19.3.10

ABENÇOADAS SEJAM TODAS AS PUTAS DO CÉU E DA TERRA


«Anoitecera. Eu falava de Morandi como exemplo de uma arte poética que, apesar da desmaterialização dos objectos e da aura de silêncio que os imobilizava na sua natureza, não se desvincula nunca da realidade mais comum e fremente, quando alguém me interrompeu: - Eu conheci-o, era intratável, vivia em Bolonha com duas irmãs, quase só saía de casa para ir às putas. - Está bem, volvi eu, se ele precisava disso para depois pintar como Vermeer e Chardin, abençoadas sejam todas as putas do céu e da terra. Amém.»

Eugénio de Andrade

2 comentários:

radical livre disse...

suponho que seja Giorgio, cujo museu visitei em Bolonha.
ainda era vivo quando estudava e estagiava em Roma (1958-9).
vi algumas das suas naturezas mortas de que por vezes me recordo quando cozinho ou ponho a mesa (na minha juventude a minha avó dizia "estender a toalha")

Anónimo disse...

O Eugénio de Andrade teve também numa parte da sua vida, um período "desgraçado". Estou a referir-me à condição humana. Isso terá também feito dele um HOMEM. Também teve a provação do sofrimento e do AMOR que dedicou à sua mãe e a todas as mulheres na sua POESIA - A SUA RELIGIÂO.