8.12.10

O SENHOR QUE SABE MUITO


«Esta é a prova dos nove, os nossos alunos sabem mais», diz, muito contentinho, o 1º ministro ao Público. Sócrates pertence àquela trupe de políticos que exploram até ao tutano um "evento", uma estatística, uma décima, uma coluna num jornal, um número em mil. A semana passada tinha falhado a bola mundial. Por consequência, precisava de um "sinal". Agarrou-se a este "quadro" e lançou o foguetório. Todavia, se explorarmos devidamente o "quadro", o que é que ele nos diz? A média de pontos da OCDE para avaliar os níveis de literacia dos alunos de 15 anos em leitura, matemática e ciências oscila entre 493 e 501 pontos (1ª linha). Em apenas um dos índices considerados (o da coluna 4, relativo à capacidade para avaliar e reflectir acerca do que é lido), Portugal surge ligeiramente à frente da média: 496/494. Mesmo assim, e segundo os critérios da OCDE enunciados no topo do quadro, os dois pontos nem sequer são estatisticamente relevantes. Tal como o não são aqueles em que surge abaixo da dita (deve ser aqui que reside a alegria socrática), todos os restantes salvo quatro em sete (ou seja, em que é estatiscamente significativo estar abaixo da média da OCDE), a saber, na capacidade de aceder aos textos e de pesquisar neles, de interpretar coerentemente, a matemática e a ciência. Do derradeiro relatório para este, de 2009, houve "progressos"? Houve mas nada que justifique o provinciano deslumbramento. Ainda há dias, Sócrates, na América Latina (onde é que havia de ser?), defendeu junto da viúva Kirschner as vantagens "pedagógicas" (?) do Magalhães. Que não haja equívocos. A única "ideia" de Sócrates para a educação e para a qualificação é pintar escolas, oferecer computadores e "abrir" a banda larga. A escola, enquanto lugar privilegiado de aprendizagem e de indução de método e disciplina, desapareceu. Se a OCDE ainda consegue apresentar estes magros dados, aos professores portugueses seguramente os deve e nunca à política errática, disparatada e demagógica alimentada por Sócrates em relação à educação em cinco anos. «Os nossos alunos sabem mais?» Não, senhor 1º ministro. O senhor é que sabe muito.

22 comentários:

M. Abrantes disse...

Uma pergunta que era importante fazer, é a seguinte: foi para isto (ficarmos abaixo da média europeia, em praticamente todos os indicadores), que se investiu tanto na educação?

Era muito importante obter uma resposta. A obtenção duma resposta necessitaria, no entanto, que soubéssemos quais os objectivos do governo para as performances dos alunos. Perceberíamos então, consultando os resultados dos PISA, se tínhamos ficado aquém ou além.

A mim parece-me, apesar de alguma evolução, que continuamos mais ou menos na mesma.

Anónimo disse...

Acho que já nem isso; tratar-se-á apenas do exercício feirante, pandilha e burlão - ao qual sócrates não consegue fugir - e que é o único suporte de uma existência esquizóide.

Ass.: Besta Imunda

antónio chuchado disse...

Com as devidas desculpas ao Dr. João: "O senhor é que sabe muito" bem enganar o Zé Povinho e alguns.

Para os outros, os restantes, o senhor é um grande aldrabão vaidoso e, por isso, lhe chamo 'pavão de S. Bento'.

Por fora, algo de elegante, por dentro ... nada de importante.

antónio chuchado

Unknown disse...

Um povo que ascende semelhante cavalgadura a "primeiro-ministro" já se auto -classificou...

floribundus disse...

nesta republiqueta da 'sopa dos pobnres'
os alunos e as estatísticas tiraram cursos dominicais.

estou longe de ser o único a ficar confrangido ao ver o rectângulo representado por este tipo de escumalha politica.

só por comiseração o suporto
'bemaventurados os pobres de espirito'

Anónimo disse...

E já se começa a ver a "sinistra ministra" ser elevada aos píncaros e logo por um jornal que eu compro desde o primeiro número mas talvez estaje na altura de deixar de comprar.

Anónimo disse...

Este "ralatório" está a pôr em causa, de mim para "comim", a minha sanidade mental...

Não tive tempo nem pachorra para investigar os critérios e a metodologia da OCDE, mas desconfio que o que se pretende nada tem a ver com as "conclusões" do pessoalzinho da comunicação e do energúmeno do costume.

Alinho com o JG, excepto nas duas últimas frases. Tratar por "senhor" um bandalho como o dito cujo é simplesmente lamentável!... "Shame on you" por tsso, João.

PC

Anónimo disse...

Dúvidas...

- os alunos que estão agora nos cursos profissionais ou nos currículos alternativos tipo CEF também participaram no estudo?

- quem definiu a matéria que seria abordada nos exames?

- qual foi o tipo de amostragem utilizado?

- a dificuldade das provas de 2009 foi comparada com a de anos anteriores?

Anónimo disse...

