«A solidariedade não se liga e desliga de quatro em quatro anos. Coisa que manifestamente o dr. Santos Silva não percebeu. Em resposta a Edmundo Pedro, essa personagem declarou que não a preocupavam “minudências” e recusava, como bom zelota, a “autoflagelação”. E, num arranque de oratória, confessou: “Eu cá gosto é de malhar na direita” – sendo neste caso a direita “conservadora” e “reaccionária” a de origem “plebeia” (o PC) e a “chique” (o Bloco). A linguagem do sr. ministro é, como explicou Alegre com razão e repugnância, “o discurso estalinista por excelência”. O que não admira num antigo trotskista, admirador de Otelo e Pintasilgo. Mas convém lembrar que ele encarna e simboliza um método e um regime que não se limitam a sufocar o PS, sufocam Portugal. O medo e o desinteresse, infelizmente, alastraram.»
Vasco Pulido Valente, Público
Vasco Pulido Valente, Público
«A aflição do Governo e do PS no caso Freeport já leva ao desespero, que se traduz na violência dos seus porta-vozes contra a liberdade de imprensa. É o que anda a fazer, em pressões intoleráveis e estalinistas, o ministro Santos Silva, e fez, num programa de rádio, o deputado Arons de Carvalho. O ex-ministro Correia de Campos também ajudou à missa da cabala, mas, como os outros, nunca concretizou num único exemplo as “mentiras” da imprensa. A liberdade deixa este PS furioso. No “Fripór”, a RTP andou a cumprir os mínimos. Depois, tentou fazer a gestão dos danos de Sócrates. E o último Prós e Contras, que parecia, mais uma vez, planeado até ao detalhe pelo ministro Santos Silva e pela central de propaganda, tentou encerrar o assunto. A prestação de Fátima Campos Ferreira foi de novo um enxovalho para o jornalismo. Ela chegou a dizer que em democracia não deveria haver notícias do Freeport todos os dias — quando a democracia é precisamente a possibilidade de haver notícias todos os dias. O Prós e Prós cumpre, entre outras missões governamentais, a de sugerir à opinião pública uma configuração da esfera política do tipo corporativo salazarista: nele só existe o Governo e as corporações (médicos, economistas, patrões, advogados, etc.). Não há nem partidos da oposição nem outro tipo de organizações políticas. Só o Governo e as corporações, como na Câmara Corporativa de Salazar. O Prós e Contras transformou-se num asco e a sua apresentadora representa agora o pior do jornalismo.Entretanto, o deputado irmão da apresentadora entregou na ERC uma queixa do PSD a respeito do Prós e Contras. Mas não, nada tem que ver com o conteúdo. Luís Campos Ferreira viu um grave problema… num intervalo do Prós e Prós! O intervalo foi muito grande! O intervalo prejudicou o programa da mana! O PSD, não vivendo no medo como o PS, deixa cromos como este em roda livre. Outro cromo é o “estadista” Pedro Passos Coelho. Se ele chegar a líder do PSD, será o primeiro que lá chega pela mão do PS. Já são demasiadas as vezes que a central de propaganda lhe tem proporcionado os holofotes por portas travessas (Mário Crespo, DN, conferência Economist, etc.). No dia em que a Agitprop do Governo começar a tapá-lo nos media amigos e a tentar destruí-lo, como fazem aos verdadeiros opositores, então talvez ele se consiga apresentar como possível futuro líder da oposição. Por agora, mais parece um factotum da propaganda governamental.»
Eduardo Cintra Torres, idem
4 comentários:
Muita gente que está (esteve?) contra o Estado social e corporativo, vulgo Estado Novo, só o estava porque não era quem mandava.
Tudo o que for dito contra o incomodado Santos Silva é sempre pouco. Ele é a imagem do stalinismo deste Governo que ameaça tudo e todos. Tanto Pulido Valente como Cintra Torres já mostraram que são imunes a pressões e ameças do socretismo delirante. O que posso pedir-lhes é que não desisitam de denunciar o que deve ser denunciado. Esta gente que está no poder, que recorre à mentira e à trafulhice como armas de governação, não presta. Agora temos a ameaça do SIS contra os magistrados, o que significa que vamos a caminho de Estado policial, da melhor escola soviética. Esta gente que está no poder intimida, porque está a ser apanhada e denunciada nas suas muitas vigarices.
Mas, em minha opinião, pouco mais há a comentar.
Na foto, que precede as opiniões, vêem-se, na parede, dois quadros com algo mais e carroças; em primeiro plano, um CARROCEIRO.
Engraçado... eu não vejo o carroceiro, só consigo ver muares ou equídeos a puxar a carroça, sem carroceiro definido.
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