20.3.09

NO SEU DIREITO E NO SEU PAPEL

«Os valores de Bento XVI não são os valores de um governo, de uma ONG ou de um indivíduo que tenta limitar o imenso desastre da sida em África. São valores de outra ordem. São valores de uma ordem religiosa, que cada vez menos se percebem ou respeitam no Ocidente. Não vale por isso a pena discutir a moral sexual da Igreja (e do Papa). Vale a pena garantir que ela não invade a esfera da liberdade civil. Ora Ratzinger não andou por África a pedir que se proibisse o preservativo. Pediu aos católicos que prescindissem dele, em nome de uma perfeição que os católicos escolheram procurar. A influência dele é, neste capítulo, deletéria? Inegavelmente. Convém que ela não alastre em África (e na Europa)? Sem a menor dúvida. Mas sem esquecer que o Papa está no seu direito e no seu papel.»

Vasco Pulido Valente, Público


«Quando o Papa diz seja o que for, a primeira coisa que se perfila é um vasto pelotão de flibusteiros e engraçadinhos que não ouve o que o Papa diz mas comenta o que gostaria que ele tivesse dito. Qualquer cronista avançado e com gosto pela heresia (que é hoje muito fácil e bem remunerada) diz duas alarvidades a jeito. O mais preocupante é ver a insuspeita quantidade de especialistas em teologia e história eclesial que logo se ergue nas rádios e nos jornais, como se fossem católicos de ir à missa e se importassem muito com os pobres que morrem de sida. O ideal, para estes cavalheiros, seria um Papa que defendesse o aborto, o sexo com animais e a distribuição de preservativos nas escolas. Isso sim, seria moderno, fracturante e capaz de chamar fiéis. Fiéis – não se sabe a quê.»

Francisco José Viegas, Correio da Manhã

3 comentários:

Anónimo disse...

O problema de base é que demasiada gente anda habituada a 'discutir' com 'argumentário' tipo processador de texto (i.e. muito "copy and paste"). Tal não é novo, sempre compareceu em muita diatríbe, mas no antigamente, como as discussões eram feitas nos serões mais ou menos domésticos, em tertúlias de cafés, clubes ou grémios, no recato de salas de aula ou de salões que asseguravam ainda o vagar necessário para filtrar e validar predicados e complementos. No antigamente, mais das vezes tal não era profissão, era dissertação. Hoje existe demasiada gente que julga que discutir é 'dar opinião' e, se calhar, pior, julga que ao fazer isso está a 'trabalhar'. Nem os sofistas entendiam a prosápia guiada por preconceitos como 'trabalho'.

fado alexandrino. disse...

Por acaso citei o mesmo comentário noutro blog e acrescentei uma adenda notando a diferença entre o relevo que o Público deu a esta notícia com foto e tudo e a que dá á afirmação de hoje "sobre a rapina das riquezas naturais".
Porque será?

Anónimo disse...

a cachorrada limita-se a ladrar
não sabem dizer mais nada

radical livre