6.2.09

"UM BISPO"


«Quem leu o cardeal Ratzinger não ficou com certeza espantado com a "reabilitação" do grupo de "integristas" do cardeal Lefèbvre, hoje Fraternidade Sacerdotal São Pio X (FSSPX). Ratzinger, que entrou no Concílio Vaticano II como um renovador, saiu como o principal apologista da tradição e, muito principalmente, da tradição litúrgica, que o interessara desde pequeno e a que atribuía uma importância essencial na Igreja Romana. Nada de espantar num católico bávaro, minoritário num país luterano e, ainda por cima, educado (e perseguido) durante o III Reich. Em certos pontos, Ratzinger nunca esteve muito longe de Lefèbvre, como, por exemplo, na avaliação das "seitas" protestantes, que nem um, nem outro consideravam Igrejas no sentido próprio da palavra.Levantando a excomunhão à FSSPX, o Papa não fez mais do que corrigir o que ele sempre achou um excesso do Vaticano II. Já autorizara a missa em latim, já se pronunciara sobre a "inferioridade" intrínseca da herança moderna da Reforma, receber os "cismáticos" de Lefèbvre não passava de uma consequência. Infelizmente, no meio dos quatro bispos da FSSPX estava um "negacionista", o bispo Richard Williamson, que não foi identificado a tempo ou foi considerado inócuo ou desculpável. Isto, como é óbvio, provocou um escândalo. Williamson dissera várias vezes que não tinham existido campos de extermínio e que nos campos de concentração (coisa distinta) só tinham morrido 300.000 judeus (presumivelmente por métodos benévolos como a fome, a doença, a execução e a tortura). Convém agora explicar (para quem não saiba) que o "negacionismo" não é parte de uma polémica histórica: historicamente, não há menor dúvida que houve campos de extermínio, onde a SS assassinou entre quatro e cinco milhões de judeus. O "negacionismo" é uma pura tentativa de reabilitar Hitler e o nazismo; e uma tentativa que, pela sua natureza, implica um extremo fanatismo. Talvez se possa discutir se, numa sociedade democrática, o "negacionismo" deve ou não deve ser criminalmente punido. Mas não se pode discutir se um "negacionista" deve ou não deve ser bispo da Igreja Católica Apostólica Romana, sob pena de retirar qualquer espécie de autoridade moral à referida Igreja. Não basta obrigar; como o Vaticano obrigou, o sr. Williamson a pedir desculpa. Se o Papa não afastar o sr. Williamson diminui sem remédio o seu pontificado.»

Vasco Pulido Valente, Público

10 comentários:

Anónimo disse...

Excelente texto,conciso e preciso,do melhor VPV. Republicando-o e aparentemente dando-lhe o seu beneplácito,o autor do blog sobe o nivel habitual dos textos e comentários emitidos,e até sobe na minha consideração(que é o que menos importa). Deve trazer-lhe alguns comentários negativos dos insignificantes mas barulhentos simpatizantes com os exterminadores. Não se preocupe. O Vasco de hoje está ao nivel dos seus bons excertos musicais.

Anónimo disse...

A ideologia do "politicamente correcto" tem como dogma não ofender os judeus em circunstância alguma, inclusivé na tragédia ocorrida durante o III Reich.

Duma forma claramente manipuladora
metem história, politica e fé no mesmo saco.

Os católicos estão proibidos de negar as atrocidades de que os judeus foram alvo, mas os judeus não estão proibidos de negar o que fazem diáriamente a uma população indefesa, encurralada e que para comer pão e beber água têm que pedir autorização aos capos sionistas.

O Vaticano já pediu desculpa aos judeus em nome de todos os católicos por todas as malfeitorias feitas aos judeus.

Quando é que os Judeus e Grande Rabinato vão pedir desculpa aos outros povos por muita pulhice milenar?

Por acaso os judeus já pediram desculpa por os seus antepassados terem condenado e apedrejado Jesus Cristo, o Deus Vivo dos católicos?

Nesta coisa de povos e nações confirma-se a máxima de George Orwell: há uns que são mais iguais do que outros.

O Vaticano e o Papa estiverem bem e a liberdade deve ser salvaguardada para todos, judeus e não-judeus.

Tenho dito.

Anónimo disse...

Eu bem dizia... Já agora gostava de saber se é só pelo "politicamente correcto" que não se ofendem os judeus pelo que se passou no III Reich? Foram os judeus que se auto-incineraram,e por isso devem ser culpabilizados? Notáveis "raciocínios". Claro que o Holocausto não desculpa os erros,que são muitos,de Israel. Mas um crime não pode ser desculpado com outro.

Anónimo disse...

Há uma população encurralada e que para comer pão e beber água tem que pedir autorização aos capos sionistas, porque quer, porque aceita o comportamento dos homens do Hamas, porque é incapaz de se opor às atitudes belicistas deles, se é que as não deseja mesmo.

Anónimo disse...

