14.7.07

MEMÓRIAS DE SARAIVA


Nos seus livrinhos semanais de "memórias", José Hermano Saraiva vai ajustando contas com a petite histoire. Neste 5º exemplar, Saraiva já deixou de ser ministro da Educação - meteórico, audaz, agitado, diferente - e passou a nosso embaixador no Brasil onde o "25" o apanhou. Como se sabe, foi substituido por esse socialista tardio chamado Veiga Simão, na altura uma "jovem" promessa do "marcelismo" cuja passagem por Moçambique acabou por o aproximar desse todo-o-terreno deste regime, o ancião Almeida Santos. Tanto assim que, enquanto Saraiva foi expeditamente demitido das suas funções no Brasil depois da "abrilada", Simão seguiu imediatamente para Nova Iorque como embaixador do novo regime na ONU. Finalmente, Guterres repescou-o para ministro da Defesa de onde saiu, sem honra nem glória, depois de alguém lhe ter "puxado o tapete" com os "espiões" militares. Estava, ao fim de trinta anos, "vingada" a esperteza luso-moçambicana deste físico que tanto se gabava da sua formação anglo-saxónica. Também se recorda neste número a figura - sempre apresentada na opinião que se publica como sinistra e venal - do Almirante Henrique Tenreiro, afinal um menino de coro ao pé dos arrivistas posteriores a actuais dos nossos partidos "democráticos". Mas o período mais curioso é o dedicado a esse herói do anti-salazarismo e "grande português" (por acaso, no programa da D. Elisa foi "defendido" por esse mito jurídico-político do sistema, o dr. Júdice, mandatário de Costa para a Câmara e do governo para o rio Tejo), Aristides de Sousa Mendes. "O salvamento dos 30000 refugiados deu-se ao mesmo tempo que o cônsul de Portugal em Bordéus, em cumplicidade com dois funcionários da PIDE, falsificava algumas centenas de vistos, que vendia por bom preço a emigrantes com dinheiro. Um dos que utilizavam esta via supôs que todos os outros vieram do mesmo modo - e assim nasceu a versão, hoje oficialmente consagrada, de que a operação de salvamento se deve ao cônsul de Bordéus, Aristides de Sousa Mendes. Este, muito afecto ao Estado Novo, nem sequer foi demitido, mas sim colocado na situação de aguardar aposentação. Os seus cúmplices da PIDE foram julgados, condenados e demitidos". Aprende-se muito com os velhinhos.

José Hermano Saraiva, Como íamos dizendo, memórias, confidências e lembranças, Álbum de Memórias, 6ª Década (Anos 70) I Parte: Em Brasília), pág. 17, Edições Sol

15 comentários:

Anónimo disse...

O Prof. José Hermano Saraiva e o Prof.Veiga Simão, ambos marcaram a minha vida na docência. O primeiro foi meu professor de História, no Liceu Passos Manuel, em idos de fins da década de 40. Marcou-me pela positiva: utilizava um método de ensino que prendia os alunos às suas aulas incutindo-nos o gosto e o orgulho por páginas da nossa História nas cinco partidas do mundo. Obrigado, Professor. O segundo foi o coveiro do ensino técnico (de que fui professor com muita saudade) em nome de uma "democracia" que transformou o país num armazém de licenciados a quem bem se aplica o desabafo do falecido Francisco Sousa Tavares (cito de memória): "Dantes Portugal era um país de analfabetos; agora um país de burros diplomados".Muito daquilo que se passa no actual e caótico ensino se fica a dever à Reforma Veiga Simão feita em cima dos joelhos em nome de uma democratização cuja mediocratização está à vista de toda a gente: certas licenciaturas não valem dez reis de mel coado. E as que valem o pote de mel completo promovem o desemprego, tantas vezes! Desobrigado, Prof. Veiga Simão!

Anónimo disse...

JHS dedica-se actualmente a vender minutos de televisão em monólogos miserabilistas sem qualquer rigor histórico ou científico. Mas... será verdadeira esta versão da acção de Aristides Sousa Mendes?
Preocupante...

Anónimo disse...

Espanta-me, ( talvez não ) que "eles", não tenham capacidade de entender-assimilar ) as verdades citadas.

Anónimo disse...

Sol/JHS
A não perder.
A desafiar-me para escrever uma pequena memória género trovas do vento que passa.
Considerando a nossa experiência do tempo em que os animais falavam, antigo regime, e as últimas notícias da nova Pátria lusitana,
"O regresso dos bufos"

Mar Arável disse...

JOSE HERMANO SARAIVA - POIS - COMO SE A MEMÓRIA FOSSE MERCADO COM POUCO RIGOR HISTÓRICO.O POPULISMO
ESBRACEJANTE E A MÍMICA ESPETACULAR PARECEM - MAS NÃO SÃO -
COISA SÉRIA MAS VENDEM.PARA ALGUNS APRENDE-SE MUITO COM ESTES ILUSTRES VELHINHOS.CADA UM TEM OS SEUS.OREMOS.

