17.3.09

JOAQUIM


Encontrei no "metro" o poeta e professor universitário Joaquim Manuel Magalhães, um conhecimento com cerca de vinte e cinco anos. Se eu tivesse de escolher um poeta português contemporâneo e alguém que soubesse falar de poesia e da sociedade portuguesa tal qual elas são, escolheria sempre o Joaquim. Infelizmente, o suplemento "cultural" do Expresso correu com o Joaquim e com as suas crónicas "Algumas Palavras". Manteve, porém, outros cronistas que, semanalmente, nos brindam com derrames pessoais que ficariam bem num "diário" mas que são dispensáveis num objecto como aquele suplemento. Isto apesar de ganharem prémios. É evidente que o Joaquim é incómodo. Na poesia e na vida. Nunca foi cortesão e não acompanha a mundanidade pequenina em que circulam geralmente os nossos "cromos" ditos "culturais". Fiquei a saber que voltou a "resumir" a sua poesia - o que dela pretende preservar - num livro a sair em breve. Se não o conhecem, aproveitem. É dele a epígrafe deste blogue. «Eu queria outro país, outro lugar/(...) Ainda que me digam/que vivemos em democracia eu digo/que não sei.» Destes já não se fabricam.

3 comentários:

joshua disse...

Gostei de o conhecer e ler no meu primeiro ano de mestrado em Literaturas Comparadas.

Anónimo disse...

A fotografia que encabeça o post retrata-o na perfeição - tirando o cabelo, que entretanto esbranquiçou qualquer coisinha. A expressão, a mão que volteia no ar enquanto expõe - com clareza - o que tem para dizer.
Tenho agora seminário com ele em Teoria da Literatura (estou a fazer o doutoramento). Nota-se bem a paixão com que fala de poesia, sem que a precisão e a lucidez desapareçam em arroubos místicos.

Como é óbvio, não o conheço tão bem como o João. Bast, no entanto, assinalar que ele ainda vai sendo um dos derradeiros porta-estandartes do gosto pela poesia e do estudo desta neste país. A raridade de gente como ele é prova do nosso estado miserável.

Cordialmente,

Fernando Barragão.

Anónimo disse...

sem dúvida um poeta maior deste merdoso pântano poético parolo e medíocre. Mesmo nos seus transes mais estalinistas não deixa de ser inteligente e culto.mas também creio que não deve partilhar grande parte das suas obtusas derivas reaccionárias, caro João !