16.3.10

AMOR E MELANCOLIA


Pouca gente em Portugal sabe falar de literatura. O facto de tantos tagarelas e de tantos prosélitos julgarem que dela falam - nos jornais, nas revistas e mesmo nas academias - não faz de nenhum deles crítico literário. Quando muito, faz ter dó deles e, como escreveu Sena noutro contexto, um burro nasce burro e ao fim de vinte anos não é cavalo. Vítor M. Aguiar e Silva é dos poucos vivos que é crítico verdadeiro. Foi distinguido com um prémio (que leva o nome de Eduardo Prado Coelho) pelo livro da foto. Jorge de Sena foi outro que tal e, porque era engenheiro de formação e não era "correcto", teve de ir lá para fora fazê-la e ensiná-la. Este livro é a leitura de um camonista por outro camonista - se é que tal coisa existe e não apenas Camões. Se tivesse tempo e engenho, escreveria de bom grado a biografia literária de Sena. Para já, este ensaio é já uma boa lembrança de quem vida só a teve, como o outro, em pedaços repartida.

1 comentário:

radical livre /floribundus disse...

a melancolia é, principalmente, a dor da existência.
adoro o carpem diem, o hino constante à alegria porque tepus fugit.

o que mais me chocou numa exposição da obra de Edvard Munch foi a constância da melancolia. apreciei "a melancolia da partida" de Giorgio de Chirico

os primeiro profissionais gregos da arte de curar pensavam que muios dos estados de alma dependiam dos humores e que a melancolia estava liugada ao fígado

assino floribundus por nasci na primavera e brevemente ouviremos cantar o cuco