18.6.09

REQUIEM

José Calvário: «Passou da música clássica para o jazz e para o pop antes de se ficar na chamada ‘música ligeira’. É daí que o conhecemos melhor, de canções que ficaram na memória da rádio, como ‘E Depois do Adeus’, ‘Festa da Vida’ ou ‘Flor Sem Tempo’ – não foi apenas um dos maiores compositores do século XX português, mas serviu sobretudo composições de outros, cumprindo o destino daquilo que a música ligeira chama "arranjador", que requer humildade, talento e disciplina. De uma maneira ou outra, toda a música ligeira lhe deve uma vénia. E mais do que isso, uma homenagem ao homem que soube traduzir ‘música nova’ em ‘música nossa’. Sem ele, os sons portugueses dos anos 70 e 80 seriam perigosamente maus. Com ele, uma parte do nacional cançonetismo foi derrotada.» (Francisco José Viegas, Correio da Manhã). Chegou a compor músicas para o PSD no tempo de Cavaco Silva. Dentro da "ligeira", era do melhor. Pace.
Carlos Candal: O socialista-mor de Aveiro. Irreverente, brutal, impiedoso. Quase nunca tinha razão a não ser aquela que advém de, por vezes, dizer coisas certas por linhas erradas e coisas erradas por linhas ainda mais erradas. O final "socrático" foi perfeitamente desnecessário. Em 1995, ele, Pacheco Pereira e Paulo Portas foram as "estrelas" da campanha das legislativas desse ano, justamente em Aveiro. Pacheco ganhou e, quando Portas foi eleito, Candal proferiu a frase da noite: «parabéns à prima». Que descanse em paz.

8 comentários:

Anónimo disse...

Paulo Portas!!? Paulo Portas é um Anjo que desceu à terra para nos trazer a Verdade, a Revelação, o Amor ao próximo, a Concórdia.
Paulo Portas é portador duma mensagem de Paz e de Harmonia. É um ser superior, sempre na procura do que é Justo, um ser duma grande bonomia, duma compreensão demiúrgica, duma serenidade como que sobrenatural.
De Paulo Portas emana uma grande superioridade na sua ampla e complexa relação com o Mundo, uma incomensurável ternura pelos outros seres pobremente inferiores que o rodeiam. Todos cabem no seu amor superiormente desinteressado, grandiosamente generoso.
Bem hajas Paulo Portas pela tua grandeza, pela tua generosa compreensão do Todo, pela tua reconfortante bondade.
Abençoado sejas por todo o Bem que fizeste pelo Próximo e por todos nós, portugueses.
Que Deus te conceda a permanência de todas as qualidades que de ti tão humildemente emanam.

angelo ochoa disse...

João Gonçalves, vai para uns dez anos, ouvi, na R.R., entrevista a Maestro e Compositor José Calvário, e, motivado por declarações suas sobre «intérpretes» seus, como reflexo da nossa triste condição, e da nossa triste tristeza, escrevi, embora divertido, amargurado, quanto segue:

Selectas bocas ouvem
até descortinarem a última anedota.
Tarde e a más horas entram a estúdio os porreiros artistas.
Após triviais palmadinhas em costas camaradas,
ao maestro a mandam.

Não era uma anedota, que quereiria lhe enviar, e a José do outro lado da vida, agora, mas enfim...
Cada qual dá o que pode.
(Ângelo Ochoa)

CS disse...

Desculpe-me mas o maus gosto que exala da forma como opta por se referir a Carlos Candal, merece o meu repúdio. Na hora da morte não há inimigos.
Tinha que lhe dizer isto.

caozito disse...

Por motivos profissionais, privei, durante algum tempo e antes de 74. com o dr. Candal.

Algumas vezes, tive de 'enfrentar' a sua agressiva frontalidade, a sua desporporcionada arrogância e um estilo de 'certa' superioridade, atributos que completavam a sua personalidade que, confesso, não admirava.

E foi com aquele estilo e maneira de estar que, com alguns "históricos" (?) ajudou a fundar o partido socialista.

Nunca mudou de estilo e sempre conservou os predicados atrás mencionados.

Não sei se fez "escola"; contudo, por vezes, as intervenções do seu herdeiro na AR, lembram-me o dr. Carlos Candal na sua 'elegante forma verbal'.

Presentemente, assistimos a uma mudança do estilo do Zezito que, há bem pouco tempo, falava ao povo como César de Roma falava aos plebeus e hoje parece um mendigo a rogar 'misericórdia'.

Carlos Candal faleceu com o 'seu' estilo e, portanto, coerente com o seu carácter, a sua personalidade: merece, também por isso, admiração e respeito.

Enquanto isso, outros ...

angelo ochoa disse...

A FIM DE QUE MELHOR ENTENDAM MEU COMMENT A ESTE POST DE ONTEM LHES DIREI QUE NA REFERIDA ENTREVISTA JOSÉ CALVÁRIO SE QUEIXAVA DA FALTA DE BRIO DE SEUS MÚSICOS E ELE NÃO ERA DADO A BRINCAR EM SERVIÇO... A PERFEIÇÃO E SUA BUSCA, QUE TEM POR LIMITE O BOM DEUS E SUA PLENITUDE, NÃO SE COMPADECE COM AMADORISMOS MEDÍOCRES E MUITO MENOS COM FALTA DE ZÊLO E DE SENTIDO DE RESPONSABILIDADE NO QUE SE FAZ. ENTENDÊSSEMOS NÓS ISSO, E NÃO NADÁVAMOS NA BAGUNÇA E NO DESENRASCA E NO CONIVENTE COMPADRIO DE TODOS OS DIAS, EM TODAS AS ÁREAS DA NOSSA PÚBLICA VIDA!

Anónimo disse...

Fica-se parvo a ler tal post. Nem percebi bem o tom absolutamente vazio, pobre e mesquinho. Concorde-se ou não com Carlos Candal, ele foi, à sua maneira,um homem que contribuiu para que a livre expressão circule sem amarras, e que bloggers desta natureza se exprimam.
Tenho para mim que o post é o corolário do título deste blog: a demonstração exacta de indivíduos liliputianos que bóiam em espuma de escórias neste PORTUGAL DOS PEQUENINOS.

Anónimo disse...

boas

já li alguma coisa sobre um insulto ao Paulo Portas, mas não percebi "o parabéns à prima"...isso é que foi o insulto? desculpem a minha ignorância política...

Porfirio Silva disse...

Carlos Candal foi um homem e um político genuíno. Não chegou mais longe no generalato porque sempre foi livre: disse o que pensou e fez só o que fazia por gosto, nunca por contrapartidas. Não era fácil estar a jeito, porque podíamos sempre ser o alvo do seu humor sem barreiras. Mas os que andavam perto dele pela coisa pública, e não pelas prebendas, nunca se deram mal com isso. Os inquisidores da moral pública, que os julgavam pelos títulos dos jornais (que ele não escrevia), condenam-no pelas medidas que conhecem.