12.11.03

POR QUEM OS SINOS DOBRAM

Um dos dois oficiais de ligação da GNR presentes no Iraque, escapou por um triz ao atentado de Nassíria. Dentro de algumas horas, devem chegar os homens e mulheres da GNR que vão participar nas acções de patrulha e policiamento locais. Ontem, Durão Barroso foi despedir-se deles, um a um, e trocou algumas palavras de circunstância. É óbvio que houve uma terrível coincidência entre esta anunciada chegada portuguesa ao Iraque e o atentado contra as instalações onde supostamente se acondicionariam os soldados da Guarda. As principais vítimas foram italianas. No contexto, podiam ter sido portuguesas. O cowboy do Texas e os seus apressados aliados apenas conseguiram afastar Saddam, sem o eliminar. Não enxergam nada da guerrilha que diariamente massacra americanos e europeus. E muito menos conseguirão, até por não saberem como, "administrar" aquele vasto território e aqueles milhões de almas que os rejeitam, clara e violentamente. No Iraque reina o caos, um caos mortífero e sem rosto, e é para patrulhar esse caos que os portugueses foram enviados. Ao apertar cada mão dos cento e tal soldados da GNR, D. Barroso estava a colocar em cada uma delas um pouco do seu destino como governante. Esta aventura mal calculada e desnecessária pode sair-lhe bem cara. Oxalá regressem todos e íntegros. Até aqui, tinhamo-nos limitado a "olhar o sofrimento dos outros". Porém, o País que assiste amorfo, no seu "quentinho" longínquo, à lenta carnificina diária no Iraque, deverá sobressaltar-se se os mortos forem seus. E aí os sinos poderão dobrar prematuramente por Durão Barroso.

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