1.3.09

UM IMENSO APAGÃO DEMOCRÁTICO


Uma imagem possível e sumária do que foi o congresso do chefe do PS está na entrada da antiga anarquista Lurdes Rodrigues na nave de Espinho. Calada, com a habitual cara de pau, indiferente aos jornalistas e às palmas dos militantes que estavam à porta, foi recebida com entusiasmada comoção pela sua DREN - a quem também não ligou peva -, a diligente camarada Margarida Moreira e adequada representante da obtusidade que assolou o maior partido português em apenas quatro anos de mando. O apagão que afectou a "noite de trabalhos" foi, aliás, um símbolo do que é hoje o partido. Uma coisa em forma de Sócrates, uma coisa rastejante aos pés de Sócrates - os adjectivos usados por militantes como Costa, Gama, César, Martins, o "malhadinhas" Silva ou o pequeno Vitorino para bajularem o chefe roçaram o puro escarro -, uma coisa civicamente inútil, uma coisa obcecada exclusivamente com a imagem do querido líder cujo maravilhoso brilho tem sido ofuscado por calúnias e campanhas negras, uma coisa, em suma, só interessada em manter o poder absoluto tão bem representado pela carrancuda ministra. As declarações avulsas de militantes, apanhadas aqui e ali pelas televisões, revelaram a acefalia generalizada que atacou o partido de alto a baixo e que já se "colou" à sociedade portuguesa, anestesiada e ausente do congresso. E o filmezinho de propaganda final lembra outros filmes de propaganda mas em mau, muito mau. Isto já não é a realização do velho "sonho mexicano". É algo de mais profundo e perigoso para a qualidade da vida pública portuguesa. É pena que as poucas mentes livres e lúcidas que restam não se tivessem pronunciado ou tivessem preferido afastar-se como se isto não fosse também com elas. Provavelmente não merecemos melhor. Melhor do que este imenso "apagão" democrático a que apelidam, ainda, de Partido Socialista.

12 comentários:

João António disse...

O PC Chinês não faz melhor ! O apagão deve ser obra do sindicato dos professores, e da CGTP, a mando dos comunas, com a complacência do lado NEGRO do universo !

joshua disse...

Nem percebo como é que aos amantes da Liberdade não os invade um amplo e profundo Asco por este pútrido unanimismo.

Onde está a Liberdade e o Espírito Crítico contra esta mono-cultura democrática? Onde está a indignação 'cavaquista' de Soares perante este abostalhar da democracia portuguesa?!

Que nojo!

Anónimo disse...

Tenho fugido das transmissões televisivas da coisa como o diabo da cruz.
Mas não resisto a contar o que vi e ouvi ontem à noite, quando tinha o televisor ligado para a RTP-1.
Estava a ser transmitida a votação de uma desgraça chamada Festival da Canção e chegou a vez do porta-voz do júri de Leiria.
A pateta da apresentadora, totalmente a despropósito, comentou que anteontem tinha sido um dia muito feliz para Leiria, por lá ter estado o "Senhor Primeiro-Ministro"... e perguntou ao seu interlocutor se tinha falado com ele. Ao que o pobre homem, embaraçado, respondeu que não.
Acho que o episódio, por si só, diz bem da sabujice ante o socretinismo a que desceu RTP toda ela - e não apenas na área de Informação.

Anónimo disse...

Aqui vai aquilo que escrevi em tempos para a blogosfera relativamente ao grande amigo "Malhadinhas":

http://aulaportuguesonline.no.sapo.pt/modulo7.htm




Módulo 7 (O da presidência e metiers parlamentares)

O Malhadinhas - Augusto Santos Silva

Na vasta obra de Augusto Santos Silva é também em "O Malhadinhas" deparamo-nos com tudo quanto define os usos e tradições dos habitantes do Largo do Rato desde épocas remotas até à actualidade, quando se abrem estradas e se introduzem meios de transporte que vão do caminho de ferro ( :D ) até ao automóvel / SCUT's - Autoestradas supostamente sem custos para o utilizador e para o contrubuinte.

Testemunho deste quotidiano é o Malhadinhas, o almocreve rosa que se incumbira de estabelecer as comunicações entre o partido e o pressumivel eleitor, o governo e a crise, Manel Pinhus e Busilis Horta.

Santos Silva também se preocupou com a degeneração na linguagem e na mente (no caso, a sua). A fala do beirão, para Santos Silva, passou à «categoria de plesiossauros», palavra que significa «enorme réptil da fauna fóssil do Mesozóico» - Dinosauro do PREC. Consciente da possibilidade de extinção da sua espécie "viva, buliçosa, e branca como um elefante branco" enche as suas intervenções de "expressões breves e directas admiráveis e amigáveis que traduzem movimento, cor, forma, estados de alma, ...., e estados gerais".

