10.12.10

NÃO HÁ NOVA AD



«O 30º aniversário das trágicas mortes de Sá Carneiro, Amaro da Costa e acompanhantes suscitou a ideia de restauração de uma nova Aliança Democrática que retomasse a inspiração daquela peculiar coligação de partidos, movimentos e personalidades, mais rica de projectos no seu início, em 1979, do que no seu fim, às mãos frágeis das autárquicas em Dezembro de 1982. Mas nada de semelhante se vê no horizonte. A nostalgia da sigla deve-se à liderança de Sá Carneiro e ao facto de o Estado estar na altura bem apetrechado para responder aos desafios exteriores colocados à sociedade portuguesa pelo choque petrolífero e pela inflação. Existiam, então, os instrumentos para o Estado ter um papel estratégico e não apenas defensivo: o poder político democrático sobrepunha-se aos outros poderes, inclusive ao económico, sem arrogância nem atropelo; o sistema bancário, se bem que pecasse pela excessiva estatização, garantia às empresas o crédito propício à produção de bens transaccionáveis; o Banco de Portugal ainda não se reduzira a um gabinete de estudos.Sobretudo, havia a esperança num projecto europeu de progresso que agora se está a desfazer. Os tempos são outros. A coligação entre o PSD e o CDS, que governou o país entre 2003 e 2005 sem resultados práticos, está longe de ser a nova AD.» (Medeiros Ferreira, CM)

Nota: Concordo com Medeiros Ferreira (como se isso importasse alguma coisa ou como se a minha opinião valesse alguma coisa). A experiência intercalar da "direita" entre Guterres e Sócrates não foi feliz. Para além disso, deu-se uma falsa renovação desse pessoal político. Aliás, da banda do CDS, são exactamente os mesmos encabeçados pelo dirigente partidário há mais anos em funções, o crónico do "eu fico". O PSD de Passos ainda não passou do limbo e, à volta dele, rondam figurinhas, com ou sem estilo, salvo raras excepções, que não auguram nada de especial quando não mesmo o pior. O regime, cativo da mediocridade das nomenclaturas partidárias, do Bloco ao CDS, está paralisado. E não se vislumbram movimentos regeneradores ou reformadores que rompam com isso a partir dos partidos parlamentares ou a seguir a qualquer acto eleitoral, a começar pelo de 23 de Janeiro próximo. O episódio César - na sua mesquinhez regionalista autoritária que Sócrates, chefe do governo nacional, se limita a "lamentar" - é apenas mais um sintoma daquela mediocridade. Gostava de ler qualquer coisa do Medeiros Ferreira sobre isto.

1 comentário:

Garganta Funda... disse...

Nunca um Governo da AD chegou ao fim....e em 1983, depois da bancarrota «Balsemão&Salgueiro», o FMI teve que aterrar na Portela...

Ainda me lembro que muitos dos que agora tecem rasgados elogios ao recentemente falecido Prof.Ernâni Lopes foram os mesmos que disseram cobras e lagartos deste bravo Ministro de Finanças e até apressaram a queda do «bloco central».

Quem se der ao trabalho de visitar virtualmente uma certa Comissão de Honra ficará espantado como os tempos mudam com tanta violência.