17.10.09

A FÁTIMA QUE NÃO PERDEU A SUA FELGUEIRAS


«Prós e Contras. Tal como o Telejornal, este programa é, na minha opinião, um importante instrumento da estratégia e da táctica concreta de comunicação da central de propaganda governamental. Mas, no programa de segunda-feira, 12.10, autodesmascarou-se. A edição foi toda construída como armadilha ao director do PÚBLICO e para ligar o jornal a "disparates de Verão" de Belém e a "encomendas" de notícias. Disfarçar-se-ia com temas anódinos e estafados (sondagens, etc.), apenas para se centrar no caso da vigilância. Mas aconteceu a beleza do directo. A RTP (a central de propaganda do Governo?) contava com uma posição do director do Expresso que não veio a confirmar-se. Em Agosto, Henrique Monteiro tinha sido mais crítico com o PÚBLICO e escarneceu com a possibilidade de vigilância. O Expresso usou em manchete uma expressão derivada da posição então assumida por Sócrates: sillygate. Entretanto, o Expresso investigou o assunto. E uma "fonte política" (que presumo do Governo ou do PS) tentou passar ao Expresso o famigerado e-mail entre jornalistas do PÚBLICO. O Expresso ter-se-á apercebido, entretanto, da montagem de uma acção de envenenamento pela propaganda mentirosa. Mas a central do Governo e a RTP não devem ter notado a alteração de posição do director do Expresso. Resultado: além de José Manuel Fernandes ter desmentido uma série de mentiras que a apresentadora queria fazer passar como factos e ter reposto a essência jornalística do trabalho do PÚBLICO em 18 e 19 de Agosto, o director do Expresso revelou em directo para todo o país que foi uma "fonte política" quem tentou plantar o e-mail no Expresso e que, não o conseguindo, o passou para o DN, sempre pronto a fazer fretes ao poder. A apresentadora do Prós e Contras e o director de Informação da RTP ainda tentaram salvar as posições da propaganda governamental, mas a intervenção de Monteiro, não cumprindo o papel que aqueles esperavam dele, estragou a jogada. Pela primeira vez em anos, o Prós e Contras não conseguiu servir cabalmente a propaganda do Governo e, pelo contrário, viu desmoronar-se a cabala e revelar-se a sua natureza abjecta.»


Eduardo Cintra Torres, Público

(foto:Kaos)

11 comentários:

Observador disse...

Ainda bem que nos restam alguns comentadores que poem o dedo na ferida ao contrário dos PML e CAA, inventados ultimamente pelos lados do querido lider, e que só servem para baralhar as hostes

Anónimo disse...

E ainda se não conseguiu saber quem foi essa entidade política? Muito estranho...

Anónimo disse...

Mais do que uma armadilha ao director do "Público", a edição do "Prós e Contras" de 12.10, pareceu-me uma armadilha montada aos jornalistas em geral, desacreditando-os com a "peixeirada" que se antevia. Não é difícil perceber a quem interessa o desgaste do jornalismo e dos jornalistas, se bem que estes muitas vezes se ponham a jeito.

Mani Pulite disse...

O Expresso tem o dever moral e democrático de revelar qual foi essa "fonte" política.

esse.antonio disse...

O que é que teria falhado, para o Expresso vir, só agora, desdizer-se?
Quanto ao Eduardo Cintra Torres é mais uma crónica / comentário do melhor. Bem haja!

Anónimo disse...

Vi o Programa e apercebi-me da "pilantragem" que tentaram fazer ao Senhor Director do Público.
O Dr. José Manuel Fernandes sabe tudo (e claro que isso custa a engolir), como o Sr. Director do Expresso (não é o Dr. Balsemão que manda naquilo? - do PSD?), ou esse triste jornalista, não sei quê, Marcelino, delegado oficial da propaganda. Como o Prof. Cavaco também sabe (se deve saber!) e como todos suspeitamos o que se passa ... Este País, é um ninho de víboras cor-de-rosa e alaranjadas também, prontas a injectar veneno em tudo que mexa contra os interesses instalados.
Claro que ninguém acredita em "secretas", em "sabotagem" política, em "tratantada" laranja ... ninguém ... São todos uns santinhos e os outros são uns maldizentes que vêem fantasmas ... Daqui por 50 anos, quando já formos pó, alguém virá recontar esta história.
É evidente, que a vitória da Drª Manuela Ferreira Leite iria tirar o sono, os tachos e o tapete a toda essa gente que vai continuar a manipular-nos (a mim, não!) e desgraçar o que ainda resta desta "porra" de País.
Mas anda para aí muito masoquista. Gostam de sofrer, nem que seja para ver sofrer o vizinho, que detesta!

Alves Pimenta disse...

Ninguém foge ao que é a sua natureza.
Fátima Campos Ferreira é uma lambe-botas do poder, este ou qualquer outro. Como o são Judite de Sousa Seara e José Alberto Carvalho.
Todos juntos (eles e muitos outros), vão continuar a tentar embrutecer os portugueses, com o dinheiro destes mesmos.

Anónimo disse...

Este "pugrama de enformação" continua um achado... Já nem me lembrava que existis. Mas por acusa do post fui ao rtp.pt cuscuvilhar.

O pessoal da "comunicação" presente não desmereceu... Nenhum deles disse nada que fizesse sentido (têm medo de quê?). Muito gaguejo, muita troca de palavras, má fluência de discurso. E ainda diziam que a MFL era pouco fluente...

Uma vergonha para todos, em especial para os lacaios Marcelino e Fatinha, acompanhados à distância pelo Baldaia. Compreende-se: a RTP é do governo, é do peiésse, ea TSF e o DN são dos amigos oliveirinhas...

PC

Garganta Funda... disse...

É curioso saber que passaram o tempo a falar no caso das "escutas" e todos os jornalistas não falaram nos casos Freeport, Casa Pia, Cova da Beira, Universidade Independente, Licenciatura de Sócrates,etc,etc.

Tudo manobras-de-diversão para iludir a palonçada...

Jornalistas vendidos e manipulados pelos poderes vigentes!

Anónimo disse...

O prós e contras é um dos programas mais contestados da RTP. O Provedor da RTP recebe milhares de queixas sobre o comportamento da pivot, da sua impreparação e falta de imparcialidade. Mas como bom pau mandado, não ata nem desata. E todas as semanas lá temos de gramar (e pagar) mais uma porcaria que não interessa a ninguém.

Unknown disse...

Eduardo Cintra Torres, mais um exemplo do jornalista "isento"...A notícia do DN teve uma fonte política (grande novidade...). A notícia do Público foi um grande trabalho de investigação jornalística como veio a comprovar-se...