12.2.09

PORTUGAL OU O ASSÉDIO MORAL PERMANENTE


«Sócrates não é Salazar: tem atrás de si 30.000 comensais e micro-carreiristas. Sócrates não é Salazar, pois esse tinha, para bem e para mal, uma visão do mundo, do ordenamento social e das constantes do complexo geopolítico português. Sócrates é, positivamente, o gestor de um regime que nada pode mudar, pois que vive apenas virado para dentro e para a satisfação do apetite de uma parentela extensa de devoristas incapazes da menor assunção daquilo que é o interesse nacional. Com esta gente por mais vinte anos no poder não estaremos, por volta de 2027, 50 anos atrasados em relação à Europa: estaremos 70 !»

«Conheço verdadeiras cavalgaduras alcandoradas por razões que a razão desconhece; conheço pessoas limitadíssimas, quando não mal formadas, quase patológicas, que foram singrando até lugares que exigem grande competência. Conheço, finalmente, pessoas honestíssimas que voltaram costas e se deixaram arrastar pelos acontecimentos, conhecedoras da inutilidade da crítica, do comentário ou do mais pequeno reparo. É decepcionante que um país tão pobre como Portugal continue a promover a mediocridade e atire borda-fora a única riqueza que o poderia retirar do miserável estado de estagnação em que vegetamos. Não que os outros sejam excelentes; nós é que somos maus, nos tornamos azedos e cínicos quando nos damos conta do modus operandi do jogo social português.»

Miguel Castelo-Branco. Combustões

6 comentários:

Portaria59 disse...

Gostava de convidar o autor deste blogue assim como os seus leitores a visitarem o blogue: http://portaria-59.blogspot.com/

Anónimo disse...

«a mediocridade é imbatível» albert Einstein

radical livre

Anónimo disse...

Comparar Salazar a Sócrates é a mesma coisa que comparar um Ferrari a um Fiat 600.

No tempo do Salazar o proto-engenheiro não passaria dum "apontador" da Junta Nacional das Estradas...

Hoje em dia, e "a contrário" da teoria da evolução das espécies, qualquer símio pode ascender ao poder...

Buriti disse...

"A uma esquina, vadios em farrapos fumavam; e na esquina defronte, na Havanesa, fumavam também outros vadios, de sobrecasaca, politicando.
- Isto é horrível, quando se vem de fora! - exclamou Carlos. - Não é a cidade, é a gente. Uma gente feiíssima, encardida, molenga, reles, amarelada, acabrunhada!..."

Eça de Queirós, Os Maias, 1888

Anónimo disse...

«nos tornamos azedos e cínicos»
Se não abriram O Jumento, hoje com uma crónica sobre o sucesso em Portugal, não vejam.
Dá vómitos.
JB

Anónimo disse...

E donde sairam tais aberrações? Do povo. Desse povo que J.V.Fialho de Almeida retratava assim em 1908«Povo? Não há povo. A turba acéfala, alternadamente feroz e sentimental(tarada em todo o caso), que em Portugal faz as vezes de povo, é uma força de inércia sem a menor consciência de si própria, e que no estado de bestialidade africana em que jaz, tão cedo pode ter papel na marcha do país, restando-lhe continuar a ser explorada por caciques, ou levada para o mal por papagaios de comício.»
E papagaios de bom gorgeio e acentuada aldrabice não faltam.