Síntese de "O Malhadinhas"

É a história duma besta de um almocreve rosa, multifacetada, contada por ele mesmo, o almocreve rosa, e vista sob vários ângulos humanos, sentimentais, vitais, cómicos, trágicos. À volta desta personagem central giram deputados laranjas, comunistas, bloquistas, jornalistas, gays, animais, elementos vários , completando o quadro Homem/Partido e dando-lhe uma plenitude vital.

Para melhor entenderes o léxico do Malhadinhas consulta o glossário de regionalismos presentes na obra O Malhadinhas.

A

Rui
rmvsantos@gmail.com

caozito disse...

JOSHUA: "cinco estrelas", daquelas que brilham mais.

Anónimo disse...

António P. Castro
"Contado ninguém acredita", não é? Pois eu também ouvi e fiquei sem saber o que lamentar mais: - se a mentalidade reverencial que reina na RTP que temos (a alastrar até domínios escusados, como o entretenimento) se a falta de senso da apresentadora em proferir semelhante bacoquice (ou em papaguear o que o bacoco de serviço lhe escrevera no papel).
A coisa está a ficar verdadeiramente grave e particularmente foleirota...

Anónimo disse...

Já todos estamos habituados às falácias intelectuais do nosso Grande Timoneiro - mas no discurso encerramento do Secretário-Geral do PS há uma ideia muito perigosa, que (adivinha-se) vai ser diariamente repetida nas televisões até Outubro: a de que o País, face aos desafios que enfrenta, precisa de uma nova maioria absoluta para garantir a estabilidade governativa. Segundo as palavras de Sócrates, o País não pode dar-se ao luxo de passar agora por uma "crise política". Para Sócrates, qualquer resultado eleitoral que não resulte em absolutismo parlamentar é uma CRISE POLÍTICA. Eis o democrata.

Anónimo disse...

Neste comentário provo que JOsé Sócrates é genial. Ou quem por ele pensa! Senão vejamos: Vital Moreira, candidato europeu do PS. Aposta arriscada, disse logo de seguida na SIC o irmão do António Costa. Nada menos arriscado, digo, e pouco haverá de menos certeiro. É que VITAL FOI CONVIDADO PARA PERDER, PARA SER DERROTADO, EM NOME DO PS E PARA O PS TER A SUA DERROTA ESTRATÉGICA.

O que Sócrates está a fazer é a arranjar umas costas para o povo bater, ficar assim, satisfeito com o castigo, e depois poder decidir votar tranquilamente no PS para as eleições que verdadeiramente contam!!

Brilhante!!
RIBO

Anónimo disse...

Bela análise. Como terá reparado, tivemos o país confrontado durante dois dias com as duas opções que constarão do boletim eleitoral das legislativas: "PS, maioria absoluta" e "PS, sem maioria absoluta". E sem que a maioria tenha reparado, Smith tem o campo de acção muito limitado. As ameaças a tudo o que mexe foram claras, demais.

fado alexandrino. disse...

Peço desculpa mas a sua afirmação de que “As declarações avulsas de militantes, apanhadas aqui e ali pelas televisões” é muito arriscada.
O senhor sabe melhor do que eu que é facílimo entrevistar cem e passar apenas os três ou quatro que nos interessam.
E foi isso mesmo que fizeram.
Só me admira como é que a vaidade das pessoas é superior à inteligência que Deus lhes deu e não conseguem ficar calados quando lhes apontam uma câmara à cara.

Anónimo disse...

É quase inexplicável como um partido históricamente plural realizou um congresso que mais não foi do que uma bajulação covarde ao "pequeno grande líder".

Ver o Jaime Gama - um homem que até tem um peso e uma história pessoal dentro desse partido - a rastejar nos elogios a Sócrates - é bem representativo do minimalismo a que chegou esse partido.

O recente Congresso do PS assemelhou-se em muito aos congressos do ex-ditador Ceausescu.
Só faltou a Elena Petrescu!

Anónimo disse...

Quando se dizia que no tempo do salazarismo havia tanta bajulação ao chefe - Servir Sempre Salazar -, não tem comparação com o espectáculo de arrogãncia de Espinho. Ninguém questionou até agora quanto é custou todo aquele exagerou, porque, sabê-lo, seria mais um escândalo para um país que vai a caminho da miséria. Deve ser mais um caso dos tais 500 mil por cada evento de propaganda do Governo.
Se o espectáculo impressionou por parecer deslocado num país cada vez mais teso, ele mostra como no PS não falta dinheiro para sessões de intimidação dos portugueses, que foi aquilo que Sócrates fez com exibições de arrogãncia.
Mas o espectáculo impressionou também,pela total subserviência ao chefe de nomes como Jaime Gama, Vera Jardim, Ana Gomes, Vitorino, etc. Deprimente o exercício de bajulação e essa é a imagem que retenho de Espinho.