19.6.09

DAR O CORPO AOS MANIFESTOS


Nas vésperas da remoção do governo Santana Lopes - o que se diria hoje de Santana Lopes se fosse ele a fazer metade do que o admirável líder tem feito ... - um bando de economistas (muitos deles são os mesmos de agora e os mesmos desde antes do "25 de Abril" como Silva Lopes) assinaram um "manifesto" sobre a situação económica (calamitosa) do país. Regressam com outro contra o sobreendividamento, contra investimentos públicos despropositados e, adivinhem, contra o estado calamitoso da situação económica nacional. Apesar de não ser economista, assinaria em baixo não fosse a circunstância de muitos dos signatários terem sido ministros das finanças ou banqueiros do regime. Nenhum caiu do céu. Nenhum é "inocente". Nenhum "salvou" o país quando chegou a sua vez de o "salvar". Nenhum resolveu «a situação periclitante da economia nacional» ou evitou a «bomba ao retardador» que representa o imparável crescimento da dívida pública. A única utilidade deste manifesto - como dos anteriores - é evidenciar que este governo já não serve o interesse público. Porque quanto à boa moeda que possa substituir a má em vigor, certamente que aquelas vinte e oito eminências se dividem. Também não seria uma ideia totalmente despropositada elaborar, um dia, um "manifesto" contra estes economistas. Eles "talharam" o regime e a economia de que agora se queixam. Os incumbentes limitam-se a ser a comissão liquidatária.

12 comentários:

Manuel Brás disse...

I Parte

É sensato travar
o TGV e outros que tais,
pois não se deve incentivar
descalabros orçamentais!

As dúvidas são evidentes
na respectiva rentabilidade,
com razões estridentes
não se conquista razoabilidade.

A falta de razoabilidade
e da mais pura sensatez,
desmascara a humildade
de gente de rosácea tez.

II Parte

Não falando verdade
sobre dados orçamentais,
a propalada humildade
ganha contornos brutais.

As palavras acusadoras
contra políticas antecedentes,
parecem não ser merecedoras
de sibilos tão estridentes!

Quem mais jura
mais mente,
tamanha é a perjura
de quem fala cegamente.

garganta funda.... disse...

Uma das ironias do nosso tempo - e talvez deste último período constituicional pós-25 de Abril - é que muitos dos protogonistas do sistema económico vigente, de tempos a tempos ( e as datas são escolhidas cirurgicamente) vêm à ribalta denunciar o sistema em que eles mesmos contribuiram e colaboraram.

Dizem-se acima, ao lado, ou por baixo dos partidos, mas não passam duns palermas que nunca fizeram nada de substancial e que quando foram chamados, evidenciaram a sua incomensurável mediocridade e pesporrência.

Assim como não suporto os abaixos-assinados dos "intelectuais" do costume também abomino estes economistas da treta, cujas teorias e escola têm colocado o país literalmente no fundo.

As boas "reformas" que conseguiram executar na economia foram aquelas que a Caixa Geral de Depósitos ou das Aposentações lhes processam mensalmente.

Como afirma sem complexos o autor do post, é já tempo de fazermos um Manifesto contra estes "Economistas" que produzem mais farelo do que a moagem da minha terra...

radical livre disse...

distingo entre os ex-apoiantes e os não apoiantes desta ditadura.

a sublevação ocorre sempre quando o diriggente máximo está fraco, sobretudo quando sw conhece a sua oligofrenia. «caeco cum speculo» ou negação da sabedoria (desipientia)

há um velho ditado para os ditadores «mesma vida, mesma morte»

o corajoso Ricardo Cardoso e outros juizes denunciam a cada dia mais ameaçada independência do juizes devido à intromissão da escumalha do poder politico.

portugal «in lecto mortali»

Anónimo disse...

Quando é que uns tipos destes têm a ideia de organizar uma manifestação para alternar com as dos sindicatos? Isto de manifestações nas urnas de quatro em quatro anos já não chega.

Mani Pulite disse...

Os mesmos do costume a se reposicionarem.Sempre prontos a comerem da mesma "gamela" e sempre prontos a saltarem para o colo de quem a tem na mão.Uma PRIMEIRA MEDIDA DE SALUBRIDADE PÚBLICA SERIA A EXPORTAÇÃO DESTES CAVALHEIROS PARA OUTRO PAÍS EM VIAS DE BANCARROTA,a Venezuela porque não?,acompanhados do Grande Líder que apoiaram em 2005.

Anónimo disse...

f...-s. vão acabar com o povo.Estamos lixados!

Karocha disse...

Como sempre de acordo consigo JG!

sts disse...

Caramba, ás vezes quando não lhe foge o pé para a chinela, acerta na mouche.Parabéns pela lucidez deste post. Olhe, e quando quiser meta mais um bocadinho do João César Monteiro que acompanha muito bem a farsa desta gente.

Anónimo disse...

Como considero alguns dos que assinaram o manifesto, não estou 100% de acordo com o post: Medina Carreira, Silva Lopes e sobretudo Jacinto Nunes são economistas respeitáveis e com muita experiência nestas andanças, algumas delas remontando à época anterior ao 25 de Abril e que foram recuperados pelo actual regime pela sua competência técnica. Porque razão a nossa economia descambou depois do crescimento económico verificado desde os finais dos anos 50 até ao choque petrolífero de 1973, é uma pergunta que fica em aberto. Aguardam-se respostas.

joshua disse...

Os Manifestos são tardios. Os silêncios? Coniventes prolongados. As denúncias de abusos? Lentas. Os erros? Reiterados. 30 economistas na verdade posicionam-se precisamente quando a correlação de forças os não penaliza potencialmente quando o imperativo consciencioso pode respirar sem a tenaz do Poder e é caso para perguntar onde estavam quando o processo clientelar de esbulho se repetia ad infinitum et ad nauseam.

Muitas vezes estavam nas TVs a comentar academicamente as questões e a contornar os problemas que Medina Carreira continuamente denuncia.

Cheira a Júlio César, Pater Patriae, e ao seu fim numa reunião no senado no Idos de Março (15 de Março) de 44 a.C. «Kai su, teknon?»

Anónimo disse...

Exceptuando Medina Carreira, todos os outros só dizem alguma verdade aqui ao ZÉ quando percebem que o barco está a ir ao fundo...... o temor reverencial ficou-lhes de 40 anos de ditadura!

ZÉ POVINHO

Obviamente demito-o disse...

A nobre ciência que tem as suas raízes nos adivinhos que tentavam prever o futuro abrindo e lendo nas entranhas dos peixes e outra fauna. =) Excelente artigo. "Quem Tramou Roger Regime?", os juristas ou os economistas? A resposta à questão que não é nada fácil que dava para outro filme.