28.4.11

O PROGRAMA DE SÓCRATES

«As estatísticas foram o grande aliado da mitomania deslumbrada que nos tem governado nos últimos anos. Mas, como diz o Povo, "quem com ferro mata, com ferro morre". E o bumerangue dos números aí está, e é assustador: Portugal é a economia mais lenta do mundo e a única em recessão em 2012. Estamos com o mais baixo crescimento dos últimos 90 anos. A nossa dívida pública é a pior dos últimos 150 anos, mesmo sem contar com as empresas públicas ou as PPP. O nosso desemprego é o mais alto desde que há registos. Temos a segunda maior onda de emigração do último século e meio, com uma das maiores "fugas de cérebros" registadas pela OCDE. A nossa taxa de poupança é a pior dos últimos 50 anos e continuamos com o dobro do abandono escolar de toda a União Europeia, sendo o 2.º pior dos 27, logo a seguir a Malta.»

M.M. Carrilho, DN

Adenda: Um tipo do PS Europeu, com inequívoco ar de burgesso, sugere que o FMI, o FEEF e o BCE vão "demolir" a gloriosa protecção dos trabalhadores portugueses. Sucede que alguém devia explicar ao burgesso que ninguém mais do que o seu camarada Sócrates, pelo texto e pelo contexto, tudo tem prodigalizado a fim de "demolir" o país, em geral, e os referidos trabalhadores, em particular. Os "trabalhadores" não são uma entidade abstracta dos manuais de Bruxelas e dos programas da esquerda moderna neo-fascista que conheceu o seu esplendor ideológico com o farsante Blair. Os "trabalhadores" inserem-se em estruturas complexas, amplamente manipuláveis, designadamente por uma Europa cativa da burocracia mais demolidora de tudo. Se a Europa falhar - como parece que falhará - a estes iluminados e a mais dois ou três companheiros de estrada ditos de direita deve agradecer. Acabarem todos no tribunal internacional de Haia era pouco.

1 comentário:

Anónimo disse...

Nas intervenções anteriores do FMI Portugal estava de mão estendida por causa dos desvarios do 25 de Abril e do PREC. Nessa altura a populaça foi a grande culpada do descalabro financeiro (saneamentos, nacionalizações, tomada de empresas e terras, greves, aumentos, etc., etc.). Ainda assim exigia-se que os ricos pagassem a crise. Como é sabido quem se fodeu foi o mexilhão.

Desta vez foram as "elites" (a política, a económica e a financeira) que desde 86 assaltaram os cofres do Estado (e da CEE/UE) e levaram o país à bancarrota. Curiosamente agora já nem se pede que os ricos paguem a crise - a populaça que se foda.