Chamar "senhor que sabe muito" a este soba janota, é um insulto a quem realmente queimou as pestanas durante vários anos.
Este cavalheiro quando muito será um dos muitos chicos espertos que o 25/4 pariu, para mal dos nossos pecados.
Senhor, é aquele que se esfalfa no dia-a-dia para dar condições de sobrevivência a toda a sua família, ás vezes, ou quase sempre, com muitos sacrifícios.
Este semi-produto da política e pantomineiro profissional, devia ter vergonha ao ter retirado o abono de família a milhares de pessoas, regalia esta, instituída pela ditadura.
É uma vergonha e um ultraje que os portugueses nunca lhe perdoarão.
Cps
S.G.

Eduardo Freitas disse...

Parafraseando (ou citando, já não sei bem) Sócrates é um artista. Um grande e verdadeiro artista.

MJP disse...

A amostragem é feita por percentagens. Se havia 5% de alunos de 15 anos no 7º, 5% no 8º e 10% no 9ºano, na amostra Pisa esta percentagem tinha que lá estar. Sem chumbos, ficámos com percentagens irrisórias nos 7º e 8º anos e muito menores no 9º logo foi fácil eliminar os níveis muito baixos que eram os desses alunos. Os rankings de escolas fazem o resto: os muito fracos numa escola seriam sabichões noutras.

Mani Pulite disse...

MAS ALGUÉM PODE ACREDITAR NOS RELATÓRIOS DE UMA TAL OCDE CONTROLADA POR UM CERTO GURRIA DO PRI MEXICANO E DE OUTRAS COISAS E PELO ENVIADO ESPECIAL DO SÓCRETINISMO FERRÓCRATES,O GRANDE MENTIROSO?

Anónimo disse...

Com um sem numero de alunos a não chumbar, nem ficarem retidos, num ensino promotor de doutores. Façam os cursos profissionalizantes e como os antigos comerciais e industriais.

Anónimo disse...

Eduardo F das 7.16. Essa do artista remete para um post anterior denominado "Uma Récua"?

VANGUARDISTA disse...

Hoje, a verdade é estatistica.
Ou seja , uma mentira passa a ser verdade se estiver bem colocada na estatistica.

Ana Cristina Leonardo disse...

lido aqui
http://lishbuna.blogspot.com/2010/12/estes-artigos-do-publico-sobre-os.html

Anónimo disse...

O homem sabe muito... de inglês técnico.

Carlos Medina Ribeiro disse...

A chamada «Prova dos Nove» (a que se refere Sócrates) é falível, pois uma troca entre dois algarismos (para apenas referir um exemplo) não é detectada por ela - ao contrário do que sucede com a «Prova Real».

Carrilhão de Mafra disse...

O comediante vende a banha da cobra com tanta convicção que às vezes chego até a admitir que o tipo possa mesmo acreditar na verborreia que larga pela boca fora...Que o trampolineiro além de paranóico é um grande actor no domínio da farsa e que a vender Magalhães até se safa já nós sabíamos, agora que a aldrabice dos números do nosso (in)sucesso escolar até já contamina os camónes é que dá uma nova dimensão à extensão do braço manipulador e propagandístico da personagem...Arre porra, que só pode ser maldição!...

DL disse...

Neste momento já se sabem 2 coisas:

- os alunos dos CEF's não entraram na amostra. Esses alunos são largamente conhecidos por serem os piores. Não foi por acaso que a percentagem de alunos nos níveis mais baixos de classificação diminuiu muito em relação a 2000, 2003 e 2006;
- A percentagem de escolas privadas da amostra subiu de cerca de 7% (em 2000) para cerca de 15% em (2009);

Estes dois factores, por si só, eram suficientes para fazer melhorar muito mais os resultados.

De nihilo nihil disse...

Não sei se para OCDE os nossos alunos sabem mais ou menos que a média, o que sei é que não sabem nem metade do que deviam saber. E para este testemunho não é preciso qualquer estudo ou inquérito, vivemos entre factos.

Isabel disse...

Um senhor que julgo presidir à Associação de Professores de Português veio congratular-se também. Aparentemente, graças à influência da prestimosa agremiação, os meninos sabem , de facto, ler rótulos de embalagens, regulamentos do Big Brother ou do Secret Story, que é mais actual. O que deixaram foi de ter contacto, salvo os que chegam ao 9ºano, com autores do nosso cânone. E, mesmo no Secundário,em vias de "basificação", foi abolido o estudo diacrónico da literatura.Graças a todos estes senhores, é possível um aluno licenciar-se em Letras sem saber quem foi, digamos, Alexandre Herculano(banido dos programas), muito menos ter a mais leve ideia sobre quem viveu na Idade Média, na Pré-História, ou ainda há-de chegar das Ilhas Encantadas. A quem se interessar pelo tema recomendo vivamente o livro da professora Maria do Carmo Vieira, alguém que sabe pensar contra a corrente, que conhece a realidade (triste) das nossas escolas e que, por consequência, nunca vi numa televisão a opinar.