Diz VPV
Convém agora explicar (para quem não saiba) que o "negacionismo" não é parte de uma polémica histórica: historicamente, não há menor dúvida que houve campos de extermínio, onde a SS assassinou entre quatro e cinco milhões de judeus. O "negacionismo" é uma pura tentativa de reabilitar Hitler e o nazismo; e uma tentativa que, pela sua natureza, implica um extremo fanatismo.

Historicamente, contrariamente ao que diz VPV, existem muitas duvidas fundamentadas sobre qual foi a real extensão do Holocausto. Aproximadamente quantos judeus terão morrido no Holocausto? Este é um aspecto da historia da segunda guerra mundial que está muito longe de estar definitivamente esclarecido. As sucessivas revisões do numeros de vitimas do holocausto que têm vindo ,ao longo dos anos, a ser feitas têm apontado no sentido de uma redução progressiva do numero de vitimas presumiveis. Hoje o numero de seis milhões de vitimas, que foi durante muitos anos quase unanimemente referido, já não é, penso eu, referido por ninguem. O proprio VPV tambem já não fala nos seis milhões de mortos, referindo antes um numero situado entre os 4 e os 5 milhões. Se VPV falasse publicamente num numero de mortos entre 4 a 5 milhões, há uns anos atrás,como agora fez, só isso já faria dele não um negacionista do holocausto mas um reducionista do holocausto.
Actualmente os chamados reducionistas do holocausto, não negando a sua existencia, falam em numeros situados entre um e dois milhões de mortos.

Nuno Castelo-Branco disse...

Se alguém tem dúvidas -alimentadas pela imprensa "câncista" do momento - acerca do pensamento do cardeal Ratzinger, sugiro a leitura daquilo que andou anos a escrever. Não existe actualmente ninguém "à esquerda" que se lhe compare, nem de longe.

Anónimo disse...

Tudo começou com os crimes no BCP, já há cerca de 10 anos e depois houve contágio nestes últimos anos...
Não se percebe de tudo o que se passa no Millennium Bcp, mas percebe-se bem a tentativa desta Administração em ocultar a anterior pelos seguintes sinais ;
- Não desencadeou nenhuma medida judicial cautelar relativamente ao património dos antigos Administradores (ao contrário por exemplo do que está a ser feito no BPN/SLN), como ainda o que é verdadeiramente escandaloso é que está a pagar a sua defesa jurídica ; - pagou largos milhões de euros a Francisco Lacerda, António Rodrigues e Castro Henriques- jamais o deveria ter feito, devia aguardar o terminus das investigações para pagar fosse o que fosse , até porque relativamente a (pelo menos) dois deles afinal o credor será o BANCO...
- Por último e o que considero mais gritante relativamente a membros da Alta Direcção que são constituídos arguidos , não só não os suspende(como deveria fazer), se uma funcionário do Banco BCP comete um ilícito bem menor e que não lesa o Banco em milhões de euros é imediatamente suspenso até ao terminus do processo disciplinar como é o Banco(melhor os accionistas ) que está a custear os larguíssimos milhares de euros que custa a sua defesa jurídica...
Veja-se o exemplo que o BCP está a fazer no sistema bancário Português! Lógico será escusado dizer que o BdP também tem culpa...
Extorquia e tira saldos das contas das vítimas (clientes) silenciadas e indefesas, dando seguimento para o Banco de Portugal, como sendo dívida incobrável (CRC) por parte do cliente.
Assim desta forma criminosa por parte do BCP, o cliente fica cadastrado no BdP para toda a sua vida ou até pagar a dívida de incumprimento ao BdP...
E assim jamais poderá fazer qualquer movimento bancário em seu nome! Os responsáveis continuam intocáveis e ainda gozam com as vítimas...
bcpcrime.blogspot.com

Anónimo disse...

Eztraordinário! Para o anónimo das 8,05, afinal não foram 6 milhões de judeus que morreram no holocausato mas talvez uns 3 ou 4 milhões. Extraordinária esta contabilidade! Ou 300.000 como afirma o bispo integrista. Apenas números.Parece que não estamos a falar de seres humanos mas de formigas. Razão tem o VPV quando afirma que independentemente dos números, o referido bispo não pode ser desculpado sob pena da igreja ver o seu poder ainda mais fragilizado. Não tenhamos dúvidas que este Papa não trará saudades a ninguém ao contrário do seu antecessor.

Diogo disse...

«Convém agora explicar (para quem não saiba) que o "negacionismo" não é parte de uma polémica histórica: historicamente, não há menor dúvida que houve campos de extermínio, onde a SS assassinou entre quatro e cinco milhões de judeus.»


Onde é que você foi buscar essas certezas Gonçalves?

Anónimo disse...

Com a "história" se enganam os papalvos...O que a história me mostra é que nas democracias francesa, alemã e inglesa é proibido contestar a tal verdade "histórica", dá prisão! Estão tão certos que a tornaram numa lei...
Zé Costa