14.2.09

DIA DE SÃO VALENTIM


Este dia dedicado ao comércio e aos tolinhos, suscita-me apenas as seguintes frases de Marguerite Duras:

"As histórias de amor é com outros que as vive, nós não precisamos disso."

India Song

"Vous y allez tout droit à la solitude. Moi,non, j'ai les livres."


C'est tout

«Um dia, já eu era velha, um homem dirigiu-se-me à entrada de um lugar público. Deu-se a conhecer e disse-me: - «Conheço-a desde sempre. Toda a gente diz que você era bonita quando era nova, vim dizer-lhe que, para mim, acho-a mais bonita agora do que quando era jovem, gostava menos do seu rosto de mulher jovem do que daquele que tem agora, devastado.»

"Muito cedo na minha vida foi tarde de mais."

"Nunca escrevi, julgando escrever, nunca amei, julgando amar, nunca fiz mais do que esperar diante da grande porta vazia."

L'Amant

Adenda: O leitor "Ariel Sharon Tate" recordou uma escritora discreta mas nem por isso menos interessante, Carson McCullers, em "A Balada do Café Triste" (tradução na "Relógio D' Água"), um pequeno grande livrinho:

«Em primeiro lugar, [o amor] é uma experiência a dois, mas isso não quer dizer que seja a mesma coisa para cada um. Há o que ama e o que é amado, e estes dois eram diferentes como o dia da noite. Muitas vezes o amado é apenas um estímulo para todo o amor acumulado, durante muito tempo e até àquele momento, pelo amante. De algum modo, cada amante sabe que é assim. Sente no seu íntimo que o seu amor é solitário. Depois, conhece uma nova e estranha solidão, que o faz sofrer ainda mais. De maneira que só lhe resta fazer uma coisa. Deve abrigar dentro de si, o melhor que puder, esse amor; deve criar um mundo só seu, intenso e único. (...) Portanto, o valor e qualidade do amor é decidido apenas pelo próprio amante. É por esta razão que muitos preferem amar a ser amados. Quase toda a gente quer ser o amante. E a verdade nua e crua é esta: no íntimo, o facto de ser amado é intolerável para muita gente. O amado teme e odeia o amante, e pela melhor das razões. O amante quer sempre mais intensamente ao seu amado, ainda que isso lhe cause somente dor.»

3 comentários:

ana disse...

a etiqueta é: NADA; devia ser QUASE TUDO

Aladdin Sane disse...

Sobre o amor, escreveu Carson McCullers (em "A Balada do Café Triste"):

"Em primeiro lugar, [o amor] é uma experiência a dois, mas isso não quer dizer que seja a mesma coisa para cada um. Há o que ama e o que é amado, e estes dois eram diferentes como o dia da noite. Muitas vezes o amado é apenas um estímulo para todo o amor acumulado, durante muito tempo e até àquele momento, pelo amante. De algum modo, cada amante sabe que é assim. Sente no seu íntimo que o seu amor é solitário. Depois, conhece uma nova e estranha solidão, que o faz sofrer ainda mais. De maneira que só lhe resta fazer uma coisa. Deve abrigar dentro de si, o melhor que puder, esse amor; deve criar um mundo só seu, intenso e único.

(e, alguns parágrafos adiante)

Portanto, o valor e qualidade do amor é decidido apenas pelo próprio amante. É por esta razão que muitos preferem amar a ser amados. Quase toda a gente quer ser o amante. E a verdade nua e crua é esta: no íntimo, o facto de ser amado é intolerável para muita gente. O amado teme e odeia o amante, e pela melhor das razões. O amante quer sempre mais intensamente ao seu amado, ainda que isso lhe cause somente dor."

Leia-se o post completoaqui.

Anónimo disse...

"Chapeau",dr. Gonçalves, dificilmente haverá maneira mais lúcida e amarga de comemorar estas parvoíces valentinicas. Não o sabia adepto da Duras,é a primeira vez que vejo na nossa pacóvia blogosfera citar a "India Song",um dos mais belos filmes existentes. Despeço-me,para acabar a noite,evocando "son nom de Venise dans Calcutta désert."