Anónimo disse...

Se bem me lembro, creio que foi J. Lacan que se referiu à Verdade nestes termos :
- «C'est une chienne qui ne nous rattrappe que par derrière».

Anónimo disse...

O Prof. JHS é um desmistificador de lendas, historiador singular, jurista competente e Homem de uma só convicção.
Uma vez mais serve a Pátria, desmascarando, nas suas “Memórias”, a baixeza humana que está por de trás de alguns “vultos”.
R.A.I.

marinheiro de aguadoce disse...

Finalmente, a verdade!
Diz-me meu pai, 79 anos, cultíssimo, que o aristides era um "putanheiro" e bêbado que vendia os vistos para financiar a sua vidaça. Morreu pobre porque quando acabou a mama, continuou a mesma vidaça. Quem o demitiu foi o próprio irmão, ministro dos negócios estrangeiros, que lhe tinha arranjado o tacho.
Um crápula.

escória-porco disse...

Como só comprei o Sol no sábado, já não havia nenhum exemplar do opúsculo de JHS. A "minha" tabacaria ficou de mo encomendar. Quanto à versão da intervenção do Sousa Mendas no caso refugiados judeus, vai dar que falar. A única coisa que sempre me espantou no episódio foi esta: Se Salazar era tão mau como os "democratas" o pintam porque é que não deu ordens para impedir a entrada dos portadores de visto de Bordéus? Obviamente que estas pessoas foram salvas, não por S.Mendes (quanto muito uma peça do puzzle), mas pelo então Presidente do Conselho, embora sem publicidade, para não hostilizar a Alemanha. Aliás, durante a sua permanência em Portugal foram excepcionalmente bem tratados. Acham que isso seria possível sem o acordo de Salazar? A História da Diplomacia é um assunto complexo, que por vezes, interessa a alguns ser "simplificado" ou "reorientado".
Lisboa acordou com algumas núvens. É mesmo um dia com um certo ar NULO.

Anónimo disse...

O que José Hermano Saraiva escreveu a propósito do cônsul de Bordéus não constitui surpresa para quem conheça minimamente o discreto mas importantíssimo papel que o Portugal do grande Estadista desempenhou na História da Segunda Guerra Mundial. Só Júdice e os seus amigos da esquerda moderna, de par com os judeus, é que teimam em pôr cá fora moeda falsa, naturalmente a troco de moedihas verdadeiras e bem sonantes que a sinagoga distribui generosamente pelos que contam as histórias que eles querem e gostam de ouvir, e que tão empenhadamente vêem escrevendo desde 1945. A arte da vitimização é, tal como em Mendes, a arte em que eles todos são mestres incontestáveis e incontestados.

Anónimo disse...

Dar o mérito a Salazar pelo salvamento dos judeus de bordéus é patético. Típicas historietas de neo-salazaristas que pretendem canonizar o professor de Santa Caomba. Como Se JHS não fosse um lírico (e perigoso, já que teve a ideia de acabar com o ISCPU) que por vezes debitas algumas verdades. Como se a história de Mendes não tivesse sido suficientemente escondida por décadas. Quando muito houve os habituais emolumentos, dispensados a partir das segundas leva de gente. Acreditar que a verdade está em Saraiva é fazer pouco dela.

Anónimo disse...

Subscrevo:

http://impensavel.blogspot.com/2007/07/o-folhetim-desta-semana-da-curiosa-auto.html

Alfredo Costa

Anónimo disse...

Deixei aqui há pouco um comentário anónimo sobre a Obra diplomática do Dr. Saraiva. Não foi publicada por a não ter visto ainda, por distracção, ou por chamar a atenção sobre as amargas vicissitudes que o pobre Dr. Saraiva sofreu no seu posto diplomático?
Será que foi por isso? Era agradável ainda poder sorrir hoje.

Anónimo disse...

A versão de H.Saraiva sobre Sousa Mendes é totalmente falsa e revela que Saraiva não tem escrúpulos ao inventar tal mentira. O processo verdadeiro de Sousa Mendes existe no MNE vejam.no

Anónimo disse...

Seria interessante observar os factos!! a nossa história não é de esquerda nem de direita, é a nossa história!

No artigo do HJS:
- ele refere passaportes falsos, ora em lado algum eu li isso, mas sim "vistos"
- refere que o Consul não podia ter transportado 40.00 de comboio, ora , nunca li em lado nenhum que ele tenha promovido qualquer tipo de transporte.
- refere que o caso não foi investigado, o que discordo e refere a sua fonte, que são conversas com dois ex-pides !

jose soares ferreira