25.12.10

O DIA DE NATAL

Aparentemente não há mais nada a dizer no dia de Natal do que contabilizar mortos e feridos na estrada, de preferência por comparação com o ano passado. Também contam as centenas de passageiros congelados em aeroportos europeus, coitadinhos, e pouco mais. O dia de hoje, porém, fundou um mundo. Pouco importa que esse mundo esteja a desaparecer precisamente, entre outros sítios, nos corredores aeroportuários onde os tontos saltam de "felicidade" em "felicidade" até ao descalabro final. Mas porque está a desaparecer é que ele brilha mais - forte, seguro e firme. A pergunta que fazemos a nós próprios - meu Deus, por que me abandonaste? - instaurou-se desde o primeiro momento, no silêncio e na simplicidade da gruta e das palhas. E este momento que fundou um mundo só terá sentido nos dias de agora se se mantiver o diálogo, essa tensão que salva, muito para lá do agora. O dia de Natal é o começo da passsagem que termina na Cruz, na morte e na ressurreição. É a história de uma vida renovada quotidianamente na inquietação e na esperança contra toda a esperança. Não há outra.

6 comentários:

joshua disse...

Só as virgens prudentes entram no repouso: com as almotolias repletas do azeite do amor.

Anónimo disse...

Havia de haver um exercício simples que eu pudesse fazer, para tirar a claro se sou ou se não sou Crente. À medida que os anos passam pareço andar numa espécie de limbo, que entretanto me dizem ter desaparecido dos cânones católicos. Prefiro Deus na sua forma insuperável do Universo e sem prejuízo da Mensagem Cristã.

Anónimo disse...

Caro João,

Sim, uma vida renovada para quem tem Fé, para quem não tem será uma tragédia cada dia que passa - neurose colectiva. Este "episódio" anual chamado de Natal para todos, mas que para alguns é apenas consumir, consmir num delírio que escapa. E não é que escapa mesmo!...
Hoje na minha zona há menos carros na rua. Estarão todos a ruminar como os hervíveros?
Pelo menos há menos barulho na rua e mais silêncio que bem preciso é.
Aceite que lhe envie um abraço,
José Genesius

Anónimo disse...

Mas agora detenha-se um pouco no nascimento. Há nele mistério suficiente. Não corra para o Calvário que às vezes - sei que não é o seu caso - é um pouco desejo de «acção dramática». Façamos da contempação de um nascimento, do monótono, vulgar e banal, o antídoto para essas «exaltações de Hollywood».
Bom Natal!

observador disse...

Pode também acrescentar à mensagem que um trabalhador não é um custo para uma empresa, mas sim alguém a que vai a uma empresa executar um trabalho, pelo qual é remunerado, que permite à Empresa obter mais valias, fornecendo bens á sociedade.

Como São José carpinteiro de profissão ...

Algo que os ditos mercados tendem a esquecer..

Um Bom e Santo Natal para todos.

Cáustico disse...

Se já houve em tempos remotos um verdadeiro espírito de Natal, não o sei dizer. O que me tem mostrado a mentalidade, o comportamento da maior parte das gentes nos dois últimos séculos, o vigésimo em que vivi a maior parte da minha vida, e o vigésimo-primeiro que decorre, é um alheamento quase completo da verdade natalícia que é subjugada pela preocupação frenética das compras e da mesa farta, as mais das vezes até com o supérfluo.