29.10.09

CARA OU COROA

Corria o ano de 2001. O homem era deputado da mesma seita que governava então e que governa agora como se nunca tivesse deixado de governar. Tinha saído do comité Guterres empurrado por Sampaio a quem nunca perdoou. Estávamos numa sala da zona nova do parlamento e o assunto era a "fundação para a prevenção e segurança". Havia um inquérito sobre a utilização de uma quinta em Loures. Seria para o SEF? Seria para a dita "fundação"? Eu perguntava e Vara - era de Armando Vara que se tratava - respondia. Às tantas irritou-se e perguntou-me se não andava a perder tempo. Melhor faria, disse ele, ir investigar a aquisição do prédio onde acabou por se instalar a Inspecção-Geral da Administração Interna e o então GEPI (que tratava das instalações e equipamentos do MAI então dirigido por António Morais, um já então famoso professor de um estabelecimento dito de ensino superior entretanto encerrado). Vara já tinha sido politicamente responsabilizado pela criação da "fundação"- escrevi isso num relatório que o Expresso haveria de chamar à primeira página com um título que nada tinha a ver com conteúdo daquele ("inquérito responsabiliza Vara" quando, na verdade, as declarações posteriores de Morais é que "responsabilizaram" Vara num curioso exercício de "passa ao outro e não ao mesmo") - e, à minha proposta de um processo disciplinar ao então director do GEPI, Morais, os costumes disseram "arquive-se". Mas Vara lá seguiu o seu caminho. Do balcão da CGD de Vinhais a administrador da dita e do BCP. Independentemente do que penso de Vara, se me perguntassem se é verosímil um tipo destes "sujar-se" por dez mil euros, diria que não.

13 comentários:

Alves Pimenta disse...

Pois.
Mas também é sabido que, para certos videirinhos, tudo o que vier é ganho.
Quando não se teve berço, então...

Cáustico disse...

Esta corja até se suja por muito menos. O dinheiro é tão "lindo" e possibilita tanta coisa!
Foi por causa da entrada deste socialista de merda na administração do BCP que retirei a minha conta desta instituição de crédito.
Protesto, mas também actuo.

caozito disse...

Não será mais do que uma 'ramificação' da tão badalada "campanha negra".

Atolados no sistema que nos é, obrigatóriamente, imposto, já nem Jesus Cristo nos pode valer.

Anónimo disse...

10 mil vezes quanto e por quantas vezes?

grão a grão...

JCL

Anónimo disse...

Caro João Gonçalves. Acha que este sujeito não se suja por 10 mil euros!?

Mas porquê? Acha que o preço dele é mais alto?

Joaquim Costa

horacio disse...

Parece que a comunicação social quer abafar a gripe Vara pela gripe A. Será??

Sardanisca disse...

E quando se tem berço,D.Alves Pimenta,como é que são as coisas?
Diga lá Vexa.

Anónimo disse...

Tão (in)verosímil quanto uma carreira inverosímil.

Carlos Sério disse...

A Sovenco, criada em 1990, era uma Sociedade de Venda de Combustíveis. A sua constituição: Armando Vara, Fátima Felgueiras, José Sócrates, Virgílio de Sousa.
Armando Vara - condenado a 4 anos de prisão (pena suspensa)
Fátima Felgueiras – condenada a 3 anos e três meses de prisão (pena suspensa)
Virgílio de Sousa - condenado a prisão por um processo de corrupção no Centro de Exames de Condução de Tábua
(Blog Sonhos perdidos 11.02.05)

Armando Vara, quando era secretário de Estado adjunto do ministro da Administração Interna, recorreu ao director-geral do GEPI (Gabinete de Estudos e Planeamento de Instalações do MAI) e a engenheiros que dele dependiam para projectar a moradia que construiu perto de Montemor-o--Novo.Para fazer as obras serviu-se de uma empresa e de um grupo ao qual o GEPI adjudicava muitos dos seus concursos públicos.Com 3500 contos (17.500 euros) o actual administrador da Caixa Geral de Depósitos e licenciado pela Universidade Independente tornou-se dono, em 1998, de 13.700 m2 situados junto a Fazendas de Cortiços, a três quilómetros de Montemor-o-Novo. Em Março de 1999 requereu à câmara o licenciamento da ampliação e alteração da velha casa ali existente.
Onde a história perde a banalidade é quando se vê quem projectou e construiu a moradia. O projecto de arquitectura tem o nome de Ana Morais.
O alvará da empresa que fez a casa diz que a mesma dá pelo nome de Constrope.A arquitecta Ana Morais era à época casada com António José Morais, o então director do GEPI, que fora assessor de Armando Vara entre Novembro de 1995 e Março de 1996. Nessa altura, recorde-se, foi nomeado director do GEPI por Armando Vara - cargo em que se manteve até Junho de 2002 - e era professor de quatro das cinco disciplinas que deram a José Sócrates o título de licenciado em Engenharia pela UnI. A Constrope era uma firma de construção civil sediada em Belmonte, que também trabalhava para o GEPI e tinha entre os seus responsáveis um empresário da Covilhã, Carlos Manuel Santos Silva, então administrador da Conegil - uma empresa do grupo HLC que veio a falir e à qual o GEPI adjudicou dezenas de obras no tempo de Morais.
(Publico 20.04.07)

Lura do Grilo disse...

O salto à vara é, na minha opinião, um desporto muito perigoso.

Anónimo disse...

O que é mais curioso no meio disto tudo, é que estes factos, os quais já não são novidade por cá, só vieram a público depois das eleições.

Fica-nos pois a curiosidade!

A

Rui

Ps. Apenas para apreciador(es):
Scriabin Nocturne

Anónimo disse...

A ocasião faz o ladrão – não foi sempre assim? E a oportunidade define a escala. Era uma vez a honestidade.
Cumprimentos,

Carla Jané

javali disse...

O JG está a partir do princípio de que ele estava "limpo" e que se iria sujar com esta. Meu amigo...