26.5.07

A BUSCA DA FELICIDADE


Kierkegaard contempla três estados para a nossa vida: o estado erótico, o estado ético e o estado religioso, por esta ordem. Devo andar entre o segundo e o terceiro. "The pursuit of happiness" é um velho objectivo, pessoal e colectivo. Por exemplo, Gore Vidal, logo nas primeiras páginas do primeiro livro de memórias, a propósito de uma paixão funesta (a única), explica por que nos devemos contentar com "satisfying lesser states, fragments" em vez de passar a vida a marrar em muros. "Where there is no desire or pursuit, there is no wholeness", diz o autor sem pingo de melancolia. Paciência. Em "Inventing a Nation", sobre os EUA, Vidal conta a história dos "founding fathers" que, na Declaração de Independência, colocaram "a busca da felicidade" entre os grandiosos propósitos da nova nação. Haverá povo mais contentinho, gorducho e satisfeito consigo mesmo que o americano? Nós por cá "dissertamos" sobre a felicidade e supomos, now and then, que somos felizes. Por isso, talvez valha a pena dar um salto à Culturgest, em Lisboa, entre o dia 31 e Maio e 2 de Junho. Nem todos os nomes são "apetecíveis". O tema é.

2 comentários:

Anónimo disse...

O nosso estado como povo é definido por Mário Sá-Carneiro , no seu poema "Quase".

Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além
Para atingir, faltou-me um golpe de asa ...
Se ao menos eu permanecesse aquém ...

Assombro ou paz ? Em vão ... Tudo esvaído
Num grande mar enganador d´espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho - ó dor ! - quasi vivido ...


Quasi o amor, quase o triunfo e a chama,
Quasi o princípio e o fim - quasi a expansão ...
Mas na minh´alma tudo se derrama ...
Entanto nada foi só ilusão !

De tudo houve um começo ... e tudo errou ...
- Ai a dor de ser-quasi, dor sem fim ...
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se elançou mas não voou ...

Momentos de alma que desbaratei ...
Templos aonde nunca pus um altar ...
Rios que perdi sem os levar ao mar ...
Ânsias que foram mas que não fixei ...

Se me vagueio, encontro só indícios ...
Ogivas para o sol - vejo-as cerradas;
E mãos d' heroi, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios ...

Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí ...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi ...


Um pouco mais de sol - e fora brasa,
Um pouco mais de azul - e fora além.
Para atingir faltou-me um golpe d´asa ...
Se ao menos eu permanecesse aquém ...

Anónimo disse...

em busca da felicidade...vários artigos inundaram os jornais deste fim de semana, sobre a receita da felicidade, a fórmula de ser feliz...momentos apeteciveis...