa do socialismo de merda começou a actuar e apareceram as primeiras críticas ao seu desgoverno, o grande canalha atirou para os dois governos anteriores, de Durão Barroso e de Santana Lopes, a culpa do estado em que encontrara o país. O coro dos canalhinhas seguiu-lhe o exemplo, como não podia deixar de ser, e passou a actuar mantendo a letra imbecil do chefe.
Ao bacharel arvorado em licenciado é caso para perguntar: Como é que queria que dois governos do PSD corrigissem em tão pouco tempo a asneira grossa feita pelo seu camarada Guterres? Se eles tinham obrigação de o fazer em tão pouco tempo, porque é que ele não o fez se está ao comando há mais de seis anos? Pelo contrário, ainda piorou as coisas!
Essa besta política à enésima potência não é capaz de meditar e comparar sobre o que havia e não havia em 2005 e o que há e não há em 2011?
A educação está pior, o que é por demais evidente, ou melhor? Melhorou com as alterações e contra alterações que introduziu? Os jovens sabem mais por causa da merda do Magalhães? Alguém, no seu perfeito juízo, aceita ser tratado por um médico, entrega um projecto a um “inginheiro” ou procura para sua defesa um advogado parido pelas novas oportunidades?
A saúde está pior, todos se queixam principalmente os mais pobres, ou melhor? A degradação todos a conhecem. Cite as melhorias mas sem se atrever a falar do estado social, que é o chavão com que engana os incautos. A mentira tem sido a arma mais eficaz do socialismo de merda . Já o chamado patriarca de tal socialismo, o tal Soares, a usou para levar à certa os pobres, fartos dos desaforos, das prepotências, do patronato. O socialismo andou sempre na sua boca. Mas quando os seus interesses lhe impuseram que o metesse na gaveta, passou a andar apenas com a boca cheia da merda dele.
E na justiça? Estamos pior, os presos, se chegam a ser presos, são logo postos na rua e os polícias advertidos quando não castigados por os terem prendido, ou melhor? O ambiente da Procuradoria-geral da República está melhor ou pior? As gentes que andam por lá são isentas ou estão feitas? E os supremos tribunais? Têm gente séria ou amigalhaça?

Cáustico disse...

em relação à dívida? Estamos pior ou melhor. Quem sabe ler e ouvir e se interessa por estas coisas sabe bem que os números não mentem e que só por si falam da incompetência da equipa que saiu do largo do Rato.
Logo que a oposição determinou que o grande canalha devia meter o novo PEC pelo cu acima, porque para brincadeira bastaram os PEC I, II e III, de imediato começou a funcionar a máquina propagandística do covil do Rato. O canalha-mor deu o mote e os canalhinhas foram logo atrás, aproveitando todas as presenças na televisão para repetirem o que o chefe manda. Houve um paspalho que ainda foi mais longe, atirando as culpas para o Presidente da República. Estão aflitos, e procuram, por todos os meios, honestos ou mesmo desonestos, como é sua prática habitual, convencer o povo de que não são culpados do estado em que puseram o país. Que a culpa é da oposição, como se esta pertencesse à camarilha do Rato.
Quem sou eu para dizer se a vinda do FMI é boa ou má. Julgo que já cá esteve no tempo do paspalho Soares e o país não morreu. O grande canalha não o quer por cá. Qual a razão? Porque será prejudicial à Nação? Duvido. Porque muito mal tem ele feito à Nação e a muitos portugueses e não se preocupa nada com isso. Terá ele receio ou terá já mesmo a certeza de que a intervenção do FMI fá-lo-ia andar a toque de caixa, a receber e não a dar ordens, a ter de cortar nos seus próprios gastos exorbitantes, a eliminar assessores que fazem o trabalho que lhe compete fazer e o ensinam, a proporcionar a descoberta de muita malandrice?
Fez propaganda negativa do FMI e agora, que se encontra entre a espada e a parede, situação de que é o único culpado, não quer ficar, perante o povo, com o ónus da reabilitação do país. Há possibilidade de recorrer ao auxílio externo para livrar Portugal de pagar juros tão elevados como está a acontecer. A canalha do Rato vem com o argumento de que estando em gestão não o podem fazer. Que só o Presidente da República tem essa possibilidade. Mas já podem enganar o povo mentindo; mas já podem enganar o povo escondendo o que ele deve saber; mas já podem enganar o povo iludindo-o com toda a espécie de mistificações.
Um dos meus irmãos, já falecido, que infelizmente embarcara na carreta do socialismo de merda, disse-me um dia, desiludido: O Soares bem me enganou. Teve a sorte, sorte apenas porque não teve mais uma desilusão, de falecer antes de o Guterres ter anunciado a sua obra. Recordo-me do seu ar agastado, quando numa conversa sobre política que tivemos, eu ter dito: O esterco do Guterres…. Claro está que me referia à sua esterquice no campo político.
Só lamento é que o povo português não tenha no próximo dia 5 de Junho um momento de inspiração e o bom senso necessário para correr deste país com tão nefasta corja política.
Que o socialismo de merda e a merda do socialismo sejam banidos deste país para sempre.

GAVIÃO DOS MARES disse...

Regressámos finalmente 27 de Maio de 1926! Desta vez demorámos 36 anos.
Só falta saber onde está o Gomes da Costa.

Anónimo disse...

Força Sócrates.
Este pessoal tá à rasquinha!
Eles querem é chicote e cenoura!

Anónimo disse...

Não sou particular admirador do Campos e Cunha (quem privou de perto com um energúmeno como o ranhoso dito cujo nem que tenha sido apenas por um dia fica marcado, ai fica, fica), mas retive a frase, a propósito da "cova funda" em que "isto" está:

"... tudo isto tem um rosto e um primeiro responsável. Lembrem-se disto no dia do voto e não faltem, nem que seja para votar em branco."

Para votar em branco, tirem o cavalo da chuva que eu não gosto particularmente de ir, para nada, passear à "escola básica 23" onde tenho que ir votar(é bastante foleira,mais parecida com um bairro clandestino pintado de branco). Mas acho bem que se decidam e deixem-se da conversa do "são todos iguais". Há uns, como se tem visto, bem piores que os outros.

PC

Anónimo disse...

O comentário de CÁUSTICO é brilhante. Parabéns.