19.5.07

O TEMPO DAS CEREJAS - 2

Quando a violência da primavera voltar
acolhe o que resta das visões
e o espírito voga aquém da alma.
Não sei o que dirão de mim.
Eu quis amar e não pude.


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Pouso no papel deste poema, a minha boca
na tua boca e os beijos não existem,
nem sequer ao vento uma leve cortina
que esvoace. Nada, rapace, nada sente
essa boca distante, a tua boca,
o peso de algodão da pena de uma ave,
lábios, língua, dentes, saliva.
Por quanto tempo ainda, noite em noite,
irei pela cidade sem beijar, sem
de verdade beijar em qualquer boca
essa fome que não beijei, a tua.


Joaquim Manuel Magalhães

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