15.5.07

NÃO É FÁCIL DIZER BEM- 17

"O exemplo do ditador provinciano que admira o estilo de um romancista e conhece poemas de cor é a versão lusa dos comandantes dos campos de concentração que ouviam música clássica à noite, na companhia das respectivas famílias, após mais um dia ocupado com a execução da barbárie. Quanto aos escritores que se comovem com o elogio de um ditador, eles não são excepção, nem caso raro, porque a arte, ao contrário do que parecem pensar os que a idolatram, não afasta ninguém dos piores defeitos da humanidade.". Esta bojarda consta do Da Literatura que não é só Eduardo Pitta, agora, por habituação rosa, "costista". João Paulo Sousa parte da interessante entrevista de Eduardo Lourenço à Pública de domingo para, em duas linhas, malhar no Doutor Salazar, no Aquilino Ribeiro e no Torga, qualquer deles tão "provinciano" como ele. Mais valia destacar o que Lourenço diz na entrevista sobre a racaille literata nacional, sobre Ratzinger ou, mesmo, sobre Salazar. É por estes e por outros que, ao ouvir por vezes o termo "cultura", puxo o autoclismo.

1 comentário:

joshua disse...

O Eduardo Pitta quer provocar-te. Por isso dobra muito bem o vime dos argumentos, forçando-os de tal maneira que, no fim, não passa tal trabalho palavral de um cestinho para flores desonestas de cor rosa. Aqui "cultura" é só mesmo um servicinho oral, embora escrito, e uma agenda subserviente ao dictat governativo vigente.

Ainda bem que, no meio de tanto favorzinho róseo-opinativo, alguma coisa se aproveita-Pitta!