15.1.10

PORTUGAL CONTEMPORÂNEO


«Desde 1820 que Portugal sempre viveu na iminência de uma morte lenta. A quem anda nervoso, aconselho a leitura de um livro bastante instrutivo, publicado em 1871, de um tal sr. Ferreira Lobo, e que se chama apropriadamente As Confissões dos Ministros de Portugal (1832 a 1871). Em 180 páginas, esses ministros "confessam" três coisas. Primeira que no ano anterior o défice cresceu e se fizeram novas dívidas (algumas delas ruinosas) no mercado interno e no estrangeiro, mas que no ano corrente o governo espera, se não anular, reduzir significativamente o défice e a dívida. Segunda, os ministros declaram que o país "não comporta mais tributos", excepto, como é óbvio, os necessários para "aliviar" os males da Pátria. E, terceira, os ministros prometem "introduzir" em definitivo "princípios de ordem e regularidade" no Orçamento. Perante este descalabro, que de resto continuou até Salazar, havia uma regra: a regra de que era "uma indesculpável cobardia desesperar da salvação". O que não impedia uma certa angústia. Conforme o dia e o acaso, o défice e a dívida oscilavam entre ser e não ser "assustadores" - e, às vezes, chegavam mesmo a ser um abismo "inevitável" ou "insondável". A confiança nos "recursos" de Portugal variava de época para época e o medo dos "resultados fatais" da desordem financeira nunca verdadeiramente desapareceu. Claro que, de quando em quando, Portugal falia ou roçava a falência. Só que não acabava. Ou, se quiserem, acabou às mãos de Salazar.»

Vasco Pulido Valente. Público

5 comentários:

Anónimo disse...

É de facto um País unico, repleto de particularidades, entre as quais, o estar disponível para a construção de uma linha de TGV para dar praia aos espanhóis.

A

Rui

Unknown disse...

O último parágrafo, o último parágrafo...
Vindo de quem vem , só pode ser provocação.

fado alexandrino. disse...

Jacinto disse...

O que acabou às mãos de Salazar foi o descalabro e a anarquia.
Pena que não tenha sabido sair no tempo certo.

Anónimo disse...

«Desde 1820 que Portugal sempre viveu...»
Até que chegou à banca-rota. Em 1892.
Para quando o primeiro ciclo de desenvolvimento depois disso?
Década de sessenta/adesão à EFTA no século XX.
O empréstimo conseguido em 1902, acabou de ser pago em 2001.
Podemos continuar.
JB

Anónimo disse...

A continuar como nestes últimos anos creio que acabaremos às/nas mãos duns amigos europeus. Eles já devem ter a visita agendada e a receita pronta a aviar.

MRM